48. In The End.

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JHENIFER.

“I tried so hard and got so far
But in the end, it doesn't even matter
I had to fall to lose it all
But in the end, it doesn't even matter.”


Sua ligação havia me feito voltar a vida. Não literalmente, porque eu não estava mesmo morta, mas me sentia como se estivesse e ele, com um pouco de palavras, me fez entender que ainda não tinha terminado. Desde que descobri a gravidez, pensei que minha vida estava terminada e que tudo que restava era o suicídio, mas daquela vez, não tive coragem de terminar com a minha vida, afinal, não era só a minha vida. Eu me perguntava como eu poderia estar grávida, se não havia sido um erro. Eu havia tomado anticoncepcional por anos, todos os dias, no mesmo horário, sem nunca esquecer. Aquilo deveria me proteger, certo? Não, claro que não. Eu era a garota mais azarada da máfia. Mamãe voltou horas depois e me encontrou sentada da mesma forma que deixou, sua expressão assumiu um ar preocupado e ela suspirou, deixando a bandeja na cama ao meu lado. 

— Por favor, tente comer. Eu estou implorando. — Ela pediu com as mãos em meu rosto. Me levantei da cama, fazendo suas mãos caírem, e peguei o exame dentro da minha bolsa. 

Eu tinha trunfo, afinal. Nem mesmo meu pai deixaria uma mulher grávida presa dentro do quarto. Entreguei o papel para mamãe sem dizer nada e ela pegou confusa. 

Mamãe caiu sentada na cama, olhos arregalados e a boca aberta. O papel suas mãos tremia. Ela soltou um barulho esganiçado do fundo da garganta, lágrimas começando a despontar. Talvez tivesse sido uma péssima ideia, talvez eu perdesse uma das únicas pessoas que ainda estavam do meu lado. Mamãe se levantou e me abraçou apertado, um abraço que nunca tinha recebido dela. Comecei a chorar também. 

— Oh, meu Deus. Você vai ter um bebê. Um bebê. — Ela chorou no meu ouvido. — Jhenifer, querida… Oh, Deus. 

— Você não está com raiva? — Sussurrei em seu ouvido. Ela riu ao mesmo tempo que fungava. 

— Como um bebê, uma criatura inocente e perfeita pode me deixar com raiva? — Ela se afastou mantendo as mãos em meus ombros. — Precisamos ir ao médico. 

— Mas papai… — Eu comecei a tremer quando uma nova onda de esperança me tomou. 

— Seu pai vai entender que você precisa de tratamento médico nessa condição sensível. — Minha mãe disse com total convicção. 

— Lorenzo precisa saber… 

— Não agora. Eu o conheço. Se Lorenzo desconfiar disso, ele vai pegar um avião e parar aqui. E aí sim Thomaz vai perder a paciência. — Mamãe suspirou. — Tente comer, querida. Você precisa cuidar do bebê, por favor. 

— Desde que você descobriu sobre Lorenzo e eu… Você mudou. Está mais carinhosa, mais gentil… 

Mamãe abriu um sorriso cansado. 

— Antes eu precisava proteger apenas Devon de Thomaz, agora também preciso proteger você. 

— Eu nunca tinha visto o lado cruel dele… 

— Ele não é cruel, querida. Sim, fora dessa casa ele é, aqui dentro ele tenta fazer o melhor por todos nós. Mas… Ele é um homem da máfia, endurecido, forjado no sangue. É difícil conciliar e Thomaz tem muita coisa dentro dele. — Mamãe suspirou parecendo extremamente cansada e passou uma mexa de cabelo ruivo para trás da orelha. — Mas ele ama você. Ele só está decepcionado e irritado, mas vai passar. 

Será que passaria? 

Horas mais tarde eu tive a resposta da minha pergunta. Estava na cozinha pegando algo para comer quando ele me encontrou, seu rosto firme e sério, sem nenhuma emoção. Eu nunca senti tanto medo na vida quanto naquele momento. Sempre havia sido irresponsável com minha própria vida, sem um pingo de autopreservação, mas agora que eu carregava um bebê no ventre, eu senti me medo real. 

CINZAS - Saga Inevitável: Segunda Geração. Where stories live. Discover now