45. Mercy.

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LORENZO.

“Consuming all the air inside my lungs
Ripping all the skin from off my bones
I'm prepared to sacrifice my life
I would gladly do it twice”


Era a terceira vez que eu acordava de uma sedação em menos de quatro dias. A primeira vez quando acordei no hospital depois de consertarem meu nariz (de que forma? Não sei) depois eu fiquei irritado de novo e fui sedado. Agora, estava acordando em casa, depois de ter sido sedado por tio Nino para me recuperar. 

Se eu levasse outra injeção calmante, eu ia acordar para matar alguém. Meu rosto estava tão inchado que eu podia sentir sem nem mesmo tocar, dificultando minha visão. Minha língua estava doendo; em algum momento eu a cortei ao ponto de precisar de pontos, segundo tio Nino. 

— Não tente se levantar. — A voz de meu pai soou atrás de mim. Me virei sentindo a cabeça girar pelo movimento. 

— Não vou ficar deitado aqui. 

— Você vai. — Meu pai afirmou sem nenhuma expressão no rosto. — Ou eu vou te algemar e depois de sedar pelo resto da semana. 

— Você não faria isso. 

Papai tirou do bolso um par de algemas metálicas. Arregalei os olhos. 

— Eu vou fazer. 

Como o covarde que era, voltei a me deitar na cama. 

— Onde está Jhenifer? Como ela está? — Perguntei porque, afinal, era a única forma de saber sobre ela. E tudo que eu queria era saber sobre ela. 

Meu pai me encarou como se não pudesse acreditar que eu estava fazendo tal pergunta. 

— Eu não poderia saber, já que New York está incomunicável desde o acontecido. — Papai disse calmamente, sua expressão voltando a ser um vazio completo. 

— Eu preciso saber como ela está. — O desespero em minha voz era nítido. Nico Parisi se sentou na cadeira de frente para a cama e cruzou a perna sobre o joelho. 

— Precisa, é? — Ele sorriu sem humor. — Você se importa? 

— É claro que eu me importo! — O grito fez todo meu rosto doer e eu caí para trás com um gemido. 

— Sério? Não parece. Se você se importasse com Jhenifer, você não teria transado com ela. — Eu levantei a cabeça para ter certeza de que estava ouvindo aquilo. O tom carregado por sarcasmo me pegou desprevenido. — Ou se você se importasse com sua família, com a Camorra. 

— Você não sabe o que está dizendo. — Sussurrei energicamente, já que elevar a voz me trazia dor. — Eu amo a Jhenifer. 

— E por isso você destruiu a vida dela? — Ele perguntou com desgosto. — Forma interessante de demonstrar amor. 

— Eu sei que você está chateado…

— CHATEADO? — Meu pai gritou se colocando de pé num rompante. Se um olhar pudesse matar, ele com certeza teria me matado naquele momento. — Você destruiu a porra da nossa família! Você agiu como um moleque, um aproveitador! Você fodeu sua própria prima, sangue do seu sangue! Você acabou com a aliança entre Camorra e Cosa Nostra! 

— Pai… 

Tentei argumentar, mas sua risada sardônica me calou. Eu nunca tinha o visto tão… Cruel. 

— Thomaz estava certo. Eu criei você errado. Eu deveria ter sido mais como ele, ter feito você me temer, te educado com violência, talvez assim você pensaria duas vezes antes de destruir tudo que eu construí para você! Talvez assim você tivesse medo! 

CINZAS - Saga Inevitável: Segunda Geração. Where stories live. Discover now