39. Santo.

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LORENZO.

“Prometo te amar, até quando eu mais te odiar.”



— Nino sabe. — Eu disse assim que Jhenifer e eu ficamos a sós na mesa. A ruiva assentiu sem nenhuma surpresa. 

— Ele não vai contar. — Ela garantiu com plena convicção. 

— E porque você acha isso? 

— Porque tia Alessa sabe e ela nos apoia. Ela vai fazer a cabeça de Nino. 

Eu quase caí da cadeira ao ouvir suas palavras. Alessa sabia? Antes que eu pudesse questionar, Jhenifer continuou: 

— Ela nos viu juntos. 

— E você não me contou? — Foi difícil manter minha voz calma quando tudo que eu mais queria era gritar. 

— Eu já tinha resolvido. — A ruiva deu de ombros. — Ela lembrou do quão foi difícil temer todos os dias perder Nino e como tinha medo de seus pais. Ela entendeu.

— Quando isso aconteceu? — Perguntei tentando manter a calma, por mais que sentisse meu estômago gelar. 

— Quando você me deu um selinho antes de entrar no carro, naquele dia que saiu tarde pra encontrar seu pai. 

— Por isso você ficou estranha por dias? — Sibilei. — Você mentiu para mim! 

— Não menti! — Jhenifer exclamou aturdida. — Eu só não te disse, você não perguntou! 

— Eu perguntei várias vezes se tinha algo errado e você disse não! — Respirei fundo para controlar meu tom de voz, a raiva que se insinuava profundamente em minhas veias, algumas pessoas já estavam observando nossa discussão. 

— Você não perguntou especificamente, então não foi uma mentira! — Jhenifer ralhou com o rosto vermelho de indignação. Eu ri com escárnio. 

— Claro, se isso te ajuda a dormir melhor a noite, a gente pode fingir que você não é a porra de uma vadia mentirosa! — Eu me arrependi de chamá-la de vadia assim que a palavra pesada saiu da minha boca. 

Mas o arrependimento não durou muito, porque Jhenifer pegou uma taça cheia de mimosa e jogou o líquido em meu rosto com toda sua força. Prendi o ar por um instante, sentindo o líquido gelado ensopar meus cabelos e a camiseta. Os cubos de gelo acertarem com tudo meu rosto, as pedras geladas ferindo minha pele. Pelo canto do olho puder ver o restaurante todo parar e encarar a cena; a vergonha foi tamanha que meu rosto queimou. Tive que forçar cada célula do meu corpo a não reagir, porque por um momento que pareceu durar uma eternidade, tudo que eu queria era estapear seu rosto com toda força que eu tinha. E ela percebeu. Seus olhos que já estavam arregalados ficaram ainda mais amplos quando eu ergui a mão, mas a abaixei um segundo depois, me levantando com um barulho ruidoso. 

Segui para os elevadores com tanta raiva que meu corpo todo tremia. Naquele momento, eu me orgulhava do meu autocontrole, afinal, faltou pouco para que eu perdesse qualquer razão e honra ao bater nela. O que me assustou pra caralho foi saber que eu quase fiz aquilo, que eu quase perdi o controle e a agredi. Quando as portas se abriram, Luca e Anna estavam rindo, mas pararam quando me viram. 

— O que diabos houve com você? — Anna perguntou preocupada enquanto Luca começava a rir. 

— Você queria beber pelo nariz também? Poxa, poderia pelo menos não ter manchado a camisa e… 

Eu o segurei pela garganta e o comprimi contra a parede do elevador, firmando meu aperto em seu pescoço. 

— Continue, Luca. Continue a porra da tua gracinha! 

CINZAS - Saga Inevitável: Segunda Geração. Where stories live. Discover now