51. Way Down We Go.

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LORENZO.

“Oh, father, tell me
Do we get what we deserve?
Oh, we get what we deserve?”




Ajeitei as lapelas do terno de frente para o espelho e firmei o nó da gravata. Eu odiava vestir ternos; era uma perca de mobilidade enorme usar camisa e calça social, paletó, sapatos desconfortáveis e uma fodida gravata. Pelo menos, pude me vestir totalmente de preto, a única coisa boa naquela roupa. Penteei os cabelos para trás e respirei fundo. Havia sido uma grande batalhar fazer Thomaz permitir Jhenifer sair comigo e só aconteceu depois que eu jurei por minha honra que manteria as mãos longe dela até o casamento. Como se isso fosse necessário. Ela já estava grávida, por Deus do céu! 

— Você está lindo. — Uma suave surgiu atrás de mim e eu me virei lentamente até encontrar Anna parada na porta. Ela nunca batia, mas naquela noite não me irritei. 

— Obrigado. — Limpei a garganta. — Tudo bem? 

— Eu disse para você beija-la, não para engravida-la. — Anna censurou cruzando os braços sobre seu pijama.

Era impressionante como discutir aquilo com minha irmã me fazia ter vontade de cometer suicídio. 

— Você é muito nova para entender. — Murmurei com um suspiro pesado. — Muito nova para sequer falar sobre isso. 

— Quantos anos ela tinha quando você a beijou pela primeira vez? — Anna questionou arqueando as sobrancelhas. — Porque eu tenho certeza de que vocês já estavam juntos quando você disse que gostava dela, você só queria testar minha reação. 

As vezes eu me esquecia do quão inteligente Anna era. Muito mais do que eu, na verdade. 

— Eu não podia contar. — Admiti por fim. Já havia mentido por demais nos últimos meses. — Mas é verdade, eu queria saber sua reação, queria saber se você não me odiaria. 

— Você deveria ter contato a história completa. — Minha irmã afirmou com o rosto profundamente vermelho. — Eu jamais te julgaria. E não venha com isso de eu ser muito nova, eu sou dois anos mais nova que você. 

— Dois anos é muita coisa, Anna. Há dois anos eu não era nada como sou hoje. — Não que eu fosse melhor agora, afinal, era noivo e pai aos dezessete. — E… Eu não consegui. Por um momento eu quis contar, mas não consegui. Você poderia não me julgar, mas eu me julgava e me julgo até agora. 

— Você vai ser pai. E vai se casar com Jhenifer. — Anna riu com amargor, aquele sentimento não combinava com seu rosto angelical. — E vai me deixar aqui.

— Anna, não. Claro que não. — Meu coração pesou com a visão de suas lágrimas, aquilo doeu tanto quanto ser esfaqueado. Segurei seu rosto e beijei sua testa. As lágrimas desceram por suas bochechas vermelhas. — Não. Eu nunca vou te deixar. 

— Vai sim. Nesses últimos meses em que você estava com ela as escondidas, você já não me dava atenção. Imagine agora que vai morar com ela! — Anna fungou. — Você já me deixou. 

E por mais que eu quisesse dizer que era mentira, não era. Desde que comecei meu relacionamento com Jhenifer, dividia meu tempo entre a escola, a Camorra e ela. Mal havia visto Anna sozinha, apenas nos almoços e jantares em família. 

Parte disso não era apenas minha culpa. Estudavamos o dia todo e durante a noite, minha irmã fazia atividades extracurriculares, no entanto, antes de Jhenifer, eu conseguia ter alguns momentos com ela entre nossas rotinas apertadas. 

— Eu sinto muito. De verdade. As coisas foram muito confusas e agora são ainda mais, mas eu vou resolver tudo. Agora que minha escola acabou, eu vou ter mais tempo. — Prometi. — Não vou deixar nada me afastar de você. Nunca mais. 

CINZAS - Saga Inevitável: Segunda Geração. Where stories live. Discover now