11. Arcade.

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LORENZO

Como eu poderia ser bom se tudo que eu
havia aprendido era machucar?


Jhenifer simplesmente surtou. Eu vi quando ela fincou as unhas com tanta força nas palmas que verteu sangue, também vi o jogo olhar de desespero doloroso em seu rosto. Nem mesmo a bronca de meu pai frente aos meus amigos conseguiu tirar seu olhar de minha mente, e eu me sentia profundamente culpado, mesmo que não soubesse o que tinha acontecido de fato. Quando me encaminhei para o estacionamento após o fim das aulas, Carly me seguiu. 

— Precisamos conversar. — A garota de cabelos azuis murmurou se encostando contra a porta do meu carro. Avaliei seu rosto em busca de qualquer sinal sobre o assunto, mas tudo que vi foi a cruz tatuada em seu rosto e estremeci de nervoso. Credo.

— O que rolou? — Perguntei meio aéreo. Tudo que eu queria era ir para casa e falar com Jhenifer, entender o que tinha acontecido e talvez, só talvez, entender porque estava me sentindo tão culpado mesmo sem ter feito nada. 

— Você e Jhenifer tem alguma coisa. — Não era uma pergunta e sim uma constatação cheia de certeza. Arqueei as sobrancelhas e Carly continuou: — Notei desde o primeiro dia a forma que vocês se olham. Depois, como ela simplesmente saiu da nossa mesa e você seguia ela com os olhos para todo canto. E então, ela saiu com o pessoal noite passada e você foi buscar ela praticamente pelos cabelos. Hoje? Ela teve uma puta crise de ciúmes, eu vi na cara dela. 

— Ahn, você quer que eu diga o que? — Perguntei com uma risada debochada. — Que eu estou tendo um caso com minha prima? 

— Eu sou filha de primos. — Carly disse franzindo as sobrancelhas. — Então, não seria impossível. 

— Você conhece meu pai, Carly. Ele te salvou, pelo que posso imaginar. Sua família é totalmente diferente da minha. O que terminou em casamento para os seus pais, terminaria com a minha morte. — Outra risada, dessa vez completamente sem humor. — Não seja estúpida, eu não sou burro a esse ponto. 

— Você não me engana, Lorenzo. — Carly disse cruzando os braços. — Vocês podem até não agir sobre isso, mas estão apaixonados. 

— Assim como você está apaixonada por meu primo de quinze anos, Carly? Assim como você está transando com a porra de uma criança? — Provoquei. Eu sabia que Luca já era um homem pelos padrões da máfia; sexo e mulheres para os nossos homens eram coisas que vinham desde o começo da adolescência, mas Carly não sabia disso e ver o rosto dela se contorcer em raiva e vergonha foi ótimo, mesmo quando uma pontada de culpa me atingiu.  — Apenas não se meta na minha vida, não fale de mim ou de Jhenifer. Seus achismos, sua estupidez, poderiam acabar com a minha vida. Mas, o que eu sei sobre você e meu primo, poderia foder com vocês na mesma proporção, você quer isso, Carly? 

Não era verdade. Provavelmente tio Nino se preocuparia mais em saber se Luca estava usando camisinha do que com quem ele estava transando. 

— Você é nojento, Lorenzo. — Carly sibilou, os olhos esverdeados se enchendo de lágrimas. 

Senti mais uma onda de culpa varrer meu corpo. Eu ameaçaria e provocaria qualquer um que colocasse Jhenifer em risco, mas fazer isso com Carly, uma das minhas amigas mais antigas, foi de partir o coração. Ver suas lágrimas e sua expressão ferida, como se eu a estivesse traindo, foi um soco no estômago. Carly se afastou, saindo de perto do meu carro e de perto de mim. Seus cabelos azuis balançavam conforme ela caminhava para longe. Eu quis correr e pedir desculpas, dizer que não queria ter sido grosso, mas não podia. Se ela suspeitava de que algo estava acontecendo entre mim e Jhenifer, eu não podia deixá-la continuar a pensar sobre isso. Se eu precisasse lembrar a ela o que ela tinha a perder, eu faria. Afinal, eu faria qualquer coisa por Jhenifer. 

CINZAS - Saga Inevitável: Segunda Geração. Where stories live. Discover now