25. Blood // Water.

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LORENZO.




Todo dia era uma nova tristeza e um tsunami de culpa. Todo dia era uma espécie de felicidade misturada ao pânico. Eu amava Jhenifer, amava mesmo, mas não sabia até onde eu poderia ir com esse amor. Estar com ela ia contra todos os pensamentos racionais que um dia eu já tive, então, porque eu continuava? 





Um trago no cigarro e um gole de whisky. Trancado no quarto de hóspedes na mansão Rizzi, eu me permitia beber e matar meu pulmão com o tabaco. Ali, nada daria errado, eu não precisava me preocupar até com minha própria sombra, mas a paranóia ainda estava presente. Transtorno De Personalidade Paranóide e ansiedade haviam sido os diagnósticos; por anos tentei me convencer de que eram mentirosos, mas sentado no escuro do quarto, em segurança, eu sabia que era verdade. Nada aconteceria na casa mais segura e vigiada de New York, haviam dezenas de seguranças armados, sistemas de segurança que custavam milhões e todos os homens naquela casa tinham uma arma; no entanto, lá estava eu, me corroendo por dentro por estar bebendo porque algo poderia sair do controle e eu não teria controle total de meus reflexos e habilidades. Bebi novamente, outro gole longo que queimou minha garganta e aqueceu meu estômago. Eu não era acostumado a beber, não tinha resistência ao álcool, então com certeza logo estaria derrubado.

Alguém bateu na porta e eu encarei meu copo e o cigarro entre os dedos. Eu não tinha dezoito anos, mas era um homem da máfia desde os onze. Ninguém me puniria ou acharia estranho que eu estivesse me embebedando e fumando. 

— Entre. — Murmurei de mau humor. 

A porta se abriu lentamente e uma figura esguia entrou. Na meia luz, seus cabelos ruivos e lisos pareciam brilhar ainda mais. Eu não disse a ela, mas preferia aquele liso sedoso, por mais que ela ficasse linda de qualquer jeito. 

— Nossos pais e tios saíram para jantar. — Jhenifer disse caminhando até a cama. Quando sentiu o cheiro de cigarro, a ruiva enrugou o nariz. Dei outro longo gole no whisky. — Vim ver como você está. 

— De mau humor. — Lhe respondi dando de ombros. — Não sou uma boa companhia. 

— Você sempre é uma boa companhia. — Jhenifer discordou subindo na cama. Usando um curto vestido florido, ela parecia um fodido pecado capital. Suas mãos delicadas acariciaram meu peito quando ela me abraçou por trás e eu me senti muito feliz por não estar usando uma camisa. Dei um último trago no cigarro antes de joga-lo pela janela ao lado da cama, mas não me mexi. Jhenifer beijou meu pescoço e minha bochecha, traçando a pele do meu abdômen com a ponta dos dedos. 

— Acho melhor você sair. — Disse a ela mesmo que fosse fisicamente doloroso pensar em ficar distante de suas mãos quentes. Mas, o que eu era, senão o homem que sempre colocaria ela em primeiro lugar? — Não estou no humor de sempre. 

Jhenifer não se afastou, apenas depositou um beijo em minha nuca e se aproximou mais de mim, até seu peito estar colado em minhas costas. 

— O que isso quer dizer? — Ela perguntou baixinho. 

— Quer dizer que eu não estou afim de carinho e romance. — Acabei dizendo mais irritado do que pretendia. Jhenifer riu roucamente em minha orelha, um som baixo e extremamente excitante. 

— Talvez eu também não queira romance e carinho, tampouco. — Seu sussurro rouco arrepiou os pêlos do meu corpo. 

Sem pensar no que estava fazendo, me virei num rompante, mergulhando meu corpo em direção a ela, que desabou contra a cama sob meu peso. A ruiva arquejou quando eu a beijei, descendo minhas mãos por sua pele macia, pelo tecido do vestido. Eu queria protegê-la do mundo, trata-la como ela merecia, mas talvez, só talvez, Jhenifer quisesse o mesmo que eu. Só talvez ela também tivesse vontades e desejos. Suas unhas afiadas se enterraram em minhas costas e dessa vez não pedi que ela não me arranhasse. Aquelas marcas eu poderia esconder usando camisa pela próxima semana. 

CINZAS - Saga Inevitável: Segunda Geração. Where stories live. Discover now