27. Radioactive.

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LORENZO.



Durante o primeiro dia de aula, encantei o nada como havia feito nos últimos dias. Eu me sentia paralisado, congelado no tempo, como se nem um segundo houvesse passado desde meu último dia em New York. Os olhos cinzas daquele homem me assombravam durante dia e noite. Tudo piorava quando eu via meu pai ou tio e me lembrava da incrível semelhança que aquele homem tinha com eles. Eu deveria chamá-lo de tio, mas como um homem que tramou a própria morte e fez sua própria família chorar por quinze anos poderia ser chamado de algo tão carinhoso? Meu pai, meus tios e minhas tias, nunca haviam esquecido de Luca. Nunca passaram um dia sem lembrá-lo, sem ama-lo. E ele estava vivo. Vivo, bem. 

— Porque diabos você acha que eu não contarei isso ao meu pai? — Perguntei cruzando os braços para não sucumbir a vontade de dar um soco nele. Era melhor manter minhas mãos atadas. Luca suspirou.

— Porque eu sei que você e Jhenifer estão juntos. — Ele disse simplesmente. — Se Nico souber sobre mim, ele também vai saber sobre vocês.

— Você é louco? Ela é minha prima! — Exclamei aturdido, balançando a cabeça de um lado para o outro. A mentira saía fácil agora, quase uma segunda pele. Luca sorriu novamente e tirou do bolso o celular caro. Depois de mexer um pouco no aparelho, o loiro virou a tela para mim.

Uma foto de Jhenifer e eu nas docas. De mãos dadas. Luca passou para a foto seguinte: um selinho que trocamos. Depois, um beijo completo e por fim um abraço. O que mesmo eu tinha dito? Que poderíamos andar de mãos dadas e nos beijar naquele local porque ninguém nos veria? Quis me dar um soco na cara.

— Fora as conversas que Sadie conseguiu. Ficar na mesma rede de wi-fi que alguém lhe concede acesso ao celular da pessoa. — Luca deu de ombros, como se invadir meu celular não fosse nada demais. Não deveria ser, é claro. O homem havia forjado sua própria morte. — Lorenzo, eu não sou seu inimigo. Eu só fiz essas coisas como um salvo conduto. Para me proteger, proteger minha família. Eu jamais usaria essas coisas para te causar problemas sem algum motivo.

— Você é um fodido. — Murmurei. — Caralho, eu tenho nojo de você. O que você fez com meu pai, com meu tio Nino… Eles com certeza prefeririam que você estivesse morto caso soubessem da verdade.

Luca engoliu em seco, visivelmente abalado sob o peso das minhas palavras. Era verdade. Se eu pudesse contar a eles, eles com certeza matariam Luca com as próprias mãos. Se eles não fizessem, minha mãe faria. Ou tia Cinzia. Ou tia Alessa. Ou tia Carina.

Afinal, nenhuma das mulheres Vacchiano, perdoariam o homem que planejou sua própria morte e por puro egoísmo matou — de verdade — a matriarca da família, minha avó, mãe das minhas tias e mãe, o grande amor da vida de meu avô.

— O que você quer comigo? — Perguntei por fim. — Não é como se você pudesse voltar. Minha mãe nunca deixaria você viver, ou minhas tias. Você matou a porra da mãe delas, a minha avó.

— Eu não matei Carisma! — Luca exclamou cheio de remorso, seu rosto mostrando que ele não acreditava nisso.

— Você armou a situação que acabou com a vida dela. — O lembrei. — Poderia ter sido meu pai, ou Nino, ou minha mãe. Qualquer um. Você os colocou em risco, você foi egoísta e prepotente. Você. Matou. Carisma.

— Eu estava protegendo minha família! — Luca gritou dando um passo em minha direção. — Você faria exatamente a mesma coisa para proteger Jhenifer se ela estivesse grávida e na mira do seu pai!

— Meu pai nunca mataria uma mulher grávida!

— Então porque ele ameaçou fazê-lo?! — Luca rosnou com mais um passo em minha direção.

CINZAS - Saga Inevitável: Segunda Geração. Where stories live. Discover now