Capítulo 57- Who can we really trust?

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— Você tem nos dado muito trabalho, sabia? – Me viro devagar para conseguir ver quem é. É um homem de altura mediana, muito musculoso, suas feições são pesadas, há cicatrizes por todo o seu rosto, a que chama mais atenção é uma que pega na testa e vai até o queixo, seu cabelo é um castanho avermelhado e olhos mais escuros do que as escamas de Storm. — Perdoe a minha falta de educação. – Ele faz uma reverência. — Sou o comandante Ilyas, princesa. – Com um sorriso cínico, ele aponta para dentro da tenda, quando vou tentar puxar Daeron, ele me impede. — Esse pode deixar aí, só você, anda.

Meu tio está estirado no chão, sangrando muito, sua respiração parece estar muito fraca, preciso levá-lo a um Meistre, se não... Entro na tenda e tento implorar.
— Por favor, ele precisa de ajuda. – O homem vem com tudo para cima de mim e arranca o pedaço da balista que ainda estava em meu ferimento, me fazendo cair de joelhos e gritar de dor.
— Cala a porra da boca. – Ele sinaliza para dois homens. — Joguem ele em outro lugar. – Meu sangue começa a escorrer muito, formando uma poça ao meu redor. — Você não é nada sem o seu dragão. – Ele começa a rir, caminha até a cadeira e senta.
— V-vão te achar aqui... – Tento me levantar, mas a dor em meu peito aumenta, a queimação se espalha pelo meu corpo.
— Se eu fosse você não me mexeria tanto, vai ajudar o veneno a fazer efeito muito mais rápido. – Ele gargalha. — Não se preocupa, eles estão bastante ocupados, nós temos tempo.
— Se quer tanto me matar, por que não faz isso logo? – Ele nega.
— Quero ver você sofrer, quero vê-la agonizando, assim como meus homens agonizaram perante o fogo do seu dragão.

Sinto a armadura pesar mais, começo a me sentir sufocada nela, me sinto fraca, sinto o sangue escorrendo, vejo Ilyas levantar e ir até a mesa que tem jarras de vinho.
— Sabe, você é muito nova para morrer assim, uma pena. – Olho em volta para tentar encontrar qualquer arma para atacar ele. — Uma mulher jovem, saudável, bonita, que poderia ser muito útil gerando filhos para pessoas importantes nas Cidades Livres, crianças com sangue Targaryen, seria uma maravilha, mas quis bancar a heroína e massacrou muitos dos meus, não posso deixar isso passar. – Ele senta apoiado na beira da mesa. — Mas talvez eu possa aproveitar um pouco, o que acha? – Sinto meu estômago embrulhar, Ilyas ri. — Relaxa, princesa, não sou desse tipo.
— Senhor, os homens do Lorde Selmy já estão em batalha, mas... – Ilyas se levanta e vem até mim, me puxando com força e me jogando ao pé da mesa, me causando uma dor intensa. — O príncipe Aemond montou o dragão dele, acho melhor recuarmos. – Consigo ver o terror nos olhos do soldado, começo a rir, atraindo a atenção dos dois.
— Aemond vai matá-lo por isso. – Ouço um rugido, tenho certeza que é de Tessarion, ela estava ferida, pelo menos três balistas acertaram ela, Storm só uma.
— Não tenho medo do seu tio, menina, ele pode vir aqui me enfrentar, o matarei diante dos seus olhos. – Ele gargalha, mas os olhos do guarda se arregalam, ele sabe do que Aemond é capaz.
— Você disse Selmy, a casa Selmy... – Ele sorri.
— A casa Caron não foi a única a se juntar a causa, menina. – Agora tudo começou a fazer sentido, um acordo não daria em nada, o que eles querem nunca daremos, a trégua seria um tempo para levantarem mais casas, mas nem foi preciso, se aliaram rapidamente. Ilyas volta a conversar com o seu soldado, sinto meu corpo queimar, preciso sair daqui.

Enquanto eles conversam, tento me mover até a parte de trás da tenda, mas a fraqueza se espalha rapidamente, meu sangue parece que está fervendo, tudo começa a ficar turvo, tento me manter firme, fico com Daeron no pensamento, ele precisa da minha ajuda.
— Nem adianta tentar, Rhaenys, o veneno não vai permitir que você corra muito, mas se quiser testar, fique a vontade. – Ilyas fala sem ao menos olhar para trás, mas o idiota não revistou a tenda direito, bem atrás de um dos escudos, tem um pequeno punhal, ótimo, pequeno o suficiente para esconder, consigo chegar na cadeira e me sento, tento tirar a armadura, quanto mais me mexo, mais ela parece que está me aquecendo por dentro, me queimando viva, ouço a risada de Ilyas. — Parece que o efeito do veneno está bem rápido, geralmente esse desespero vem por último. – O outro homem sai e o comandante vem na minha direção, para a poucos centímetros, se inclina um pouco e pressiona o braço no meu ferimento, me fazendo gritar de dor, o choro vem logo em seguida, começo a sentir pontadas bem no ferimento, como se alguém estivesse me espetando com uma faca.

Ilyas passa a mão pela minha armadura, ele me ajuda a retirá-la, assim que o peitoral cai, a queimação piora, parece até que um dos dragões cuspiu fogo em mim, solto um grito estridente, ouço um rugido alto, Storm, ela deve estar desesperada, o que faz o comandante rir mais ainda, ele pressiona seu polegar no ferimento, e é nesse momento que eu cravo o punhal em sua bochecha, o homem grita de dor, tento correr, mas estou fraca demais, na hora que tento sair da tenda, bato de frente com alguém.
— Princesa, o qu... – Sor Gusly olha para mim, olha para Ilyas, na mesma hora ele puxa a espada e me coloca para fora da tenda. Vejo Vhagar pousar ao lado de Tessarion, Storm está um pouco mais afastada. Ouço barulhos altos vindos da tenda, tento andar em direção a Vhagar, só que não consigo, perco as minhas forças, mas antes que eu caia no chão, sinto dois braços me envolverem.
— Aemond... Daeron, o Daeron. – Ele me pega no colo, sinto uma dor forte quando ele faz isso e acabo gritando.
*Valiriano*
— Desculpa, desculpa. – Jogo minha cabeça em seu peito, ouço a voz de Gusly, está falando algo, mas não consigo entender, sua voz está muito distante, de repente tudo fica preto.

******

— NÃO! – Tento me debater, mas sinto um braço me prendendo.
*Valiriano*
— Calma, está tudo bem, meu amor... – Abro os olhos e... Reconheço esse quarto, era meu em Torralta, pelo menos no período em que ficamos aqui.
*Valiriano*
— O Daeron, cadê o Daeron? – Olho para Aemond, sua expressão é de preocupação.
*Valiriano*
— Ele está em observação, o Meistre disse que a situação é complicada, a quantidade de veneno nas balistas eram muito altas, ele foi atingido por pelo menos três, mas ele parece estável, só está em um sono induzido, para que o corpo possa relaxar e se curar. Ele vai ficar bem, não se preocupe. – Ele beija a minha testa.
*Valiriano*
— Baela está bem? – Aemond assente.
*Valiriano*
— Você me deu um susto e tanto. Por sorte foi apenas um ferimento só, o veneno agiu lentamente e deu tempo de reverter o efeito, diminuindo suas dores. – Começo a lembrar de tudo e penso logo em Ilyas, Aemond parece perceber. — Ele está morto.
*Valiriano*
— Sor Gusly o matou? Ou foi você? – Pergunto.
*Valiriano*
— Sor Gusly terminou o que você começou, pequena. – Ele deve perceber a confusão em meu rosto. — Quando você enfiou aquele punhal na bochecha dele, Ilyas ficou desnorteado, tentou atacar Gusly, mas não teve sucesso, estava muito... Confuso, acho que aquele punhal era dele, se era mesmo, provavelmente tinha veneno em sua lâmina.

Conto para Aemond tudo o que aconteceu, tudo o que ouvi, ele me conta que algumas vassalas da casa Baratheon não estão nada satisfeitas com a casa Suserana, por isso estão se voltando contra a gente.
Lorde Ormund está tentando contornar a situação pelo rei, mas as exigências são absurdas, todos querem se aproveitar da "bondade" do rei, o reforço de Oakheart chegou e pelo que Sor Willon, segundo comandante das forças de Oakheart, relatou sobre os Carons e os Selmys, são duas casas ambiciosas demais, negociar com eles seria uma perda de tempo, mas poderíamos conseguir forças de casas que rivais deles, isso já seria uma vantagem, ele falou que Redwyne é uma das casas com mais intrigas com os Carons, nós poderíamos pedir homens a eles e oferecer as terras da marca de Dorne, seria uma grande vantagem para ambos os lados.

*Valiriano*
— Storm está bem? Tessarion? – Ele assente.
*Valiriano*
— Bom, Tessarion foi difícil conseguir retirar as balistas, ela ficou muito arredia, mas Storm me deixou retirar a dela tranquilamente. – Claro, ela confia nele, assim como eu confio. Ouço uma batida na porta e logo a voz de Baela.
— Você ainda vai me matar de tanta preocupação, juro. – Ela entra e se senta na ponta da cama. — Lorde Ormund estava querendo falar com você, Aemond. – Ele olha para mim, está verificando se estou bem mesmo, assinto e lhe dou um beijo, ele sai do quarto. — Espero que Redwyne nos ajude, mal chegamos e já quero voltar para casa...
— Está com saudade de Jace... – Lhe dou um sorriso malicioso e ganho um tapa. — Agressiva.
— Podemos comer? Estou faminta. – Confirmo na mesma hora.

******

Mais um ai...
👀👀👀👀👀👀👀👀👀
Não esqueçam de conferir se leram o de mais cedo...

The Fate of House Targaryen - Aemond TargaryenWhere stories live. Discover now