Capítulo 68- You are that Targaryen

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Entrando no Salão dos Mil Tronos já consigo ver a grande escultura dele, uma linda serpente de jade adornada em ouro e com pequenos detalhes cravejados de safiras, ela está entrelaçada a uma figura alada, um dragão no tamanho de um filhote, ele é todo banhado a ouro.
Os Puronatos ficam todos em grandes tronos de madeira de seus antepassados, que se erguem em camadas curvas a partir de um piso de mármore para até o teto, no teto abobadado estão pintadas cenas de glória de Qarth. Os tronos são imensos, fantasticamente esculpidos, brilhantes, com o trabalho de ouro e cravejados com âmbar, ônix, lápis-lazúli e jade. Cada um é diferente de todos os outros, e cada um se esforça para ser o mais fabuloso.
— Rhaenys Targaryen! – Vejo Qar Ilion exclamar o meu nome. Ele é um Puronato extremamente excêntrico, o homem esbanja seus gostos refinados, por toda a extensão de pele exposta há joias, suas vestimentas são dos tecidos mais caros de Qarth, mas cobrem apenas o seu mais íntimo detalhe. — Parece que os Deuses estão lhe abençoando, Huldan irá recebê-la, parece que ele ficou bastante interessado desde a sua chegada... É raro um estrangeiro lhe chamar tanta atenção, talvez seja porque você é uma Targaryen, um fruto de algo tão... – Sua cara se fecha quando as portas laterais se abrem bruscamente, atrapalhando sua fala.

— Senhor, perdão, o senhor Huldan já sentiu a presença dela, ordenou que a levássemos agora mesmo. – O homem é atípico ao povo de Qarth, estatura mediana, seus ombros são encurvados, seu cabelo tem um tom ruivo mais puxado para o cobre, suas feições são pesadas e bem abatidas, percebo marcas... Não, são cicatrizes ao redor de seus tornozelos e de sua coxa esquerda que está completamente exposta, é assustador.
— Então não o deixe esperando. – Qar fala e me despensa com a mão. Myndir me guia até a porta de onde aquele homem saiu, assim que entro percebo que é um longo corredor, a cada dez passos há uma alcova e a cada alcova o lugar fica mais escuro, estranhamente as paredes também, os antes mármores brancos se transformam em uma pedra negra, é como se ela bebesse toda a luz do ambiente, passo a mão de leve na parede e sinto ela tão gordurosa ao meu tato. O homem encurvado me observa descaradamente, não consigo identificar o que há em seu olhar, mas aquilo certamente me deixa assustada.
Chegando ao final desse corredor, mesmo com pouca iluminação consigo ver as grandes portas negras, suas maçanetas são grandes serpentes ônix, há desenhos em linhas cinzas por toda extensão delas, formando símbolos... Valirianos. Não, não são símbolos, são frases sobrepondo outras frases, formando um desenho do mapa da Antiga Valíria, o antigo lar do meu sangue.

— A partir daqui somente Órys poderá ir com você, não sou permitido. Boa sorte. – Myndir fala e se prontifica na porta, sua expressão, seu olhar me fazem querer desistir, mas preciso seguir firme, precisamos de uma vantagem contra Halbrand, precisamos saber o que ele tanto quer, por isso, sigo junto com o Órys.
O ambiente é completamente escuro, apenas alguns pontos de luz quase no teto do lugar, fazendo ela se tornar fraca, forte o suficiente para saber onde pisa, mas não para conseguir perceber o que há em volta, o lugar é frio, me faz parecer estar nua, sinto calafrios por todo o meu corpo.
— Por aqui, princesa. – Órys indica uma grande alcova, há safiras cravejadas por todo o seu arco, assim que entro nela, sinto um ar frio em meu pescoço.

— Interessante, muito interessante. – Uma voz antiga, ela é penetrante, tão alta e profunda que me faz ficar desconfortável. Sinto meu coração acelerar absurdamente, os calafrios se intensificam, o lugar parece ficar pequeno, não consigo enxergar nada. — Se acalme, criança, não há o que temer aqui.
— Huldan. Você é o famoso Calar Huldan. – Afirmo e tento controlar minha respiração, me acalmar ao máximo.
— Rhaenys III Targaryen, primeira filha de Rhaenyra Targaryen com Daemon Targaryen, eu esperei por muito tempo por você, minha doce criança. – Sinto um peso em minhas costas, me empurrando, me guiando para mais afundo da alcova, de fora não teria como ver, mas quanto mais entro, mais a claridade retorna, na verdade, só o suficiente para que eu o enxergue. Uma figura alta e magra se ergue bem à minha frente, não possui cabelo, seus lábios são azuis, em seus olhos consigo ver um mar de escuridão, me lembram as escamas negras de Storm.
Ele abre um largo e espantoso sorriso, sinaliza para que eu me sente em um sofá bem a minha frente.
— O que você quer dizer com isso? – Questiono, a risada dele ecoa em meus ouvidos de forma estridente.
— Sonhos são extremamente poderosos, minha cara, assim como você possui esse... Podemos chamá-lo de dom, eu possuo uma pequena parte de um poder passado de sangue para sangue. – Arregalo os olhos, sonhos, ele sabe sobre os meus sonhos. — Sim, eu sei sobre cada sonho seu, detalhe por detalhe.
— Como? – O ambiente se torna pesado.
— Há muito tempo, quando Essos ainda era inabitável, surgiu o primeiro mago onde hoje você conhece como a Antiga Valíria, esse mago tinha um poder capaz de dominar algumas das mais abomináveis feras, incluindo aqueles selvagens herdados pela sua linhagem, pelo seu sangue, ele podia exercer total controle de sua selvageria, ordenando o ataque e o massacre, mas não era de seu interesse fazer isso, dizem que foi ele que concedeu ao seu sangue o poder de domar os dragões, o poder que o sangue valiriano carrega, os dons e uma certa magia. Dizem que com a ajuda desse mago, Valíria se ergueu, uma cidade mágica, de uma beleza invejável, seus recursos infinitos e o controle pleno de criaturas ferozes e belas, os Deuses lhe deram permissão para conceder aos valirianos todo o seu poder, toda a sua beleza, todo o seu controle, um sangue abençoado, mas que poderia também ser facilmente corrompido. – O mago caminha até a grande mesa próxima ao seu "trono", pega uma jarra e despeja o líquido em uma taça, logo me serve.

The Fate of House Targaryen - Aemond TargaryenOnde as histórias ganham vida. Descobre agora