Capítulo 5

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Ficou tentada a contar para Lincoln que era menos sobre idiotas e mais sobre a insistência dele em prender a equipe em consecutivas reuniões improdutivas.

— Lincoln, talvez, se você não fizesse tantas reuniões...

— Anahí, reuniões são essenciais. Nelas nascem às melhores ideias. Ou nasceriam, se eu empregasse pessoas que possuíssem as células cerebrais de produção de ideias. Por isso, preciso de você. Você é meu braço direito. Juro, isso aqui não funcionaria sem você.

— Você não precisa de milhões de reuniões por semana para funcionar, Lincoln.

Ele balançou a cabeça, recusando-se a responder. Começou a sair, mas depois voltou.

— Ah, Anahí, preciso que crie um script esta tarde. Preciso dele em minha mesa amanhã de manhã, sem falta.

— Criar um script? Hoje?

— É. Sabe aquele chef celebridade, o do novo livro? Aparentemente ele não sabe fazer nada além de cozinhar e ler. Então preciso que escreva algo que o faça soar e parecer inteligente e divertido. — Lincoln sorriu. — Sei que você consegue Anahí. Você é minha faz-tudo. Vamos para a reunião.

Anahí apoiou a cabeça na mesa. Não conseguiria sair mais cedo. Mesmo que Lincoln não estivesse lá para vigiá-la, agora tinha trabalho suficiente para preencher o restante do dia.

Cada vez que achava que teria tempo para si...

Evaporava como água no asfalto quente. Como odiava esse trabalho. Mas, se pedisse demissão, como sustentaria Bri? Onde mais trabalharia? Qualquer outro trabalho na televisão seria tão puxado quanto esse. Suspirou, apanhou o telefone e ligou para Alfonso novamente.

Quando ele atendeu, a primeira coisa que ouviu foi o choro alto de Sabrina, enchendo o telefone. Seu coração disparou, o instinto materno acordou dentro dela, dizendo-a para ir até a filha...

— Está tudo bem?

— Está. Ela está chorando. Tenho que ir.

— Não, espera. Ela está molhada? Está com fome?

Alfonso expirou, exasperado.

— Não sei ainda. Por isso estou tentando desligar o telefone para descobrir. Agora você vai me deixar fazer isso ou não?

Deixar Alfonso segurar Sabrina, acalmá-la. O trabalho que ela, como mãe, deveria estar fazendo, em vez de ir para outra reunião estúpida e inútil.

Anahí tinha escolha? Lincoln acreditava que ela pensaria em algo fabuloso nos próximos três minutos. E agora, em seu bloquinho, sua ideia de fabuloso era um monte de letras "A".

— Espere — disse ela, antes que Alfonso pudesse desligar.

Outra expiração exasperada.

— O quê? A criança está chorando aqui, sabe.

O nó de tensão que crescia dentro dela dizia que essa combinação com Alfonso não funcionaria. Longe de Sabrina. Sentindo mais falta de seu bebê a cada dia, do perfume, da sensação dela em seus braços, uma dor que se recusava a parar. Sua mente fabricava mil imagens de Alfonso caindo no sono, deixando o fogão aceso, esquecendo Sabrina no parque...

— Tenho uma ideia — disse ela, sabendo, enquanto falava que não havia jeito dê funcionar, pelo menos, para seu coração. Para o bolso era outra história. — Prometo você vai amar.

— Isso foi o que minha mãe disse quando me inscreveu nas aulas de dança de salão quando eu tinha 10 anos. E posso dizer, por experiência própria, que "Eu tenho uma ideia" e "você vai amar" nem sempre funcionam juntas para mim.

PAPAI POR ENCOMENDAWhere stories live. Discover now