Capítulo 11

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Não havia começado a se importar, nem depois do misterioso assunto daquela tarde, pensou. Ele ainda era, para todos os propósitos, um estranho. Um estranho que despertara uma atração crescente nela, mas um homem que mal conhecia.

De qualquer jeito, Alfonso representava uma complicação da qual definitivamente não precisava.

Sabrina começou a choramingar e reclamar, então a colocou no cobertor. Bri levantou a cabeça, estudando Alfonso com olhos abertos e uma boca babona e feliz. As pequenas mãos estavam apoiadas abaixo do peito, como se fosse engatinhar a qualquer momento.

— Ba-ba-ba.

— Não pense que vou dividir — defendeu-se Alfonso, olhando-a e agitando o sanduíche na frente dela.

— Você não daria um sanduíche para ela, não é?

— Até eu sei que bebês não comem sanduíches. — Rolou os olhos. — Até fazer um ano, né, criança?

Arfou.

— Estou brincando.

— Não foi engraçado.

— Você precisa se alegrar um pouco, Anahí. Relaxar.

— Fácil falar. Você trabalha em casa.

— É, bom, meu trabalho não é relaxante como parece. — Mordeu o sanduíche, encerrando o assunto. Descansou um braço no joelho e observou as crianças brincando. — Então o que fez você entrar nesse negócio da TV? Você não combina com isso. Quero dizer, sei que foi promovida e tal. Mas o que a fez escolher essa área?

— Por que está tão interessado? Da última vez que chequei você estava muito ocupado se fechando emocionalmente. — Mais cedo, estaria feliz por isso. Manter a impessoalidade não os aproximava, a melhor escolha para ela agora e no futuro próximo.

Mesmo ele tendo atiçado sua curiosidade um minuto atrás. Mas não iria entrar naquele assunto. Não perguntaria o que também não podia responder.

— Desculpe. Risco ocupacional. Sempre tentando descobrir o que incomoda as pessoas.

Brincou com os restos de sua salada, mas não encontrou muito que comer.

— Por mais clichê que soe, pensei que podia fazer uma diferença. Que algo que eu produzisse faria realmente diferença. Que algo seria importante. Quero dizer, foi à razão pela qual eu fiz faculdade, estudei jornalismo. Não pretendia trabalhar na televisão, mas, quando estava lá, pensei que poderia fazer um programa que...

— Mudaria o mundo?

— É. Muita ingenuidade, não? — Fora um sonho maluco e idealista, típico dos recém-formados. E fora boba o bastante para guardá-lo por tanto tempo.

— Não é tão ingênuo. Sei como se sente.

— Quer dizer que você queria fazer o mesmo com seus livros?

Ele se levantou, amassando o prato plástico.

— Obrigado por trazer a comida. Às vezes, quando estou concentrado na escrita, me esqueço de comer. Então foi uma boa ideia. — Ele foi até uma das latas de lixo e jogou o prato fora.

Outra mudança de assunto. Disse a si mesma que não se importava. Não estava aqui para conhecê-lo. Ficou no parque o suficiente, tomou sol e deixou Sabrina aproveitar o tempo com ela.

Antes de voltar ao trabalho.

Enquanto Bri rolava no cobertor e remexia-se de um lado para o outro, arrulhando e murmurando, Anahí guardou os restos. Recolocou tudo no cooler e deixou-o no carrinho.

PAPAI POR ENCOMENDAWhere stories live. Discover now