Capítulo 28

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Anahí acordou em pânico. O bebê. Onde estava o bebê?

Aliás, onde ela estava?

Então começou a reconhecer a sala, os pedaços foram se juntando em sua cabeça.

Sofá de couro. Mesa de mogno. Lareira de pedra. Ela estava na casa de Alfonso. No sofá dele.

Alfonso?

Ah, Deus. Revirou a memória, mas ficou aliviada. Eles não haviam feito nada. Ainda assim, onde estava Sabrina?

Levantou-se e caminhou pela casa escura.

— Alfonso?

Sem resposta.

— Sabrina?

Nenhuma resposta.

Entrou na cozinha, mas estava silenciosa e vazia, como a sala. Ninguém na sala de jantar nem no banheiro, não que esperasse que tivesse alguém lá.

Sobrou o andar de cima. Hesitou um momento no primeiro degrau, escutando, mas não ouviu nada.

— Alfonso?

Subiu um degrau, outro, chamando Alfonso algumas vezes. Finalmente, parou diante do primeiro quarto à direita. A porta estava ligeiramente aberta, mas bateu mesmo assim.

— Alfonso?

Ouviu-o se mexer e chamar seu nome de um jeito tão suave, íntimo, como se fossem casados e tivesse chegado em casa.

— Anahí.

— Eu... Eu... Ah... Acordei e estava... — Esqueceu tudo menos o fato de que estava na frente do quarto de Alfonso Herrera, enquanto ele estava deitado a alguns metros de distância.

— Você estava aqui — terminou por ela.

Entrou no quarto. Ele estava sentado na cama king size com lençóis e travesseiros brancos. Um edredom escuro e grosso cobria a cama, parecendo convidá-la para se deitar. Mas, mais importante, Alfonso estava lá, sem camisa e muito sexy.

Inspirou, mas não conseguia exalar nem respirar mais.

— Como... Por que ainda estou aqui?

— Você adormeceu no sofá. Não quis incomodá-la. Desculpe, deveria ter deixado um bilhete. — Ele escorregou para fora da cama e levantou-se. Para seu alívio e decepção, Alfonso vestia moletom. Ele cruzou o quarto, seus olhos pareciam mais misteriosos no escuro. — Você parecia um anjo deitada lá. Seria um crime acordá-la.

— Onde está Sabrina?

— No quarto de hóspedes. Dormindo no cercadinho. — A escuridão envolvia-os, como um cobertor, puxando-a para perto. Mas ficou onde estava mesmo querendo cair naqueles braços e sentir aquela pele quente contra a sua.

— Como você a fez dormir?

Ele havia diminuído a distância entre eles, e agora realmente não conseguia respirar.

Nem pensar.

— Devia estar com tanto sono quanto a mãe, porque dormiu em meu colo.

— Dormiu? — A surpresa aumentou o tom de sua voz. — E você... Bom, deixou?

Alfonso poderia achar que ela não notara, mas notou. Como era arisco com Sabrina, tentava não segurá-la muito perto nem por muito tempo. Evitava oportunidades de brincar com ela.

Era uma babá competente, mas não se envolvia. Achara que era por inexperiência, por ser homem, por não conhecer Sabrina muito bem.

Mas, no fundo, sabia que havia algo mais. Algo que englobava seus problemas em colocar emoção nos livros. Só não sabia o que era.

Disse a si mesma que não queria saber, porque significaria conhecê-lo, ver dentro daquele coração.

— A criança não é tão ruim — disse ele, estremecendo. — Ela tem uma risada fofinha.

Ficou boquiaberta.

— Você a fez rir.

— Brinquei de esconder o rosto. — Deu de ombros, como se não fosse importante, mas Anahí sabia que era muito. Significava que Alfonso havia feito mais do que cuidar das necessidades dela: havia interagido com Sabrina.

— Esconder o rosto.

Ele sorriu.

— Vai repetir tudo o que eu falo?

— Só não consigo acreditar que você fez isso. Quero dizer, tudo o que você já fez foi alimentá-la e embalá-la. Colocá-la para dormir.

Ele chegou ainda mais perto, com uma das mãos surrupiando a cintura dela, puxando-a para perto. Arfou; as mãos automaticamente tocando aquele peitoral, quente e duro a seu toque. Ah, como queria beijar aquela pele e experimentar cada centímetro dele.

No escuro, tudo parecia muito mais íntimo, mais...

Com algo que um marido faria. O coração dela acelerou, e seu cérebro pegou fogo.

— O que posso dizer? Acho que vocês duas estão me conquistando.

Mais cedo, ela havia ido até ali para estipular regras. Sem beijos. Sem interação física.

Anahí devia estar mantendo distância, porque era o único jeito disso dar certo.

E já estava em seus braços, desejando que ele a beijasse, que fossem casados, que esse fosse o quarto deles e que parassem de falar e pudessem só ir até a cama e acabar com o desejo dolorido e exigente que ardia dentro dela.

— Sabrina e eu... Devíamos ir.

— São três da manhã — respondeu ele. — Muito tarde para acordar a criança e depois tentar colocá-la para dormir novamente. Fique esta noite.

Ah, como queria. Mas onde? Aqui? Com ele? Ousaria?

— Você pode dormir no quarto de hóspedes com Sabrina — continuou como se lesse sua mente. — Há um despertador na mesa de cabeceira e lençóis novos na cama.

— Ficar aqui. Com você.

Ele segurava o queixo de Anahí, passando o dedão pelo lábio inferior dela. Tão tentador. Ela queria se encaixar naquele corpo, esquecer tudo o que havia pensado mais cedo.

— Comigo — sussurrou ele. — Mas não comigo, por mais que eu queira. Porque estou tentando muito... — Beijou-a —... Ser um cavalheiro, mas não costumo ser. Pelo menos, não um muito bom.

Ficou na ponta dos pés e ô beijou, os dedos acariciando aquele cabelo. Ele era quente e tinha gosto de desejo adormecido, do tipo que encontraria se o acordasse, querendo fazer amor, em alguma hora incomum.

— E se eu não quiser mais que você seja cavalheiro?

Ele gemeu e segurou mais firme a cintura dela.

— Não preciso de muito mais para esquecer todas as razões que eu tinha para passar a noite em minha cama; sozinho. — Beijou-a novamente, desta vez, mais profunda, furiosa e longamente, com aquela língua dançando com a dela, atiçando o fogo em seu corpo, que se recusava a apagar. — Quero você, Anahí, acredite. Mas você merece muito mais do que posso oferecer agora.

Então a soltou e afastou-se.

— Vá dormir Anahí. Vemos-nos ao amanhecer. Bons sonhos.

Ah, sonharia mesmo. Mas duvidava que fossem sonhos bons. Ou sobre qualquer coisa tirando o que acontecera agora.

Passou o restante da noite fitando o teto, fingindo dormir. Pensando na mulher do outro lado do corredor e em como chegara perto de tê-la em sua cama.

Droga. Ou fizera a melhor decisão de sua vida esta noite ou a pior.

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