Capítulo 39

121 10 1
                                    


Assim que a porta se fechou atrás deles, Alfonso puxou-a para seus braços. Envolveu seu pescoço, os dedos apanhando algumas mechas soltas de seu cabelo.

— Fui um idiota.

Sorriu.

— Essa é uma primeira frase que eu nunca ouvi.

Ele riu, então ficou sério, com seu olhar prendendo o dela.

— Quase lhe deixei escapar porque pensei que seria a melhor coisa para nós dois. Não queria machucá-la ou desapontá-la.

— Ah, Alfonso, você não poderia...

Ele colocou um dedo sobre os lábios dela.

— Deixe-me terminar. — Ele inspirou como se procurasse as palavras certas. — Desde que Julia e eu decidimos colocar nosso filho para adoção, me senti um fracasso, como se o tivesse desapontado. E isso me fez pensar que nunca poderia ser um bom pai para outra criança. Ou um bom marido. Mas, depois desta noite, depois que conversamos, vim para casa e fiz o que faço de melhor para lidar com meus problemas: escrevi.

— Você escreveu?

— É, e dessa vez, coisas boas. Provavelmente nunca vou usar em um livro, porque não era ficção, mas derramei toda a angústia interior naquela página. — Ele segurou seu rosto gentilmente e vasculhou seus olhos. — Meu filho foi entregue a uma família amorosa, tenho certeza. A agência na qual o colocamos era muito boa. Você estava certa. Julia e eu nunca teríamos cuidado dele direito, não com 18 anos. Mas agora, tenho quase 30. Posso fazer um trabalho muito melhor.

Assentiu.

— Pode Alfonso. Vi como você cuidou de Sabrina.

Aquele olhar analisou o seu.

— Se não for tarde demais.

Ela balançou a cabeça, sorrindo. O coração de Anahí voou tão alto, atingindo as nuvens, que pensou que nunca voltaria a Terra.

— Não, não é. Nem um pouco.

— Maravilha. — Inclinou-se e beijou-a. — Porque não amo só Sabrina. Amo você.

Agora o coração dela ultrapassou as nuvens, e o sorriso em seu rosto pareceu ser infinito.

— Você me ama? Mas mal nos conhecemos.

— Foi à torrada. O café. Seu sorriso. E, definitivamente, o chili.

Riu.

— Chili? E café?

Ele a beijou novamente, dessa vez longa e docemente.

— Na verdade, Anahí, eu não quero passar nem mais um momento sem você e Sabrina em minha vida. Nem quero que você atravesse aquela rua novamente. — Ele hesitou o olhar vasculhando, então prendendo o dela. — Quer se casar comigo?

Casar? Ele acabara de pedi-la em casamento?

Repentinamente, o medo apoderou-se dela. Isso estava indo tão rápido, talvez rápido demais. Todos os "se" atingiram-na, então se desvencilhou dos braços dele e afastou-se.

— Deveríamos ir mais devagar, Alfonso. Parar para respirar.

— Você está com medo.

— Claro que estou com medo. Em alguns dias, você pediu para eu me demitir, disse que me ama e agora quer se casar comigo. Você revirou minha vida de cabeça para baixo entre segunda e quinta-feira. Isso é insano, Alfonso. Não é assim que funciona.

— Você não tem que se demitir. Trabalhe menos. Meio período, um oitavo do período, eu não ligo. Só fique comigo. Só não quero esperar. Não somos crianças, Anahí. E fui um tolo, colocando minha própria vida na espera por todos esses anos, porque pensei que era a coisa certa a fazer. — Segurou sua mão. — Você colocou a sua na espera por tempo o bastante também. Está na hora de ter o sonho que sempre quis. Para você e Sabrina.

Uma lágrima escorreu pela bochecha de Anahí. Mas, dessa vez, ela não estava chorando por frustração ou estresse, como quando conheceu Alfonso. Era uma lágrima de esperança. Poderia ter o que sempre quis o que sonhara para ela e sua filha. Alfonso lhe mostrara isso esta semana.

Se, ao menos, ela fosse corajosa o bastante para receber o que ele estava oferecendo, para abrir seu coração outra vez. Corajosa o bastante para dar as boas-vindas aos sentimentos que estiveram batendo em sua porta por dias. Levantou a cabeça e olhou dentro daqueles olhos azuis profundos.

— Também amo você — disse ela suavemente. — E não posso imaginar atravessar a rua sem você também. — Inalou profundamente, então exalou. — Sim. Eu aceito.

Ele sorriu; então a pegou nos braços e beijou-a, completa e profundamente. Dessa vez, andaram nas nuvens juntos.

— Então vamos para casa... — convidou-a. — Vamos buscar nossa filha. Já era hora de construirmos uma família. Juntos.

PAPAI POR ENCOMENDAWhere stories live. Discover now