Capítulo 25

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Peter inclinou-se, com aquele olhar mais velho, sábio e experiente encontrando o de Alfonso.

— Me diga qual foi à última vez em que se conectou com uma mulher. Realmente. Aqui. — Ele indicou o coração. — Aqui é onde está à emoção, irmãozinho. Até que você faça isso, não vai encontrar nenhuma emoção para colocar no livro ou na vida.

Alfonso fez uma careta e levantou-se.

— Você não sabe do que está falando. Não é escritor.

— Não. Mas sou um homem. Que está casado há muito tempo. E, se quer saber, funciona do mesmo jeito. — Peter levantou-se e segurou-o pelo ombro. — Você deixou um erro controlá-lo por tempo demais. Precisa se perdoar. Aí poderá seguir em frente. Ter a vida que merece.

— Já me perdoei.

— Perdoou? — perguntou Peter. Olhou pela janela, para Anahí, que estava cruzando a rua com Sabrina no colo. — Espero que tenha se perdoado, porque estou vendo a oportunidade prestes a bater em sua porta. E odiaria que você a perdesse, irmãozinho.

Anahí não tinha ideia do que estava fazendo ali. Estava perfeitamente satisfeita em casa, com Sabrina. Quase pronta, na verdade, para colocar as duas na cama.

Depois do desastre daquela tarde com as babás, no entanto, percebera que estava presa e numa situação tão ruim quanto estava na segunda-feira. Não tinha opções de babá para o dia seguinte; poucos dias preciosos de folga sobrando, que precisava guardar para quando Sabrina ficasse doente. E não encontrara uma solução.

Tirando Alfonso. De volta ao começo.

Antes de tocar a campainha, Anahí decidiu algumas coisas. Estipularia regras, como tentou fazer antes, até se distrair com Alfonso. De agora em diante, ficariam longe um do outro. Haveria horários estritos para deixar e pegar Sabrina. Nada de eles ficarem sozinhos. E absolutamente nada de beijos. Seria uma relação nitidamente profissional.

Uma maneira de garantir isso era pagando, por isso trouxe o talão de cheques.

Ela tocou a campainha, e a porta se abriu.

— Não vou beijá-lo e não vou...

— Estou feliz em ouvir isso. Minha mulher não ia gostar. — Um homem que se parecia muito com Alfonso, mas numa versão mais velha, sorriu para ela e estendeu a mão. — Sou Peter, irmão mais velho de Alfonso. Você deve ser Anahí, a vizinha dele.

— Sinto muito — corou. — Preparei esse discurso grande e meio que explodi quando a porta se abriu.

— Tudo bem. Parece que é o dia para dizer a Alfonso o que fazer. — Ele riu e gesticulou para que ela entrasse. — Pegue leve com ele. Já peguei pesado. — Peter despediu-se e entrou no carro.

Anahí entrou na casa. O rosto de Alfonso iluminou-se de surpresa ao vê-la, alegrando-a.

— Oi. Não esperava vê-la de novo hoje.

— Eu... Hum... Compliquei-me com o negócio da babá. Pensei que poderia contratar uma daquelas universitárias que entrevistei hoje, mas parece que a maioria delas está na lista de procuradas da polícia.

Alfonso riu.

— Não eram as melhores candidatas então?

— Não as deixaria cuidarem de meu peixe, imagine de minha filha. — Trocou Sabrina de ombro. Quando trocou, o bebê percebeu Alfonso, e os olhos azuis grandes dela ficaram tão fixos nele quanto geralmente ficava na mamadeira.

— Então você está aqui porque escolheu o menor dos males? — Ele riu.

Por mais que não quisesse cair naquele feitiço novamente, devolveu o sorriso.

— Algo assim. — Pigarreou, lembrando-se do que viera falar. Se não falasse agora, não falaria nunca. E então onde estariam? De volta nos braços um do outro. Poderia se sentir muito bem, mas seria uma ideia muito ruim. — Antes que nos enrolemos com esse combinado de novo, queria estipular algumas regras.

Ele assentiu, com um olhar sério, como se soubesse que diria isso.

— Para uma conversa séria, precisamos de comida séria. Venha, vamos tomar um café. E comer bolo.

— Bolo? Você cozinhou?

— Eu não. A mulher do Peter. Acho que ela pensa que estou prestes a morrer de fome, porque moro sozinho. Ela sempre manda alguma coisa para cá. Hoje foi bolo, floresta negra.

Chocolate. O estômago de Anahí roncou. Era como se alguém tivesse lido não só sua mente, mas seus hormônios também.

— Era exatamente o que eu queria! — disse ela, seguindo-o até a cozinha. — Vai ter que me chamar para a reunião de família para que eu possa agradecer a ela por ler minha mente.

PAPAI POR ENCOMENDAWhere stories live. Discover now