Capítulo 36

99 8 0
                                    


Ela ignorou tudo e só continuou caminhando, atravessando a rua, apanhando as chaves na bolsa enquanto andava. A noite começara a cair. Os pais chamavam os filhos para dentro, os casais estavam sentados nas varandas, aproveitando uma última xícara de café e conversa, enquanto outros vizinhos passeavam com os cachorros.

— Você vai simplesmente sair andando? — disse Alfonso, alcançando-a.

— Já disse tudo o que tinha para dizer no restaurante.

— É, disse. Mas saiu antes que eu pudesse responder-lhe.

— Você deixou seus sentimentos claros, Alfonso. Não vou perder meu tempo nem o seu. — Em seu colo, Sabrina pulava, tentando alcançá-lo. Ele estava piorando as coisas, abanando um dedo para ela. Inseriu a chave na fechadura, abriu a porta e entrou na pequena casa, esperando que Alfonso entendesse a dica e fosse embora.

Mas ele a seguiu.

Tudo bem. Se ele insistia em entrar, então teria que assistir à rotina noturna. Deixou a bolsa de fraldas perto da porta e foi até o trocador. Ela ia mostrar-lhe o que era fazer parte da vida do bebê, já que a brincadeira tinha acabado. Isso o faria ir embora.

Afinal, sabia que, sempre que ele tinha que se aproximar de Bri, Alfonso inseria mais espaço pessoal, em outras palavras, fugia com alguma desculpa.

— Você vai conversar comigo?

— Não. Vou dar um banho em minha filha e prepará-la para dormir e depois farei o mesmo.

Em vez de sair, ele deu de ombros.

— Tudo bem. Então vou ajudar.

— Faça o que quiser, mas você provavelmente vai acabar com o terno molhado e baba no ombro.

— Tenho outros ternos.

Não estavam falando de banhos. Ou da hora de dormir. Nem nada do gênero. E sabiam. Estavam continuando a conversa do restaurante. Anahí estava dizendo em termos diretos essa é minha vida, goste ou não, e Alfonso estava mostrando que queria fazer parte dela.

Bom, ela não estava acreditando em nem uma palavra.

— Não diga que não avisei. — Tirou o suéter e levou Sabrina até o trocador. Ali, tirou as roupas do bebê, o que absolutamente encantava Bri, que riu e pulou. Então foi até a cozinha. Diferentemente da casa de Alfonso, a sua era mínima, com cinco cômodos apertados.

Alguns minutos depois, um dos lados da pia estava cheio de água morna, e uma Sabrina pelada sentava na bacia prata, brincando feliz enquanto era ensaboada. Alfonso se afastou.

— Não estava brincando sobre o quanto isso molha. — Riu.

— Ela adora tomar banho.

— Percebi. — Ainda assim, ele ficou mesmo se afastando para não se molhar.

Apanhou um brinquedo que Bri deixara cair e deu a ela, apertando o elefante de plástico. A tromba do animal jorrou água, encantando Sabrina, que riu e bateu na água, molhando a pia.

E os sapatos de Alfonso.

— Fico lhe devendo essa, criança — disse, e apertou o elefante outra vez. Outro jorro.

Sabrina riu e esperou que ele fizesse novamente. Ele fez, mais duas vezes, mesmo enquanto ela ria e o molhava.

Anahí assistia, impressionada. Isso não estava indo de acordo com o plano. Alfonso estava brincando com Sabrina? Molhando-se propositalmente?

— Você quer tentar?

— Tentar?

— É, dar banho nela. Esqueci de pegar uma toalha e...

PAPAI POR ENCOMENDAWhere stories live. Discover now