Capítulo 34

100 6 0
                                    


Anahí esperava que Alfonso fizesse o mínimo para deixar a Sra. Bracho feliz e tirá-la da cola deles sobre ir a um "encontro". Uma refeição rápida numa lanchonete local ou algo assim.

Então viu a limusine.

E Alfonso num terno azul-marinho, esperando ao lado do automóvel prateado, longo e luxuoso.

Desceu os degraus, um de cada vez, ficando mais boquiaberta a cada passo.

— O que... O que está fazendo, Alfonso?

Ele sorriu.

— Seguindo as instruções da Sra. Bracho.

— Não me lembro de ela dizer nada sobre limusines.

Aproximou-se.

— Ela disse algo sobre romancear.

Chegou ao último degrau.

— Não, acho que não.

Alfonso estendeu a mão, esperando que a segurasse.

— Não? Bom, estava subentendido.

— Não acho que...

Ele pressionou o dedo em seus lábios, interrompendo-a.

— Definitivamente, acho que você está precisando de um romance, Anahí Portilla.

O coração dela acelerou. Tentou engolir, respirar, mas não conseguiu. Tremeu ansiosa. Precisando de romance? Talvez, mas um pouco de romance traria muitos problemas. Definitivamente, não estava seguindo suas regras. Já Violetara todas.

Entrou na limusine, na qual foi envolvida por um interior de couro e veludo.

Champanhe gelada esperava ao lado dos assentos, assim como um vaso com uma única rosa. Virou-se para Alfonso, impressionada.

— Você... Pensou em tudo.

— Só porque não consigo escrever uma cena romântica não significa que não consiga fazer uma. — Entregou-lhe uma taça de champanhe quando o carro começou a se mover. — A uma noite inesquecível — disse, encostando o copo no dela.

— Já está sendo. — Bebeu o líquido doce e dourado, que desceu facilmente por sua garganta.

Aquele olhar azul prendeu o dela. Então se inclinou lentamente e tirou a taça de sua mão, apoiando-a no suporte, sem quebrar o contato visual, mais intoxicante que o álcool.

— Você está maravilhosa, Anahí. A saia que você usou mais cedo era linda, mas esse vestido...

— Obrigada.

— É ainda mais incrível, deslumbrante, lindo, impressionante...

Riu.

— Entendi. Não precisa usar todo o seu vocabulário.

— Ah, preciso. Porque acho que você não sabe como é maravilhosa, Anahí Portilla. Vestindo jeans, saia... Sentada em um banco no parque fitando o sol ou só acordando em minha casa.

— Isso tudo faz parte do plano romântico?

Ele balançou a cabeça vagarosamente, ainda prendendo o olhar de Anahí.

— Não é um plano, nem um livro, nem qualquer tipo de ficção. É simplesmente o que você merece: uma noite maravilhosa fora. — Alfonso segurou a mão dela, com um gesto tão doce e cavalheiro que a surpreendeu.

Conversaram sobre coisas bobas, como o tempo e o bairro. Para ela, a conversa fiada era uma ótima suspensão das preocupações com contas, trabalho e bebê. Logo depois, a limusine parou. A cobertura luminosa do Jardim Merlot estava à frente deles, anunciando a entrada para um pequeno restaurante italiano, conhecido pelo vinho internacional e a atenção requintada aos detalhes.

— Sempre quis vir aqui.

— O dono é meu amigo. É maravilhoso. — Ainda segurando a mão dela, em uma experiência maravilhosa e única que não esperava; Alfonso a levou para dentro.

— Alfonso! Entre, entre! — Um homem largo, vestindo um terno preto e uma gravata rosa brilhante, veio encontrá-los quando entraram. Ele abraçou Alfonso e o soltou. — E quem é essa bela senhorita?

— Essa é Anahí Portilla. Anahí, esse é Jordan Valkerie, o dono. Conhecemos-nos na faculdade. Ele fazia milagres com um prato quente e um micro-ondas.

— Um micro-ondas contrabandeado, eu devo confessar — disse Jordan, rindo. — Mas não contamos isso ao reitor.

— Não contamos muitas coisas ao reitor — acrescentou Alfonso.

Os dois riram mais, trocando histórias da faculdade sobre festas noturnas, peças pregadas e aulas que mataram enquanto andavam até uma cabine no fundo.

— Chegamos. Aproveitem a refeição. — Jordan acenou para que entrassem, então desapareceu na cozinha.

Cortinas de veludo trilhavam os lados da cabine, criando um refugio quieto e privado. O sistema de som tocava música instrumental suave, e uma vela iluminava o local. O cenário não seria mais romântico mesmo que fosse um filme.

Uma garçonete veio e anotou as bebidas, deixando uma cesta de focaccia quente e azeite de oliva.

— Esse lugar é maravilhoso — disse ela. Recostou-se no assento, aproveitando simplesmente estar fora de casa, num restaurante de verdade, em vez de uma cozinha com um pote de papinha na mão. — Você vem muito aqui?

— Quer dizer, se tive muitos encontros aqui?

— Não foi isso...

— Já vim muito aqui, mas só para deixar Jordan me alimentar. Nunca trouxe uma mulher aqui num encontro. — Ele sorriu. — Não poderia cortejá-la repetindo uma cena que já escrevi, poderia?

— Não. — Outra vez, excitação a preencheu. Mas foi logo seguida de perguntas.

Por que Alfonso estava fazendo tudo isso? Já deixara muito claro que não estava interessado numa relação estável. Não era o tipo de homem que queria ser marido, pai. E realmente, não ia perder seu tempo namorando homens que não teriam futuro na vida de Sabrina. Nem tinha certeza se estava pronta para um futuro com outro homem.

Alfonso sabia disso. O que a levava à mesma questão. Por que ele teria esse trabalho se não tinha intenções além desta noite? Em cada beijo, lia mais do que só uma noite, e ainda assim...

As palavras dele diziam totalmente o contrário.

PAPAI POR ENCOMENDAWhere stories live. Discover now