Capítulo 27

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Caramba. Ela o observava ansiosamente, arregalando os olhos, abrindo a boca. Podia quase imaginar que ela...

Gostava dele.

Perceber aquilo o atingiu com força. Não sabia o que fazer ou dizer. Segurou-a, fitando aqueles olhos azuis grandes e sentindo que cruzara uma linha importante, que não tinha certeza se queria cruzar, pois tinha medo.

Então percebeu que não era tão ruim.

Sabrina pulou mais.

— Hum-hum. — Queria que continuasse brincando.

Realmente gostava dele. Engoliu em seco e congelou o sentimento por um momento.

Percebeu um sorriso se formando em seu rosto e uma leve onda de alegria em seu peito.

— Bom, criança, se eu soubesse que era fácil assim fazê-la feliz, eu teria pegado o pano no primeiro dia. — Dessa vez, colocou o pano na frente do rosto dela. — Oh-oh. Cadê você? Está escondida? Bu!

Ela gostou ainda mais. Bri pulou tão forte que ele teve que segurá-la com os dois braços antes que ela caísse no chão.

— Calma vaqueira!

Ela o fitou, esperando. Podia ver a expectativa em cada linha daquele rosto, esperando que ele fizesse aquela coisa mágica outra vez.

E ele fez. Tantas vezes que perdeu a hora, esquecendo o bolo, o café, tudo, por muito tempo. Só ouvia suas risadas constantes. Pegou-se rindo, deixando-se levar, envolvendo-se completamente com o momento e amando cada segundo. Começando a amar... Sabrina.

E isso não era nada típico dele. Mas era um novo lado de si que percebeu que curtia.

Gostava, até. Se você perguntasse, cinco minutos atrás, se ele pensava que algum dia faria um bebê rir daquele jeito, Alfonso teria dito "não, nunca".

Mas ali estava ele, fazendo a única coisa que tentara nunca fazer: segurando um bebê com força. E ela estava encantada com ele e aquele pano bobo, como se fosse o comediante mais engraçado do mundo.

Algo cresceu em seu coração com cada "Bu" e cada risada. Algo leve, que não sabia quantificar. Como as nuvens de Anahí. Não sabia exatamente o que fazer com aquela emoção, então a deixou de lado. Lido com isso depois, pensou consigo mesmo.

Mas uma parte dele queria capturar essa emoção e segurá-la firme. Tê-la nos dias por vir, quando Anahí e Sabrina voltariam para casa e ele estaria aqui, sozinho.

Quando o charme do pano se esgotou finalmente, colocou-a sentada na bancada e acariciou aquelas costas.

— Se você gostou disso, espere até ver como sou engraçado com um pregador no nariz.

— Ba-ba-ba — disse Sabrina. Observou-o um pouco mais, então fez algo que nunca fizera antes.

Apoiou a cabeça no peito dele.

Congelou.

Sabrina ficou ali, a bochecha macia contra seu coração, acompanhando sua respiração, com aquele corpinho quente pressionado contra o seu. Uma das mãos abria e fechava na blusa de Alfonso, enquanto a outra segurava firme a cintura dele. Ela murmurou contente e estridentemente.

Por muito tempo, ficou onde estava, segurando o bebê, sem saber se se movia ou respirava. A cafeteira terminou seu ciclo com um gorgolejo final, tirando Alfonso do transe.

— Ei, criança — disse ele, achando que faria o bebê se mexer.

Mas ela só se aconchegou mais.

Quis falar que não era alguém em quem ela ia querer se aconchegar, mas, quando ela se virou, sentiu o perfume daquele xampu. Um perfume doce, fresco, com um toque de algo que julgava ser camomila.

Aquele cabelo era suave, fazendo leves cócegas em sua pele. Hesitou, inalando o perfume de bebê, deixando-se fingir por um momento.

Fingir que ela era dele. Que era pai de Sabrina. Passou o dedo pela pele de pêssego daquela bochecha, descortinando a fantasia de essa ser sua família, sua vida. Imaginou-se a carregando para o andar de cima, colocando-a na cama e fechando a porta. Cruzando o corredor e juntando-se a Anahí, e juntos iam...

Afastou-se. Encheu uma das canecas e saiu da cozinha antes que esses pensamentos entranhassem nele. Nunca virariam realidade, então não fazia sentido pensá-los. Ele entregaria a criança de volta a Anahí e pronto.

Mas, quando chegou à sala, percebeu que não seria tão fácil. Porque Anahí dormira em seu sofá. O rosto dela estava em repouso, suave e sem estresse.

Sorriu e apoiou a caneca na mesa.

Então encontrou um cobertor e cobriu-a, enfiando-o suavemente ao redor do corpo dela. Diminuiu as luzes e saiu da sala, com Sabrina ainda no colo.

— Parece que você está presa comigo, criança.

Aparentemente, ela não se importava. E, pela primeira vez desde que a vira em sua sala, ele também não se importava muito.

PAPAI POR ENCOMENDAWhere stories live. Discover now