Trigésimo primeiro capítulo!

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Eu tentava prestar atenção na TV, mas não conseguia evitar olhar para o Pedro do meu lado, que ainda me encarava. Sorri pra ele e fui para meu quarto, tentando achar alguma coisa pra fazer e ouvi batidas na porta
- Luiza me deixe entrar - era a voz da minha madrasta
- Pode entrar, está destrancada - eu disse
- Essas roupas aqui são suas e eu não vou passar - ela jogou algumas peças de roupa na minha cama
- Ah, tá - eu as recolhi
- Vê se para de deixar elas dentro do cesto para que eu as passe achando que são suas - ela aumentou o tom de voz, eu a observei
- Querida, eu não estou pedindo para que você passe minhas roupas, eu sei fazer isso sozinha - eu pisquei
- Então vê se da próxima vez tire elas do cesto - ela sorriu
- Tiro se quiser, o cesto é seu? - antes que ela respondesse eu terminei - Acho que é de todo mundo né? Será que dá pra sair do meu quarto? - eu apontei pra porta
- Mau educada igual sua mãe - ela disse baixinho indo em direção a porta
- Quem é você pra falar da minha mãe minha filha? - eu gritei, ela olhou pra trás
- Conhecia ela melhor do que você - ela sorriu
- Minha mãe era muito melhor que você, em tudo, por isso que você só conseguiu ficar com meu pai depois que ela estava morta! - eu disse em alto tom
- Sua vagabunda dobre sua língua - ela me deu um tapa na cara
Na mesma hora meu pai entrou pro quarto e me viu com a mão no rosto, Pedro também subiu e me olhava sem entender, minha reação foi sair correndo daquela casa, o mais rápido que eu pude.
Eu não conseguia parar de chorar, saí correndo pela porta e só ouvi a voz do Pedro gritando meu nome, mas não deixei que ele me alcançasse e só pensei em ir a um lugar: á casa da Ana. Meu celular tocava enquanto eu corria, eu não queria atender, na verdade eu não queria falar com ninguém. Eu ainda estava com o ódio em meu sangue lembrando daquela mulher que nunca gostou da minha mãe, que sempre tentou roubar meu pai dela, mesmo ela estando casada com ele e que só conseguiu depois que ela faleceu. Eu ainda chorava muito quando cheguei na casa da Ana, bati o interfone e ela me pediu para que a esperasse no portão.
- Amiga o que aconteceu? - ela me abraçou
Eu não consegui dizer nada, só conseguia chorar. Ana me colocou para dentro da sua casa e me levou para seu quarto, onde eu sentei na cama e com muita dificuldade consegui contar o que tinha acontecido.
- Amiga você pode ficar aqui quanto tempo precisar - ela me abraçava
Não sei quanto tempo ficamos abraçadas, mas foi tempo suficiente para que minhas lágrimas cessassem e para que eu pegasse meu celular, haviam várias ligações do meu pai e do Pedro, eu ainda pensava se as retornaria ou não.
- Será que eu aviso meu pai onde eu tô? - eu perguntei Ana
- Acho que sim amiga, ele deve estar preocupado. - ela me olhou
Na mesma hora liguei no celular do meu pai
- Pai - minha voz falhava
- Filha aonde você está? - ele estava realmente preocupado
- Tô na casa de uma amiga pai - eu disse
- Me passa o endereço, estou indo agora - ele estava ansioso
- Não - foi só o que eu consegui dizer
- Como assim? Passa logo - ele ficou nervoso
- Não pai, só liguei pra te dizer que estou bem e que amanhã conversamos. Te amo. - desliguei.
A ultima coisa que eu queria era preocupar meu pai, e eu tinha conseguido. Ficar sem ter notícias dele era como se tivesse faltando alguma coisa pro meu dia ficar completo, e eu sabia que ele sentia a mesma coisa.
Eu e Ana ficamos em silêncio, ela estava sentada do meu lado até a mãe dela bater na porta e nos chamar pra almoçar,a mãe dela chegou a se sentar e conversar um pouco comigo, tentando entender o que tinha acontecido. Mas ninguém entendia, ninguém que eu conheço passou pelo o que eu passei: perder a mãe e aguentar a mala da madrasta.
Pensei em nunca mais voltar pra casa, mas me veio a imagem do Pedro, mexendo no cabelo e sorrindo pra mim. E se eu nunca mais visse ele? Como seria? Eu aguentaria? Na mesma hora meu celular tocou, e era ele.
- Onde você tá amor? - fazia muito barulho
- Na Ana - foi só o que eu conseguir dizer e ele desligou
Não demorou muito para eu ouvir a buzina da moto dele debaixo da janela da Ana, não sabia se descia ou se pedia pra ele subir, mas antes mesmo de decidir isso Ana já tinha aberto a porta.
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Era só meu irmão...Where stories live. Discover now