Quinquagésimo sétimo capítulo!

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Assim que meu pai saiu, só chorei. Me sentei no chão da sala e chorei, chorei e chorei. Chorei com a mesma intensidade de quando o Pedro foi embora pela primeira vez, e meu coração doía do mesmo jeito.
Alguém bateu na porta, eu não quis atender e continuei ali.
- Amiga, abre a porta! - era a voz da Maria
- Depois a gente conversa - eu gritei
- Não, abre a porta agora! - ela batia com mais força
Com muito custo eu levantei e destranquei a porta, ela entrou e me abraçou.
- O que aconteceu amiga? - ela disse
- O Pedro já foi. - eu tentei respirar
- Amiga, não fica assim.. - ela me abraçou forte
Nos sentamos no sofá e eu só sabia chorar enquanto a Maria tentava me dar alguns conselhos... Depois de um tempo, fui me acalmando e minha respiração voltou ao normal.
- Tá melhor agora? - ela mexia no meu cabelo
- E agora, como vai ser? - eu perguntei
- Não sei amiga, o que vocês conversaram? - ela me olhou
- Ele também falou isso: não sei. - eu disse
- Calma amiga, tudo vai se resolver... Dá tempo ao tempo. - ela falou
- Como assim? - eu perguntei
- Você não pode viver assim amiga. Não enquanto ele mora fora. - ela disse
- Explica direito. - eu falei
- Você precisa seguir em frente, e tentar esquecer o Pedro de uma vez por todas. - ela me olhou
- Eu não vou conseguir amiga, eu sei que não! - eu disse
- Vai sim! Você tava quase conseguindo! Ai ele volta, fica um dia com você e te deixa assim amiga? - ela me olhou
- Eu tô bem! - menti
- Ok. Se você quiser insistir nessa mentira, você insiste. Minha parte como sua amiga eu já fiz. Agora vou fazer alguma coisa pra eu comer que eu to com fome. - ela se levantou
- Tem macarrão na geladeira. - eu disse
Terminei o dia com a Maria no sofá comigo, comendo e eu deitada calada. Eu não sabia no que pensar e também não sabia se queria pensar alguma coisa. Fiquei apenas com as lembranças da noite maravilhosa que eu tive ontem, e quando meu pai chegou ele não falou nada comigo.
- Boa noite tio - Maria disse
- Boa noite Maria tudo bem? - ele perguntou
- Tudo bem e com você? - ela disse
- Tudo também. Vou dormir. Boa noite meninas. - ele disse
- Boa noite. - ela repetiu, eu fiquei calada.
Vimos um filme depois que meu pai foi deitar e ela foi embora. Quando entrei no meu quarto, não sei se foi delírio meu, mas senti o perfume dele. Me deitei e chorei mais.
No outro dia, quando acordei, meu pai estava com um cara alto, loiro e mais velho que meu pai na sala. Nem quis perguntar quem era, passei direto e peguei um iogurte.
- Luiza, vem cá. - meu pai me chamou
- Oi - respondi na mais má vontade do mundo.
- Esse é o Richard. - ele me olhou
- Ah, Oi Richard - eu sorri
- Ele é de uma agência de viagens, tá aqui pra você escolher pra onde vai. - meu pai sorriu
- Como assim? - eu fiquei confusa
- Vou pagar uma viagem pra você pra essas férias. Internacional. Você escolhe o destino. - ele me olhou
- Sério pai? - eu perguntei
- Sério. - ele riu
- Eu vou viajar pra fora do Brasil nessas férias de agora? - eu perguntei, chocada
- Vai menina! - ele riu mais
- Nossa. Não sei nem o que falar pai, obrigada! - eu abracei ele
- Aqui estão, várias opções. - Richard me entregou uma revista
- Ah tá, vou olhar. Eu tenho que escolher agora? - eu perguntei
- Seria bom né. - ele riu
- Ah. - eu ri
- Você tem vontade de ir pra onde? - ele perguntou
- Ah... Paris, Nova York, Disney, Los Angeles..- eu disse
- Prefere frio ou calor? - ele perguntou
- Calor! - eu disse
- Tem uma turma que vai pra Califórnia, eles não são da sua idade, são um pouco mais velhos. Mas são jovens e acho que você irá gostar. Eles pretendem ficar em Los Angeles e visitar várias praias e cidades, por exemplo Malibu e Hollywood. Mas é você quem sabe. - ele disse
- Gostei dessa ideia. Sempre sonhei em ir pra Hollywood! - eu ri
- Então filha, que tal ir com essa galera? - meu pai perguntou
- Por mim tudo certo - eu sorri
- Tá, agora vou conversar e olhar tudo direitinho com o Richard. Mas antes eu quero conhecer esse pessoal. - meu pai disse
- Ok. Vou comer alguma coisa. - voltei pra cozinha
Na hora nem pensei muito de tanta felicidade, mas depois minha ficha caiu: meu pai tava me dando essa viagem para me ajudar a esquecer o Pedro, só podia ser. E talvez isso seria bom. Talvez essa viagem faça bem pra mim.

Era só meu irmão...Onde histórias criam vida. Descubra agora