Quinquagésimo segundo capítulo!

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- Luiza, quem era? - meu pai gritou
- A Ana - eu disse e voltei pra sala
- Sei - meu pai disse
Esse '' sei '' dele, me deu a certeza de que ele sabia quem realmente era. Meu pai me conhece mesmo quando não falo nada. Mesmo quando eu minto. É loucura, mas é verdade.
- E o que a Ana queria? - ele me olhou
- Ela... Queria saber se eu já fiz a minha parte do trabalho de geografia. - eu disse
- Ah sei - ele disse
- Vou até fazer, tinha esquecido - eu disse
- Ok - ele disse
Me levantei e fui pro meu quarto, tranquei a porta e chorei. Chorei do mesmo jeito que eu chorava desde que ele tinha ido embora. Perguntei a Deus quando isso ia parar, quando eu ia superar tudo isso, de onde eu ia tirar força pra superar isso, como eu ia superar tudo isso.
Quando eu não consegui mais chorar, dormi. E só acordei com meu despertador, que me lembrou que ainda tinha escola. Segui a mesma rotina de sempre, sem nada de novidades, só o Felipe que as vezes vinha conversar comigo mas nada de mais. Quando chegou o fim de semana e eu não tinha planos nenhum, e nem queria, aluguei uns filmes. Eram mais ou menos umas nove da noite, quando eu já tinha chorado horrores no primeiro filme e ja estava vendo o começo do segundo, minha campainha tocou.
- Oi - era Maria, toda arrumada e com um perfume gostoso
- Oi! - eu sorri
- O que tá fazendo aí? - ela olhou pra sala
- Nada, tava vendo filme - eu disse
- Isso explica essa sua cara de choro! - ela riu
- Eu acho que sim - eu ri
- Sempre que venho aqui, te vejo chorando! - ela riu
- É verdade. Mas é só coincidência! Eu não choro o tempo todo não viu? - eu ri
- Ok! - ela riu
- Só nas últimas semanas, que meu ex namorado me abandonou - eu ri
- Nossa! Vamos acabar com esse deprê agora! - ela disse
- Você tem alguma ideia? - eu perguntei
- Eu ganhei umas cortesias para uma boate bacana, que não é muito longe daqui. Mas é pra maior de 18. - ela disse
- Ah, então não entro - eu disse
- Mas eu tenho uma identidade falsa, de uma prima minha que esqueceu aqui a um tempão atrás, eu usava ela quando era de menor. - ela riu
- Sério? - eu disse
- Sério. Se arruma e vamos? - ela riu
- Vamos! Entra aí, pra você me ajudar a escolher pelo menos a roupa - eu falei
- Tudo bem, vamos - ela entrou
Fomos pro meu quarto e ela sentou na cama. Abri meu guarda roupas e procurei alguma coisa parecida com o que ela estava usando, e tudo que eu achava eu jogava pra ela ver e ela escolheu uma saia preta de paetê com uma blusa azul e um sapato preto que eu tinha. Me vesti logo e só maquiei e soltei os cabelos. Deixei uma folha de caderno, avisando meu pai que tinha saído com minha amiga do prédio, que ele ainda não conhecia mas que logo iria conhecer.
- Como a gente vai? - eu perguntei
- Uns amigos meus, você vai adorar conhecer eles! Já estão a caminho - ela disse
- Vamos descer então - eu disse
- Vamos - ela sorriu
Descemos e esperamos os '' amigos '' dela na entrada do prédio. Quando um carro preto, com os vidros abertos parou, ela disse: ''vamos'' e pegou na minha mão. Entramos no carro e eles cumprimentaram ela e depois me cumprimentaram.
- Oi gata - um deles falou, com a voz meio feminina
- Oie - eu disse
- Então essa é a que vai a-ra-zar na night com a gente hoje Mari? - outro deles falou
- Essa mesmo amores - ela riu
De cara eu já tinha reparado que eles eram gays. E bonitos, todos bem lindos e educados. No caminho, cada um deles me falava um pouco da sua personalidade e contavam algo sobre o seu ultimo relacionamento. Nos divertimos muito, chegamos na boate nuns 10 minutos e entramos
Tinha musica eletrônica alta e várias bebidas. No começo eu fiquei meio sem graça com os meninos, mas logo eles começaram a dançar entre si e eu acabei entrando na roda. Foi uma das melhores noites que eu tive esse ano, as outras eu nem preciso dizer com quem foi, né?
Não me lembro a hora que eu e Maria chegamos em casa. Nos despedimos lembrando e rindo de uns caras bêbados que estavam mexendo com agente na boate.
- Obrigada pela noite maravilhosa tá? - eu disse
- Obrigada você! Seremos ótimas amigas - ela sorriu
E ela tinha razão. Fui pra casa e conferi se meu pai estava em casa e nada, provavelmente ele iria dormir na casa da minha madrasta.
Cheguei no meu quarto e, eu já sentia uma dor de cabeça de leve, por conta de uns drinks que eu tinha tomado. Quando tirei os sapatos o telefone fixo tocou, peguei e super preocupada atendi. Logo imaginei que alguma coisa de ruim tinha acontecido com meu pai, mas eu estava enganada depois que eu disse alô.

Era só meu irmão...Onde histórias criam vida. Descubra agora