Trigésimo quinto capítulo!

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Meu pai pagou a conta e fomos pra casa, a casa da minha madrasta. Senti um frio na barriga na hora que entrei, sabe aquela sensação de não ser bem vinda em um lugar? Então. Era isso que eu senti. Logo esse frio passou, vi o Pedro sentado no sofá e sorrindo pra mim. Sorri também e subi para o meu quarto.
Não tinha visto minha madrasta ainda, talvez ela estivesse trabalhando ainda, ou estava no quarto. Juntei todas as minhas roupas numa mala que ja estava na minha cama, tudo que era roupa foi pra mala. Só peguei em uma sacola as coisas que estavam no banheiro. Meu pai já havia até levado meu computador, dei falta da mesinha dele. Chamei o Pedro para que me ajudasse a levar a mala de roupa pra baixo, estava pesada e eu não tinha aguentado tirar ela do chão. Pedro chegou, e como se não estivesse pesando nada, levantou a mala e a levou. O acompanhei até o carro, ele colocou a mala no porta mala e se virou pra mim, sua expressão era triste.
- E agora? - ele me olhava
- Não sei - eu o abracei
Não sei por quanto tempo ficamos abraçados, só sei que paramos quando ouvimos meu pai descendo a escada. E como sempre, fingimos que nada de mais estava acontecendo. Quando estava. Eu estava prestes a me separar de Pedro e correr o risco de nem o ver direito novamente. Eu queria chorar, mas meu pai notaria. Então optei por ficar parada, olhando pro Pedro e ele olhando pra mim, como se a gente quisesse que a nossa memória gravasse cada traço do nosso rosto.
- Vamos Luiza - meu pai disse
- Vamos - eu desviei o olhar de Pedro
- Tchau mané, vou voltar pra te visitar hein? - meu pai olhava pro Pedro
- Pode deixar paizão, vou te esperar. Mamãe também. - ele sorriu
- Me liga - falei o mais baixo que pude
Entramos no carro e fizemos o caminho. Meu pai parou o carro na frente de um lindo prédio, com um supermercado em frente. Eu já conhecia aquela rua, eu passava por ela pra ir ao colégio.
Meu pai desceu primeiro e eu o segui, ele bateu interfone em algum apartamento e só disse: '' É o novo morador do 301 '' e a pessoa abriu.
Entrei calada, só olhando como o prédio era mais bonito por dentro do que por fora até pararmos na porta do 301. Meu pai pegou na maçaneta e me olhou
- Quer dar as honras ? - ele parecia animado
- Não pai pode abrir - eu ri da cara dele
Quando ele abriu, dei de cara com a sala. Era linda, realmente era um apartamento lindo. Estava todo mobiliado, ele entrou primeiro e me chamou
- Ei, o que achou da sala? - ele me olhava
- Nossa pai, é linda - eu sorri maravilhada
- Escolhi a cor azul porque sei que é sua preferida - ele disse
Parei pra reparar, os sofás eram brancos com as almofadas azuis, o tapete era azul e a estante branca.
- Nossa, vamos conhecer o resto - eu abri a próxima porta
- E essa é a cozinha! - meu pai disse
Era toda preta e branca. Tudo preto e branco. E os '' móveis '' de inox.
- Oh my god! - eu disse, ainda ríamos
- É linda né? Achei sua cara. Afinal, quem vai limpar tudo é você mesmo. - nós rimos
- Engraçadinho! Quero ver meu quarto - eu disse
Ele logo se passou na minha frente e me pegou pelo braço, me levando á outra porta.
- Esse aqui você pode fazer as honras. - ele disse
Eu abri a porta e, era meu quarto. Todo branco com uma parede azul, e a outra em frente ela toda de espelho, do jeito que eu sempre quis. Minha cama era de casal, e também estava com um forro branco. Meu guarda roupas era da cor da mesinha do meu computador, que já estava no canto do quarto.
- Pai, é perfeito! Como foi que você fez tudo tão rapido? - eu o olhei preocupada
- Já comprei mobiliado e só pintei algumas paredes de azul mesmo - ele riu
- Nossa pai - eu o abracei
- Agora temos nosso cantinho - ele riu
- É.. Cadê seu quarto? Quero ver - eu abri a porta em frente a minha
- Meu quarto é de patrão - ele deitou na cama
Era parecido com o quarto dele e da minha madrasta, só que mais sofisticado. Nem reparei muito, fui direto pro meu quarto arrumar minhas coisas.
Guardei algumas roupas na gaveta do guarda roupa e reparei que havia uma porta na qual eu não tinha entrado ainda, dentro do meu quarto. Quando abri era um banheirinho, pequeno mas perfeito pra mim.
- Pai, você não me disse que tinha um banheiro aqui - eu gritei para que ele escutasse
- Ah, esqueci desse detalhe - ele riu
- Detalhe. - eu disse
Continuei organizando minhas coisas, arrumei todo o meu novo guarda roupas e coloquei algumas coisas no banheiro. Ouvi meu celular tocar, era Pedro.
- Oi amor - ele disse
- Oi amor - eu disse
- Tá no apê novo? - ele perguntou
- Sim, tô arrumando minhas coisas - eu disse
- Nossa... Parece que tem alguma coisa faltando aqui, parece não, tem alguma coisa faltando aqui - ele disse, sua voz era diferente, era triste.
- Eu sei amor, mas não fica assim, a gente... - antes de eu terminar ele me interrompeu
- Dá pra gente se encontrar hoje? Aproveitar que hoje é domingo, não temos nada pra fazer e você já tá terminando de organizar suas coisas... Eu te busco aí de moto. - ele atropelava as palavras
- Tá amor, vem, você sabe onde é? - eu perguntei
- Sei, seu pai deixou o endereço aqui. - ele disse
- Tá, tô te esperando - eu falei
- Já há tô ai, beijo - ele desligou
Continuei arrumando minhas coisas em meu quarto, depois de umas meia hora o interfone tocou
- Olha, nossa primeira visita! Quem será? - meu pai brincou
- É o Pedro. Ele veio trazer uma blusa minha que ficou lá - eu menti
Desci a escada correndo e o encontrei encostado na moto, ele estava meio triste, aparentemente.
- Oi amor - dei um selinho nele
- Oi, tô mal - ele fez biquinho
- Porque? - eu o olhei
- A gente vai ficar tão longe... - ele disse
Eu o abracei, foi a única reação que eu tive.
- Precisamos contar pro seu pai - ele me olhava sério
- E pra sua mãe - eu disse
- Pra quem contamos primeiro? - ele sorriu
- Não, não é assim que as coisas funcionam Pedro. - eu o olhava
- Como é então? - ele me olhou confuso
- Vamos ter que arcar com várias consequências. Uma delas é um NAMORO. Você tem idéia do que é isso? Abrir mão de tudo, de sair, de ''pegar geral'' - eu disse
- Tenho idéia agora que estou com você. É isso que eu quero pra mim, eu te amo. E você, o que quer? - ele me olhava sério
- É claro que eu também quero. O que eu mais quero! - eu sorri
- Então, vou fazer o pedido direito. Você quer namorar comigo? - ele sorria
- Deixa eu pensar... - nós rimos
- Claro que sim né amor - o abracei
- Eu conto pra minha mãe, e você pro seu pai ok? - ele falou
Ficamos por um tempinho ali nos despedindo mas logo entrei de novo.
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Era só meu irmão...Where stories live. Discover now