Trigésimo quarto capítulo!

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Quando meu pai dizia ' nossa padaria ' eu já sabia de onde ele estava falando. É a nossa padaria preferida, onde sempre tomávamos café da manhã antes dele se casar, ele ia pro serviço e eu pra escola. Eu realmente sentia saudades da padaria então me empolguei com a idéia e fiquei pensativa por um segundo, não ouvi o que Pedro tinha dito.
- Luiza, tô falando com você - ele me olhava
- Oi amor, repete desculpa. - eu sorri
- O que o seu pai queria? - ele perguntou
- Ele quer me encontrar na padaria - eu disse
- Padaria? Que padaria? - ele parecia confuso
- Uma padaria que a gente frequentava, perto da minha casa antiga.. Estou indo pra lá agora - eu me levantei da mesa
- Quer que eu te leve de moto? - ele perguntou
- Não amor, pego um ônibus e tá tudo tranquilo. - eu dei um selinho nele
- E eu? Fico aqui? Ou vou pra casa? - ele disse e todos nós rimos
- Vai pra casa, sua mãe tá preocupada! Meu pai quem disse! - eu sorri
- Tá bom, mais tarde te ligo - ele se levantou e me beijou
Enquanto nos beijávamos escutava Matheus nos zoar, falando que não era obrigado a ver aquilo de manhã. Só rimos, me despedi de Ana com um grande abraço.
- Muito obrigada amiga, fico te devendo essa. - quase deixo uma lágrima escorrer pelo meu rosto
Saí pela porta e fui ao ponto de ônibus. Ana parecia um anjo, um anjo que Deus colocou na minha vida pra me ajudar a superar certas coisas, pra conhecer o real valor da amizade, não sei como, mas sei que um dia vou conseguir compensar tudo que ela fez por mim.
Peguei o ônibus, desci no meu antigo bairro e fui em direção a padaria.
No caminho, avistei uma menina muito parecida com uma amiga minha que morava ali por perto, mas não imaginei que fosse ela, pois quando ela se virou, estava com uma barriga enorme. Estava grávida. Fui me aproximando e parece que ela me reconheceu, ela sorriu e eu sorri também, ainda em dúvida se era ela ou não.
Quando cheguei mais perto, consegui identificar. Era ela mesmo, ela estava acabada! Os cabelos estranhos, o rosto envelhecido e parecia ter engordado uns 20 quilos. Não acreditei quando eu vi. Ela me abraçou
- Amiga que saudade de você - ela disse
- Ju? É você mesmo? - eu disse, ainda abraçada com ela
- Sim, estou bem diferente né - ela riu
- Nossa, muito! - tentei não parecer muito assustada
- Estou mais... redonda! - ela passava a mão na barriga
- Nossa amiga, ninguém me avisou que você estava grávida! - eu sorri
- Estou, mês que vem o Ítalo já estará aqui - ela alisava a barriga e me olhava
- Nossa que lindo nome amiga! E o pai, é seu namorado? - eu perguntei
- Não... É um cara que conheci numa festa - ela disse me olhando
- Ah...- fiquei sem reação
- Dei muita má sorte né? Mas decidi que vou ter o bebê - ela sorriu
- Isso Ju, meu pai tá me esperando ali na padaria, depois eu volto e passo na sua casa pra conhecer esse bebezão aí - eu alisei a barriga dela
- Volta mesmo, estamos com saudades. Mande lembranças ao seu pai - ela me abraçou novamente
Então entrei na padaria, meu pai estava sentando tomando o cappuccino que ele tomava sempre quando vinha aqui, á mesa já haviam meus pedidos, minha torta favorita e um copo enorme de Coca Cola. Dei um beijo na testa dele e me sentei.
- Oi filha, já fiz os seus pedidos - ele disse
- Tô vendo, que saudade dessa torta - comecei a comer
- Então... - ele me olhou, senti que o papo ficaria sério
- Então. - o olhei
- Não quero falar nada sobre a briga que teve lá em casa. Só quero te avisar uma coisa. - ele me olhou sério, eu fiquei preocupada
- O que? - eu o olhava
- Nós vamos mudar. Eu e você. Ter nossa casa, como era antes. - ele sorriu
- Sério isso? - eu também sorri
- Sério. Olhei um apartamento perto da sua escola e já aluguei. É pequeno, dois quartos com suíte, um banheiro social, uma cozinha, copa e sala. Eu acho que tá ótimo pra gente. - ele sorriu
- Tá ótimo pai! - me levantei e abracei ele, ele ria
- Sai, ta todo mundo olhando - nós rimos
- E que dia mudaremos? - eu perguntei
- É só você ir pra casa e arrumar a suas coisas e já iremos. - ele disse
- E sua mulher? - eu o olhei
- Não vamos nos separar. Só de casa mesmo. Acho que vai ser melhor - ele disse
- Tô me sentindo culpada. - eu fiquei mal
- Não fique. Estou abrindo mão de uma coisa importante pra mim, meu casamento. Mas estou abrindo mão por uma coisa mais importante ainda, você. E ela entendeu. - ele sorriu
- Obrigada pai - o abracei, meus olhos estavam inundados de lágrimas.
Limpei elas antes que caíssem e ele percebesse que eu estava chorando, me sentei novamente e devorei a torta. Combinamos que eu iria lá em casa arrumar minhas coisas e já levar pra casa nova. Eu estava tonta com tanta informação e imaginava como seria morar longe do Pedro, eu não aguentaria só vê-lo na escola. Claro que ele poderia ir pra minha casa, mas meu pai iria saber, ou ver. Pensei que seria a hora de contar tudo que acontece comigo e com ele pro meu pai, e era isso que eu iria fazer.
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