Sexagésimo quinto capítulo!

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- Nem acredito que meu filho vai voltar. - ela me olhou
- É, nem eu. - eu disse
- Surpresa pra você né? - ela perguntou
- Demais viu.. Não imaginava. - eu disse
- Espero que ele não incomode muito você aqui, você tem o seu espaço. Se ele te incomodar você pode me avisar. - ela disse
- Aviso sim, mas o Pedro não é mais um moleque.. Ele agora já tá com 21 anos. - eu disse
- Eu sei, mas não sei se muita coisa mudou... É o mesmo Pedro de sempre. - ela riu
- É... - eu sorri
- E você, é a mesma Luiza de sempre? - ela me perguntou.
Essa pergunta me fez pensar, no que realmente eu tinha mudado. E eu não tinha certeza o que tinha mudado. Acho que ainda era a mesma Luiza de 15 anos, só que um pouco mais realista e com mais maldade em olhar as coisas que aconteciam ao meu redor. Não que isso seja ruim, mas é o que realmente mudou.
Cancelei com o Bernardo e expliquei pra ele que o Pedro ia voltar. Ele não levou muito na boa, mas não tinha muita coisa a ser feita nessa altura do campeonato. Deixei claro que remarcaríamos o cineminha em casa.
No dia de buscar o Pedro no aeroporto, eu não tive coragem de ir junto. Na verdade, eu não tive coragem nem de ficar em casa. Subi e fiquei na casa da Maria até umas meia noite... Quando criei coragem de descer pro meu apê, desci.
Abri a porta, e a luz da sala já estava apagada. A televisão estava ligada, e tinha alguém deitado no sofá. Nem quis ver quem era e fui o mais rápido possível pro meu quarto, ou tentei fazer isso.
- Luiza - meu pai chamou, era ele
- Pai, ta dormindo no sofá? - eu falei baixinho
- Vou pra cama agora, estava preocupado com você. Vá ao quarto do Pedro e o ofereça alguma coisa pra comer, ele deve estar com fome. - meu pai se levantou e foi pro quarto dele.
- Tá. Boa noite. - eu disse
Antes de ver se o Pedro precisava de alguma coisa, fui no quarto e me olhei no espelho. Arrumei um pouco o cabelo e quando eu já estava apresentável, me sentei na cama e criei coragem.
- Vai lá Luiza, que que tem? Você mesmo não diz que não sente mais nada por ele? Vai lá, e pergunta se ele tá com fome ou quer algo pra comer. É simples e fácil. - eu repeti isso pra mim, enquanto sentia minhas mãos soarem e minhas pernas tremerem de leve.
Respirei 10 vezes e fui.
Quando cheguei na porta do quarto, senti o perfume dele. O mesmo perfume, que ele usava quando a gente ainda estava junto. Aquilo me deu tanta vontade de correr e abraçar ele forte, dizer o quanto doeu e o quanto eu sentia saudades, e ouvir da boca dele que ele sentiu o mesmo. Mas a coragem faltava até pra chamar ele pra comer alguma coisa, imagina dizer isso?
Bati na porta e posso dizer com toda certeza: foram os 4 segundos mais longos da minha vida. Quando ele abriu a porta e me viu, não sei explicar a nossa reação. Nem a minha, nem a dele. Acho que era uma mistura de surpresa com timidez com não saber o que falar, com saudade... Ficamos parados, um na frente do outro. Ele me olhando, e eu olhando pra ele. Ele ficou mais bonito, tinha um pouco de barba, mas o rosto ainda era o mesmo. Quando ele sorriu timidamente, eu derreti por dentro. Meu Deus, o que é que está acontecendo aqui? Conti as lágrimas que tentaram se formar, e também sorri.
- Tá precisando de, de... alguma coisa? - eu perguntei, gaguejando
- Ah, não. Tá tranquilo aqui. - ele me olhava
- É que meu pai mandou te perguntar se você não tá com fome. - eu o olhava
- É, tô um pouco. - ele me olhou e ficamos calados.
Não sei por quanto tempo só nos olhamos. Quando voltei pro mundo real eu falei:
- Vou fazer algo pra gente, comer. - eu disse
- Ok. Vou lá na.. cozinha, com você. - ele meio que perdeu a fala.
- Tá bom. - nos olhamos de novo.
Aquele olhar era tudo o que eu precisava saber. Era toda a certeza que eu tinha. Ele ainda me amava, da mesma forma que eu ainda amava ele.
Fomos pra cozinha, em silêncio. Quando chegamos lá, abri a geladeira e peguei um suco. Ele se sentou num banco que estava lá e ficou me olhando. Enquanto eu preparava uns sanduíches ele me olhava, e eu tentando não parecer tão fraca quanto eu estava, como eu ficava na frente dele.
Quando terminei e já estava tudo pronto, o servi e me sentei junto com ele.
- Obrigada. - ele disse
- Nada.. - eu sorri
Comemos em silêncio, até ele falar alguma coisa.
- Você tá fazendo medicina né, parabéns... - ele disse
- É.. Obrigada. - eu respondi
- Nada. - ele sorriu
- E você.. Porque voltou? - eu o olhei
- Vou jogar aqui agora. Meu contrato na Espanha acabou e recebi uma proposta boa pra ficar por aqui, por mais 5 anos. - ele disse
- Hum.. Que bom pra você então, você devia estar com saudades daqui. - eu disse
- Você não imagina o quanto. - ele me olhou
Desviei meu olhar do dele e, quando terminamos de comer, arrumei as coisas rapidinho e nos levantamos. Fui em direção ao meu quarto e olhei pra trás, pra desejar boa noite.
- Boa noite - eu sorri
- Ah, você pode vir aqui rapidinho? É que eu não tô conseguindo deixar esse chuveiro no quente, e já tomei um banho frio - ele riu
- Ah sim, claro. - eu fui
Quando entrei no quarto dele, tinha tanto presente em cima da cama que não tinha como não olhar. Mas mesmo assim continuei andando e entrei no banheiro, fui onde ficava o chuveiro e o mostrei onde é que o problema estava.
- É só você apertar esse botão aqui, duas vezes e a água esquenta, tá vendo? - eu o mostrei
Ele estava muito perto de mim, a menos de 10 cm de distancia.
- Entendi. - ele me olhou e foi chegando o rosto mais perto do meu
- Bom, era só isso? - eu me afastei.
- Não.. Eu tenho um presente pra você. - ele disse
- Um presente? Pra mim? - eu perguntei
- É, eu trouxe pra todo mundo alguma coisa... Acho que você vai gostar - ele disse, procurando no meio dos presentes que estavam em cima da cama
- É esse aqui. - ele me deu uma caixinha
- Nossa.. Obrigada Pedro, não precisava. - eu disse
- Abre. - ele disse
Quando abri, era um colar lindo. com um pingente de coração bem pequeno, cheio de brilhantes.
- Nossa, é maravilhoso.. Mas não posso aceitar isso. - eu o olhei
- Porque? - ele me olhou confuso
- Deve ter sido muito caro e, eu não quero trazer problema pra você. - eu o entreguei
- Para com isso. Vira de costas. - ele falou
- O que? Pra que? - eu ri
- Vira, anda. - ele riu
Fiz o que ele mandou, e quando ele tocou meu ombro, eu fechei os olhos. A mão dele deslizou sobre meus ombros, ele pegou meu cabelo o colocou para frente, deixando minha nuca sem nada. passou o colar pelo meu pescoço e o prendeu. Ele mesmo me virou, e olhou para o colar.
- Ficou mais bonito do que eu imaginava. - ele riu
- Ah até parece. - eu ri, tímida
- Amanhã, você me ajuda a entregar os outros? Tenho que entregar o da Ana, do Matheus... - ele disse
- Hum.. Ajudo, mas agora vou dormir né.. Tá tarde. - eu sorri e fui pra porta do quarto.
- Você tá certa.. Boa noite. - ele sorriu
- Boa noite - fui pro meu quarto.
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FINALMENTEEEEEEE ❤️❤️
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Era só meu irmão...Where stories live. Discover now