Quadragésimo quarto capítulo!

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Quando o sinal bateu fomos embora juntos pelo mesmo caminho de sempre, ele me deixou na porta de casa.
- Boa viagem amor, e cuidado viu? - eu disse
- Pode deixar, eu te telefono. - ele disse
- Ok. - eu o beijei
- Te amo tá? E juízo. - ele me olhou
- Tem de sobra, você sabe - eu ri
- Eu sei. - ele me beijou
- Te amo também. - eu disse
- Agora deixa eu ir amor, porque se depender de mim eu fico te beijando pelo resto da minha vida! - ele riu
- É mesmo! - nos beijamos
Depois ele foi embora. Subi as escadas com os olhos úmidos e com o coração apertado. Fiz meu almoço e depois dormi.
Os dias se passavam devagar, estudei mais do que vivi e fiz algumas provas de fim de bimestre. Pedro não conseguia me ligar de onde ele estava, então trocávamos mensagens de texto praticamente o dia inteiro. Ele não sabia o dia que viria embora e eu também não quis demonstrar pra ele que eu estava morrendo de saudade, e na verdade eu estava. Morrendo de saudade.
Quando o fim de semana da festa da Ana chegou, ele ainda não sabia se iria embora! Perdi todas as esperanças dele ir comigo mas não me desanimei. Vou pela Ana, eu pensava. Tomei banho e sequei o cabelo com um secador, depois fiz cachos com a prancha. Fiz uma maquiagem preta com azul e coloquei o vestido. Calcei uma sapatilha, como meu sapato não aparecia pois o vestido tampava, achei desnecessário colocar algum tipo de salto. Deixei a máscara por ultimo, quando já estava quase pronta meu pai pediu para que eu avisasse quando quisesse ir.
- Já podemos ir. - eu disse
- Você está bem meu amor? - ele perguntou
- Sim. Porque não estaria? - eu o olhei
- Porque o Pedro não está indo com você. - ele disse
- Estou bem pai. Vamos. - peguei minha máscara
Pegamos o carro e fomos pra onde seria a festa. Era um pouco longe do meu bairro, mas não me importei com isso. Na hora de voltar eu dava um jeito, ligava pro meu pai. O que estava me matando mesmo era a saudade. E até agora eu não tinha recebido nenhuma mensagem de texto dele, isso me matava. Me deixava mais aflita ainda.
Quando chegamos Ana estava na porta, recebendo os convidados. Era uma casa linda, branca e enorme. Um jardim onde estavam umas tochas acesas e uma piscina nada discreta em frente a casa. Já estava bem cheio quando cheguei.
- Obrigada pai, qualquer coisa eu ligo no seu celular. Ou volto com a Ana - eu dei um beijo no rosto dele
- Cuidado. E aqui... - ele disse
- O que? - eu o olhei
- Você tá uma princesa - ele riu
- Bobo - eu ri
Desci do carro e entrei. Ana estava linda, estava do jeito que eu imaginei que ela ficaria. Ela aproveitou pra entrar junto comigo.
- As próximas pessoas que chegarem o segurança libera - ela piscou
- Está tudo lindo amiga. - eu sorri
- Tô te achando meio deprê... - ela me olhou
- Impressão sua. - eu tentei sorrir
- Pedro né... Ele ainda não chegou - ela me olhou com cara de pena
- É. - eu concluí
- Relaxa amiga, relaxa - ela sorriu
Pegamos uma bebida e como sempre, comentamos sobre as pessoas. Todo mundo estava elegante, as meninas da escola estavam lindas, os meninos também... E parecia que todo mundo estava se divertindo horrores.
Enquanto ainda conversávamos, Matheus chegou e nos cumprimentou. Ele não estava de terno, estava de smoking e com a máscara na mão.
- Oi gatinha cadê o Pedro? - ele me olhou
- Acho que não vem. - eu disse
- Mas ele... - ele disse
- Cala boca Matheus, ele não vem. - Ana o olhou
- Ah é! Que chato em... - ele riu
Não entendi o motivo do riso dele. Era engraçado eu ficar de vela pros dois? E como se não bastasse eles se beijaram, o que me fez sair de perto deles e pegar outra bebida. E outra e depois outra. Eu me sentei e só observei as pessoas dançando, todos se divertindo muito e alguns garotos tentando se dar bem com umas meninas da escola. O que me fez rir um pouco.
Sem que eu percebesse, um garoto de terno e com uma máscara preta se aproximou de mim. Só senti sua mão em meu ombro e olhei.
- A senhorita está sozinha? - ele disse
- Sim. - desviei o olhar pra pista de dança de novo
Começou uma musica mais lenta, e de repente a pista de dança estava cercada de casais.
- Me dá a honra de dançar com você? - ele pegou minha mão
- Olha eu tenho namorado. - eu disse
- Só uma dança. - ele riu
Me levantei e fomos pra pista. Começamos a dançar em silêncio até ele começar a falar.
- Onde seu namorado está? - ele perguntou
- Ele foi jogar bola em outro estado e não voltou a tempo. - eu olhei pra baixo
- Ele é muito sortudo, você é linda. Pelo menos parece linda com essa máscara - ele riu, a voz era familiar
- Ele acha - eu ri
- Todo mundo acha - ele riu
Quando ele riu, eu reconheci aquele sorriso e automaticamente sorri também.
- Eu acho que você também está um pouco bêbada né? - ele continuou sorrindo
- É... Tô até te confundindo com uma pessoa - eu ri
- Com quem? - ele me olhou
- Esquece... - eu disse
- Com seu namorado? - ele perguntou
- Bobagem minha - eu disse
Continuamos dançando até a musica acabar e depois a pista voltou pro pique de antes. Ele continuava me olhando e sorrindo, e isso me deixava sem graça. Quando me virei para voltar pra onde eu estava sentada, ele puxou meu braço e me virou
- Não vai nem perguntar meu nome? - ele sorriu
- Não. - eu me virei e ele me puxou de novo
- O que foi menino? - eu fiquei nervosa
- Sou eu amor. - ele tirou a máscara
Era o Pedro. Meu coração acelerou de repente e nós sorrimos. Demorou uns dez segundos para eu cair na real e lembrar que eu já tinha bebido demais.
- Acho que to tendo uma alucinação - eu disse
- Sou eu amor, olha! - ele ria
O olhei durante pouco e tempo e o beijei, e que saudade...
- Não acredito - eu ri
- Nossa que saudade! - ele me abraçou
- Você só pode estar querendo me matar do coração, sério! - eu disse
- E você já tomou uns drinks né amor? - ele riu
- Um pouco. Sabia que é um tédio vir sem o namorado pra uma festa? - eu disse
- Sabia, eu que o diga... - ele disse
Por um tempo só ficamos abraçados, enquanto a festa rolava. Era como se tudo que estivesse em nossa volta não existisse mais.
- Porque não me avisou que você viria amor? - eu perguntei
- Ah... Todo mundo já sabia, eu só queria fazer surpresa. - ele sorriu
- Hum, agora eu entendo o estranho comportamento da Ana e do Matheus - eu ri
- Idiotas, não era pra dar nem uma mancada! - ele riu
Ana e Matheus chegaram atrás de nós.
- Tô vendo que já rolou aquela surpresa né? - Ana riu
- Amiga não custava nada você me falar - fiz biquinho
- E estragar a surpresa? Jamais! - ela sorriu
- Chata. - mostrei a língua
- Que saudade em brother - Matheus abraçou o Pedro e eles ficaram conversando
Depois eu e Pedro bebemos um pouco e conversamos com alguns amigos dele da escola. Era umas duas da manhã quando fomos embora, eu já não aguentava ficar com aquele vestido.

Era só meu irmão...Onde histórias criam vida. Descubra agora