Sexagésimo sexto capítulo!

6.1K 391 11
                                    

Acordei de manhã depois do susto, e só fiz uma coisa: ligar pra Ana. Contei pra ela do presente, da invasão dele aqui no meu quarto de madrugada e principalmente de que hoje iriamos encontrar com ela. E é claro, que pedi pra ela não dar nenhuma mancada igual ela deu perto do Bernardo.
- Peraí, para o mundo que eu quero descer. - ela disse
- O que ? - eu ri
- Você tá me dizendo que o Pedro foi aí no seu quarto de madrugada? - ela riu
- É! Juro! Ainda tomei um susto, e ele ficou tão lindinho quando ficou sem graça... - eu disse
- Será que ele tá solteiro? - ela me perguntou
- Eu que vou saber? Nem conversei com ele direito. Aliás, nem sei se quero. - eu disse
- Para, você quer muito. - ela disse
- Quero nada. - menti
- Quer sim. - ela insistiu
- Tá, isso não importa. Mais tarde passo aí, beijos. - eu disse
- Beijo. - ela desligou
Tomei um banho e fui pra cozinha tomar café, e os dois homens da casa estavam na cozinha, falando de alguma coisa e rindo.
- Bom dia - eu disse
- Bom dia - meu pai me deu um beijo na testa
- Bom dia. - ele sorriu
- Tem pão de queijo no forno. - meu pai disse
- Ok. - eu respondi
Tomei café com eles, que falavam de futebol e me deixaram totalmente fora do assunto. Quando terminei, Pedro me chamou pra ir com ele na casa do Matheus, eles iriam almoçar lá. Topei né, combinei de ir com ele entregar os presentes e eu queria sim passar mais tempo com ele.
- Só vou tomar um banho e me arrumar, e a gente vai. - eu sorri
- Ok. Vou te esperar. - ele ficou me olhando.
Enquanto eu '' fingia '' tomar banho, liguei pra Maria e estava contando sobre a noite de ontem bem baixinho dentro do meu quarto.
- Você não vai voltar com ele né? - ela perguntou
- Claro que não. - menti
- Ah, porque não sei se você lembra mas ele te deixou pra ir jogar futebol! - ela disse
- Tá bom amiga. Depois a gente conversa preciso me arrumar - eu disse
- Ok, quando chegar me liga. - ela disse
- Tá bom, beijo - eu disse
- Beijo - ela desligou
Coloquei um short jeans e uma camiseta e molhei o cabelo de novo, passei uma leve maquiagem e um pouco de perfume. Quando saí do quarto, dei de cara com ele sem camisa, secando as costas. Ele já estava de bermuda e o cabelo bem molhado.
- Já tá pronta? - ele sorriu
- É, tô. - eu coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha
- Você não muda né? - ele riu
- Acho que não.. - sorri
- Só vou colocar uma camisa, e já vamos. - ele disse
- Ok. Tô aqui na sala. - eu fui pra sala
- Tá bom. - ele entrou pro quarto
Me sentei na sala e o esperei por uns 2 minutos, ele estava com uma sacola na mão onde os presentes estavam e abriu a porta pra mim. Quando fomos pra garagem, pensei em irmos no meu carro e falei pra ele.
- Não, vamos no meu. - ele disse
- Podemos ir no meu, sem problemas! - eu sorri
- O meu tá mais fácil de sair daqui. - ele apontou
Verdade. Algum morador fez a questão de colocar um carro na frente do meu e deixar mais difícil minha saída.
- Tá bom então, vamos no seu. - eu disse
- Oba. - ele riu
Não entendo muito de carro, aliás nunca entendi então não sei o nome do carro nem nada. Só sei que era um carrão, daqueles de filme americano, sabe? Lindo, prata. Ele só destravou e eu mesma entrei e me sentei. Ele fez o mesmo e em pouco tempo já estávamos fora da garagem.
- O carro é lindo. - eu disse, tentando quebrar o silêncio
- Só o carro? - ele riu
- Deixa de ser bobo menino - eu ri
- Menino... É engraçado você falando isso. - ele riu
- Por que? - eu perguntei
- Já tô ficando velho, acho que depois de você ninguém nunca mais me chamou de menino. Nem a minha mãe. - ele riu
- Pra mim você ainda é.. - eu disse
- Ainda. - ele repetiu
- Você não pode ter mudado tanto. - eu disse
- Tem certas coisas, que não mudam, né? - ele me olhou
Ficamos nos olhando não sei por quanto tempo, estávamos parados no semáforo e ele foi chegando mais perto e mais perto e logo virei o rosto.
- Só vou ajustar o retrovisor - ele riu
- Já sabia. - eu ri
Continuamos andando em silêncio, paramos novamente em outro semáforo quando ele disse:
- Posso te perguntar uma coisa? - ele me olhou
- Pode falar. - eu disse
- Não, na verdade eu só quero conferir uma coisa. - ele disse
Ele chegou mais perto de mim, deixando sua boca muito perto da minha. Ouvi o barulho da nossa respiração e mesmo sem entender nada, deixei ele ficar ali, me olhando bem de pertinho. Senti a mão dele em cima do meu peito, como quem quisesse sentir meu coração.
- Tá, já deu né. - eu tirei a mão dele
- Sabia. - ele riu
- Sabia o que? - eu perguntei confusa
- Deixa pra lá. - ele acelerou
Fomos o resto do caminho calados. Quando chegamos na casa do Matheus, Ana já estava lá.
- E aê parceiro - eles se cumprimentaram
Se abraçaram, se beijaram, se carregaram, um ficou zoando o outro... Tava muito engraçado e lindo ao mesmo tempo, como a amizade dos dois era sincera só do jeito que eles se tratavam.
- Nossa, o Pedro tá lindo. Com todo respeito amiga. - Ana riu
- É... - eu ri
- Você já ficou com ele? - ela perguntou
- Não. E nem vou. O Pedro, não quer mais nada comigo. - eu disse
- Ah para! - ela riu
- Que foi ? - perguntei
- Olha o jeito que ele olha pra você! Como você tem coragem de falar isso? Tá na cara que ele ainda te ama. - ela me empurrou
- Ai - eu ri
- Olha ele e o Matheus, parecem duas crianças que não se viam a muito tempo. - ela riu
- É, mas eles não são mais crianças viu... Pedro cresceu, e amadureceu. E muita coisa que antigamente era bom pra ele, hoje em dia não deve ser mais. - eu disse
- Como assim? - ela perguntou
Quando ia responder eles se aproximaram da gente e sentaram perto de nós. Ficamos na sala conversando, o Pedro contando da viagem e tudo mais. A mãe do Matheus fez macarrão de almoço, especialmente pro Pedro, e depois passamos a tarde vendo filme e vendo os bonitos jogarem videogame.
Ficou tarde e chamei o Pedro para irmos. Ele se despediu do Matheus e fomos pro carro.
- Quer ir embora pra casa mesmo? - ele me perguntou
- Tá tarde. - eu sorri
- Tá com pressa? - ele perguntou
- Não, porque? - perguntei confusa
- Porque a gente vai pra outro lugar. - ele sorriu
Antes que eu pudesse responder ou impedir, ele acelerou e eu preferi nem dizer nada. A cada vez mais que ele acelerava eu não mais reconhecia o caminho.
••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••
Leia também "Melissa"
Leia também "One new word!"

Era só meu irmão...Where stories live. Discover now