Trigésimo sexto capítulo!

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Quando cheguei no apartamento meu pai estava lutando para ligar a tv.
- Quer ajuda aí cara? - eu disse
- Na verdade sim, não entendo muito desses eletrodomésticos novos - ele riu
- É. Deu pra perceber pai - eu peguei o controle de sua mão
- Cadê a blusa ? - ele perguntou
- Que blusa? - eu o olhei normalmente
- A blusa que o Pedro veio trazer pra você, oras. - ele me olhava, fiquei sem palavras
- Ele... Ele esqueceu pai - eu tentei disfarçar
- Esqueceu? Mas ele não veio aqui só pra trazer a blusa? Como é que ele esqueceu Luiza? - ele me olhava confuso
- O Pedro é voado. - eu o olhava
- Você tá mentindo pra mim. - ele me olhava
- Não pai - tentei rir
- Está sim. Te conheço. - ele sorriu - O que está acontecendo? - ele parecia confuso
- Precisamos conversar pai - eu disse.
Logo depois me sentei no sofá e ele também se sentou, minhas mãos soavam e eu sentia que era a hora de falar pro meu pai. Não sei como fiquei, só sei que comecei a falar.
- Pai... Eu e o pedro... - foi só o que eu consegui dizer primeiro
- Você e o Pedro? - ele me apressou
- A gente tá ficando - eu o olhei
- Vocês estão o que? - ele me olhou confuso
- Já disse pai - virei o rosto
- Você tá ficando com seu irmão? - ele me olhava
- Ele não é meu irmão pai, você sabe! - eu estava frustrada
- Mas vocês nunca... Você é muito nova! Ele é muito velho pra você! E vocês faziam tudo pelas minhas costas? - ele ficou nervoso, não consegui segurar minhas lágrimas
- A gente tinha medo de contar pai! Eu não queria que você tivesse essa reação que a você tá tendo agora! - eu chorava
- E qual outra reação eu posso ter sabendo que minha filha e meu '' filho '' mentiram pra mim uma coisa dessas? Pra mim a gente não tinha segredo! - ele me olhava
- Mas a gente não tem! Só que eu não sabia como te falar! - eu gritava
- Não sabia? Era só abrir a boca e contar! Aposto que todo mundo sabe, menos eu - ele parecia chateado
- Ninguém sabe pai, nem sua mulher sabe. Ele vai contar pra ela também. - eu o olhava
- E ele quer o que? Te namorar? Porque você sabe que o Pedro não vale nada! Não vale o prato que come! - ele aumentou o tom de voz
- Não fala assim dele, ele mudou pai! - eu chorei ainda mais
- Não, não vem defender ele aqui não que você sabe como ele é! - ele apontou o dedo no meu rosto
- Era só isso que eu tinha pra falar com você - eu disse e me levantei
Corri o mais rápido que pude para meu quarto e tranquei a porta, fiz o mesmo de sempre: deitar na cama e chorar. Chorar muito.
Eu não esperava essa reação do meu pai. Burra. Claro que ele ia ter essa reação! Eu queria o que? Que ele achasse graça quando eu contasse? Tentei o entender e consegui. Mas minhas lágrimas ainda rolavam. Meu pai bateu na porta.
- Luiza abre a porta - sua voz era calma
- Me deixa ficar sozinha pai, por favor - minha voz dizia que eu estava chorando
- Tá. Ainda não terminamos essa conversa - o tom de voz dele era normal
Tentei parar de chorar, fiquei deitada pensando na conversa com meu pai e pensando em como as coisas iam ser daqui pra frente até que meu celular vibrou, era uma mensagem do Pedro assim: pronto, agora ela sabe que eu estou apaixonado por você e vou te fazer feliz. beijo
Fiquei feliz ao ver a mensagem, mas também fiquei preocupada. O que será que ela tinha achado disso? Afinal, eu e ela não éramos melhores amigas. Pior ainda, além de ter tirado o marido dela de casa, eu ainda namoro o filho. Creio que ela não tenha gostado muito. Não conti a vontade de saber e liguei pra ele.
- Amor o que sua mãe falou? - eu disse logo depois que ele disse alô.
- Ela gritou, berrou e chorou. Mas acho que entendeu. No final ela disse: se te faz bem meu filho, que você seja feliz. E depois me abraçou. Tô aqui fora tomando um ar, não foi fácil. - ele riu
- Nossa. - eu disse
- E seu pai? - ele perguntou preocupado
- Acho que também entendeu. Mas disse que esse assunto ainda não terminou. Vamos esperar um tempo. - eu disse
- Um tempo? - ele perguntou
- Sim, para eles aceitarem isso tudo. - eu disse.
- Mas e a gente? - ele perguntou
- A gente vai esperar. - eu disse
- Não vamos mais se ver? - ele perguntou novamente
- Claro que vamos. Estudamos no mesmo colégio, sabia? - eu ri
- Ah, mas só la? - ele lamentava
- Por enquanto sim. Acho que é o melhor agora amor. - eu falei
- É, acho que você tem razão. - ele disse
- A gente nunca tem certeza de nada né? - eu ri
- É. acho que nunca. - nós rimos
- Só não esquece que eu te amo, tá? - eu disse
- Eu também te amo meu amor, muito, não sei como só percebi isso a pouco tempo atrás. - ele disse
- É, perdemos um tempão né? - eu ri
- É verdade, perdemos muito tempo... Se eu soubesse que algum dia me apaixonaria desse jeito... - ele disse e eu interrompi
- Ia fazer o que em Pedro? - eu fingi estar nervosa
- Ia te agarrar quando você veio aqui em casa pela primeira vez - ele riu
- Ah sim. Você nem sabia o que era beijar, quem dirá me agarrar. - zombei dele
- Eu nasci com pegada. - ele se gabou
- Ah pronto! - eu ri
- E a casa amor? É legal? - ele perguntou mudando de assunto
- Apartamento né. É sim, super lindo - eu disse
- Vai ser melhor pra você, só não sei se vai ser melhor pra minha mãe. - ele disse
- É, eu sei disso. Não vamos entrar nesse assunto. - nós dissemos a última frase juntos e rimos
- Amor, vou terminar de organizar as coisas aqui. Nos falamos amanhã no colégio. - eu disse
- Vou te esperar ai na porta, afinal é meu caminho também. - ele disse
- Ok. - eu esperei ele se despedir
- Te amo. - ele disse alto, eu ri
- Também te amo, beijo. - desliguei.
Eu estava criando coragem pra sair do quarto, não sei se deveria mas senti vergonha. Estava sem graça pra olhar pro meu pai. Mas mesmo assim saí e fui ver se já tinha água na geladeira. Peguei um copo que estava no armário perto da geladeira e coloquei. A agua não estava muito gelada, acho que meu pai devia ter colocado a pouco tempo. Enchi meu copo e tomei. Quando me virei dei de cara com meu pai, fiquei sem reação.
- É, quero água também. - ele disse, enchi o copo novamente e dei pra ele
- Quanto tempo vocês estão juntos? - ele disse quando terminou de tomar
- Pouco tempo. 1 mes, por ai. - eu disse sem nenhuma expressão no rosto
- Ah. Acho bom ele vir aqui pedir sua mão, porque antes disso ele não vai namorar no meu sofá. - ele sorriu
- Você tá falando sério? - eu sorri
- Com essa condição. - ele me olhava sorrindo
- Sabia que você não ia me decepcionar! - abracei ele
- Tá, agora me deixa ir assistir meu futebol na minha tv nova. - ele foi pro quarto
- E eu vou pro meu, me olhar naquele espelho enorme - nós rimos
Entrei pro quarto com um sorriso de orelha a orelha, eu sabia que meu pai ia '' entender ''. A gente nunca ficou brigado mais que umas horas, algum dos dois sempre dava o braço a torcer. Só que eu imaginava que dessa vez seria diferente, ainda bem que não foi. Quando voltei pro quarto, liguei a tv e deitei. Até agora meu dia ainda tinha sido bem movimentado, eu só podia relaxar, afinal era domingo e amanhã tinha aula, acordar cedo, estudar, enfim. Tudo de novo. Pensei em contar pro Pedro que meu pai e eu já estávamos na boa, mas a preguiça falou mais alto. Acho que adormeci um pouco, quando acordei estava passando Fantástico. Continuei deitada, peguei meu celular e tinha uma ligação perdida da Ana. Retornei.
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