Prólogo

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Ela sentia o sol em sua pele, o sal em sua pele, a brisa em seus cabelos. Sentada na grama verde, via a extensão de areia branca percorrendo toda a praia, nenhuma pedra para se botar defeito. Nenhuma pedra como se todo seu caminho de vida fosse livre de obstáculos também. O mar era extenso, longo, projetando incertezas em seu coração.

Nunca em sua vida pensou que estaria em um impasse, em um golpe, algo que nem os melhores filósofos de Ártemis poderiam lhe ajudar. Os três navios se aproximavam devagar em sua costa, e a morena teve certeza que o destino estaria traçado quando ancorassem.

Ela entendia das estrelas, da matemática, da filosofia, mas não conseguia entender como seu pai tinha a deixado sem proteção alguma dentro do próprio reino.

Giovanna tocava a baixa folhagem, sentindo em seus dedos como aquele lugar falava com ela em cada detalhe. Olhou para o lado e viu seu arco e suas flechas, pensando que seu perigo dali para frente era muito maior do que seu dom para caça poderia resolver.

— Princesa? — ouviu a voz de Alessandra atrás dela e olhou por cima do ombro.

Sua criada, sua melhor amiga desde a infância, se aproximava com seus melhores trajes. Tecido azul, uma tira em vermelho amarrada em sua cintura, braceletes nos punhos, lhe diziam que o pior estava por vir antes do que ela esperava.

— Por que está vestida assim?

— A Majestade te chama no palácio.

— Está com sua roupa real, por que está fazendo isso?

— Porque o Rei de Ariccia está chegando, Giovanna, e deveríamos entrar para você se trocar logo.

— Só pode estar brincando que vai me trair dessa forma. — Giovanna bufou, se levantando e arrumando o tecido azul claro de seu vestido.

— Não estou te traindo, eu sou filha dessa terra também, e eu quero protegê-la.

— Eu posso fazer isso, você sabe que eu posso.

— Eu não duvido disso, nem sua mãe e nem seu pai, mas os cinco reinos jamais te aceitarão como rainha.

— Por que sou mulher? Eu sou a escolhida das deusas, eu não tenho culpa que eles não entendem isso.

— Não são como nós, Giovanna. A palavra do Olimpo não vale nada aqui embaixo.

— E ainda esperam que eu me arrume para que o Rei de sei lá onde me veja? Me olhe?

— Nero é o rei, e se ele quer te ver, ele vai te ver. Ártemis depende dele.

— Ártemis tem a mim, não precisa de homem nenhum. — Giovanna rebateu com firmeza, colocando o arco em suas costas, as flechas no bolsão de seu cavalo.

Oríon era um cavalo preto imponente, o único com essa cor em todo reino. Era dela, escolhido por seu pai a dedo. Giovanna subiu nele com maestria, Oríon e a princesa eram tão interligada que pareciam dividir a mesma alma. Alessandra respirou fundo, tentando manter a calma para voltar até a Rainha Felíccia.

— É totalmente justificável como os deuses preferem Ártemis, jamais deixariam belas moças viverem em lugares que não fizessem jus a sua beleza. — Alexandre ouviu o comentário de Rodrigo e respirou fundo para manter a calma com o chefe de seu exército.

Que conseguia se comportar pior que seu filho de 5 anos.

— Comporte-se, Rodrigo. Não faça eu me arrepender de ter vindo.

— Se a princesa for tão bonita quanto as comuns, você é um homem de sorte.

Nero viu quando o que parecia ser alguém do reino se aproximando em cima de cavalos. O líder deles vestia roupas militares, como ele e Rodrigo também usavam. Vinha junto com outros dois soldados, que seguravam dois cavalos na rédea. O homem desceu e se aproximou. A capa dourada esvoaçava com a brisa do oceano, o olhar dele era duro. Ele não parecia gostar da visita.

Ouro de Ártemis Donde viven las historias. Descúbrelo ahora