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Com a resposta da princesa, os dois ficaram mudos. Felíccia por vergonha, Nero por admiração. A matriarca Antonelli tinha certeza que estava sendo castigada por toda diversão da juventude, ter uma filha tão determinada assim era uma grande dor de cabeça, e se perguntava se sua mãe passou pelas mesmas coisas até finalmente conseguir lhe casar com Heri.

— Giovanna!

— Eu achei linda a cor. — Alexandre falou.

Ele sabia que não teria nada melhor do que ignorar as provocações da princesa. Ela era jovem, inexperiente em todos os sentidos. Estava entrando em um jogo de adulto, algo que nem teria como lutar, por mais corajosa que fosse.

Giovanna se aproximou dele e estendeu a mão para que ele a cumprimentasse. Devagar, Alexandre se ajoelhou na frente dela, arrancando um riso abafado de Rodrigo. Tomou a mão da donzela com cuidado, sua pele era tão macia que era quase injusto ele lhe tocar com suas mãos ásperas.

— É uma honra conhecer a famosa princesa de Ártemis.

Giovanna sentiu um arrepio diferente quando os lábios do homem tocaram sua mão. A barba, ainda que não muito grande, arranhou sua pele. Os fios bagunçados, meio pretos meio brancos, chamaram sua atenção, e os olhos quentes que encontraram os dela a fizeram temer pela própria vida.

Tirou a sua mão rapidamente como se tivesse tocado fogo.

— Não posso dizer o mesmo. — ela rebateu entre os dentes.

— Chega, Giovanna! — sua mãe gritou irritada, explodindo com o completamente de sua filha.

Felíccia pegou Giovanna pelo braço, a puxando pelo salão até uma porta que daria para um corredor vazio. Alexandre se prendeu no olhar dela, que também não conseguia desviar do dele. A princesa sentiu seu corpo ser jogado para fora do salão com agressividade, só então olhando para sua mãe. Felíccia tinha raiva e decepção.

— Escute, Giovanna, mas me escute bem. Até agora eu não fui nada além de tolerante com a sua tristeza pela morte de seu pai, mas chegamos ao limite. Isso que você fez foi inadmissível.

— Inadmissível foi meu pai me negociar a um forasteiro, dando nosso reino de bandeja.

— Você não entende nada do que seu pai fez, não entende porque nosso erro foi ter te mimado demais, nosso erro foi pensar que você poderia pensar como uma rainha!

— Eu penso como uma, eu penso em salvar nosso reino.

— Se pensasse assim, saberia analizar o cenário de que jamais conseguiria governar Ártemis sozinha, que os outros reinos te destruiriam antes da próxima lua! Então, pedirei uma última vez, como sua mãe, que deixe seu orgulho de lado e se case logo com Alexandre.

— Nunca. — Giovanna a desafiou, sentindo uma dor no peito.

Felíccia cresceu, tomando uma pose superior que odiava adotar.

— Então, eu ordeno, como sua Rainha, que cale sua boca e se case de uma vez. Isso é uma ordem.

O tom de sua mãe foi tão sombrio, o olhar foi tão gelado, que a princesa sentiu o corpo diminuir.

— Vá para seu quarto, repense, e no jantar eu quero você de vermelho e sorrindo. Se ousar fazer diferente, eu te isolo na ilha de Milos, eu juro que faço.

Engolindo a vontade de chorar, Giovanna correu corredor a dentro para sumir da frente de sua mãe. Felíccia respirou fundo, deixando uma lágrima escapar. Sabia que o comportamento de Giovanna não era por mal, o erro deles foi ter pensado que a mentalidade dos 5 reinos mudaria a tempo de sua filha assumir um trono que foi dela desde o ventre.

Ouro de Ártemis Where stories live. Discover now