XIV

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Ele sempre pensava que poderia ter sido preparado para o momento de graça. Alexandre já foi um homem de muita fé, na adolescência escutava os sábios falando sobre os deuses, sobre o paraíso e a recompensa de grandes guerreiros. Uma ilha cheia de frutas, cheia de ninfas e cheia de cores. Nada se comparava a sorte de ter Giovanna na sua frente, lhe tocando e pedindo — implorando — para que fosse dela. Jamais pensou que pudesse voltar a ter tanta sorte assim como tinha nesse momento. 

Nos olhos dela ele via a verdade, parecia ser finalmente digno de um cuidado, de um carinho que só ela poderia lhe dar, e por mais que estivesse apavorado com a mínima possibilidade de toda aquela história se repetir, era impossível ficar longe dela mais uma noite. 

O trovão que quebrou o silêncio entre eles poderiam assustar, poderia até tirá-los dessa atmosfera íntima, mas Giovanna não abriria mão disso aqui. De repente ter Alexandre para si era tudo que importava. Deu um pequeno passo para trás sem desviar o olhar do dele. Desatou o nó do robe, esperou. O tecido separou em seu corpo, mas pouco revelou. Nero tinha um olhar quente que a percorria por inteiro. 

— Tira. — a voz rouca falou mais alto do que a chuva. 

Giovanna sentiu o ar escapar, o corpo parecia que estava dentro de uma fogueira. Puxou o tecido para longe de sua pele, sentindo ele descer por toda sua pele até cair no chão em um barulho mínimo. 

Completamente nua, era assim que ela o olhava. Completamente nua em seu quarto, e apesar de todo o conhecimento teórico, não fazia a mínima ideia do próximo passo. 

Alexandre, por outro lado, tinha quase certeza de que estava sonhando. 

— Você é linda, Giovanna. Mais do que qualquer outra mulher no mundo. 

— Prefiro não pensar em quantas você já viu. — ela falou intrigada. 

— Gostaria de nunca ter visto se isso me levasse mais rápido até você. 

Convencida, Giovanna respirou fundo, percebendo estar mais ofegante do que antes. 

— Me beija, Nero. 

Como um homem que passou a juventude no exército de Ariccia, Alexandre estava acostumado a seguir ordens e por isso não a deixou esperando muito mais tempo. Segurou o rosto dela entre suas mãos, como há pouco ela fez com ele, se a beijou com força. O susto tocou conta dela, mas apenas poucos instantes. As mãos espertas o envolveram pelo pescoço, segurando seu cabelo, o mantendo em sua boca. Alexandre desceu as mãos pelas costas macia, sentindo a pele, absorvendo o cheiro de rosas que era só dela. Seu corpo reagia de imediato como se a conhecesse há eras. 

Apertou a cintura fina, a ouviu suspirar contra sua boca, foi tomado pelo mais selvagem, carnal, bruto que poderia assumir sem que a assustasse. Odiaria a assustar, por mais que de inocente ela não tivesse muita coisa. 

— Você é perfeita... inferno, como eu posso me controlar? — ele gemeu contra a boca dela, esperando por um milagre. 

— Não controla. — ela pediu, balançando a cabeça e voltando a beijá-lo. 

Em chamas, Nero a guiou até sua cama, a beijando sem parar e percorrendo as mãos por onde conseguia alcançar. Apertou a nádega com força, colando seu corpo contra o dele, a fazendo sentir seu estado. As unhas de Giovanna fincaram em seu pescoço e em seu braço, lhe marcando como se a marca queimada em seu punho não fosse o suficiente.

Quando a deitou em seus lençóis escuros, bem diferentes dos fios brancos que ele mandou preparar para o quarto dela, Nero teve certeza que ela era a mais linda de todas as coisas que já viu. Os cabelos longos espalhados, a pele levemente vermelha pela excitação, os seios perfeitos que cabiam em suas mãos, mamilos rosados que despontavam no ar do ambiente, barriga e cintura por onde ele queria se perder até chegar ao centro de seu prazer. Queria afastar suas pernas, lhe tocar devagar para senti-la escorrer em sua mão. Sentiu a ereção fisgar só de pensar. 

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