XV

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Quando Giovanna acordou naquela manhã a primeira coisa que percebeu foi a dor deliciosa entre suas pernas. Uma espécie de ardência lhe lembrando de cada detalhe da noite anterior, onde se conhecerem apenas uma vez não foi o suficiente, onde tocá-lo por inteiro era tão necessário quanto o ar que ela respirava. Sorriu com preguiça, se esticou na cama, sentindo os lençóis macios ao redor de seu corpo.

Abriu os olhos devagar, testando a claridade, e olhou para o lado, procurando o corpo dele.

Não estava.

Sentou na cama, cobriu-se, o procurou ao redor. Estava prestes a proferir as maiores ofensas ao vazio quando ele entra pelo quarto empurrando um carrinho que levava comida. Quando Alexandre percebeu que ela estava acordada, sorriu.

— Era para ser uma surpresa. — ele falou, colocando o carrinho ao lado da cama.

Pães, queijos, uvas e laranjas. Giovanna sorriu para ele, o puxando pela mão para sentar ao lado dela.

— Fez tudo isso para mim? Deve ter assustado a cozinheira. — ela falou, olhando para a roupa de dormir que ele usava.

— Ela entendeu a boa causa.

Giovanna pegou um pedaço de laranja, as laranja de seu reino. Fechou os olhos e lembrou de um tempo mais simples em casa, onde sua única preocupação era perturbar Alessandra com suas perguntas e teorias nunca resolvidas.

— Gosto como fica satisfeita ao se lembrar de sua casa. — ouviu ele falar e abriu os olhos.

O olhar de admiração era nítido, e ele também tinha um pedaço de laranja nas mãos.

— Sinto falta de lá.

— Sinto muito que Ariccia não tem as mesmas coisas que faziam sua casa ser tão linda.

Ela balançou a cabeça e sorriu, o olhando de maneira esperta.

— Não se preocupe, sua casa está crescendo no meu conceito.

Nero entendeu o que ela quis dizer e sentou o corpo responder.

— Pare com isso, menina. — ele a repreendeu com humor.

Começaram a comer devagar, e ela tinha certeza que aquele pão e queijo era o mesmo que havia comido na taverna Myriad. Vez ou outra o olhava, tentando decifrar algumas coisas dele.

— O que foi? — ele perguntou depois de um tempo, tocando a perna dela, fazendo carinho.

— Ontem... foi tudo que você esperava?

— Foi muito mais, meu amor. Mas me diga você.

Ela sorriu, olhando para baixo, colocando um pouco do cabelo atrás da orelha.

— Realmente você não é nada... impotente. — ela arrancou um riso de Nero. — E gosto quando me chama assim... de amor.

— Pretendo te chamar assim pelo resto da vida, se acostume.

Giovanna o olhou novamente, um pouco mais seria dessa vez. Não haviam conversado sobre Karen, não haviam conversado sobre filhos, e o fato de ontem ele ter jorrado em sua pele ao invés de fundo dentro dela como as sacerdotisas diziam que deveria ser feito dizia muito a favor da necessidade de uma conversa.

— Sobre... sobre ter filhos...

Ela viu a feição dele ficar mais séria, mais contida.

Ouro de Ártemis Where stories live. Discover now