XXII

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O reinado de Giovanna foi reconhecido por todos os reinos, menos pelo rei Joha. Existia uma implicância incabível vindo desse homem que não conseguia explicar, mas que não poderia se importar menos. Seu nome foi respeitado, definitivo.

Ela observava os homens treinando do jeito que ela decidiu que seria melhor. Giovanna era o chefe de exército agora, na ausência de Rodrigo, e havia definido que todos os soldados deveriam saber usar o arco e flecha. Seria uma inovação para todos, mesmo tendo um ou outro sabendo, ela queria que fosse unânime.

— Arrumem a postura, porcaria! — Rodrigo gritou.

Ele se ajeitava em sua cadeira modificada. Alessandra tinha pedido que fizessem uma para que ele pudesse se locomover. Ele observava o treinamento ao lado dela, Giovanna não tirava os olhos dos homens ali.

Rodrigo bufou, sentindo uma fisgada na coluna. Alessandra se atentou a aquilo e abaixou até sussurrar em seu ouvido.

— Está tudo bem?

— Só dor. Está tudo bem, fique tranquila. — ele falou calmo.

Giovanna sorriu ao ouvir a interação. Ficava tranquila em saber que ao menos eles estavam bem, que Rodrigo estava menos arredio, que aceitava o cuidado de Alessandra. Os últimos 30 dias pareceram luas, o tempo parecia voltar ao eixo normal, e ela parecia se adaptar a ausência de Alexandre.

Aceitar nunca.

Talvez fossem passar anos, talvez Atlas assumisse o trono e ela nunca teria sido capaz de superar a morte do homem da sua vida.

— Giovanna? — ela ouviu a voz de Rodrigo e voltou para a realidade.

— Sim?

— Podemos parar por hoje? Eu realmente preciso me deitar. — ele falou em tom baixo e ela concordou.

— Claro, encerre por hoje, acho que eles foram bem.

Giovanna se levantou da cadeira e todos os soldados pararam de imediato. Ela gesticulou para que relaxassem a postura e se voltou para Rodrigo.

— Conseguiu uma resposta de Khalil?

— Ele disse que vai alinhar os treinamentos com o nosso, vou escrever o nosso plano e torcer para ele conseguir seguir.

— Ótimo.

Giovanna sorriu para Alessandra e indicou para ficar de olho no ex chefe, sabendo que ele não descansaria direito se ficasse pensando em trabalho. Aos poucos soltava a mão de Ale para que ela pudesse se adaptar a vida de uma esposa, sabendo que não demoraria nada para Rodrigo parar de resistir a um casamento com ela.

Foi só chegando mais perto de seus aposentos que Giovanna agradeceu aos céus por terem acabado mais cedo. Sentia o vestido lhe apertar e os seios estavam bem doloridos. Ao entrar no quarto, soltou logo a corda do espartilho, suspirando de alívio.

— Essa porcaria está apertando cada vez mais.

Ela tremeu, se olhou no espelho. Via seu corpo mudar devagar. Os peitos estavam um pouco maiores, ela sentia um peso a mais no quadril. Não queria acreditar nisso, daria mais alguns dias para sangrar. Sabia que devia ser só nervoso com a morte de Alexandre.

Não pôde evitar, porém, se olhar de lado. Procurar um volume a mais em seu ventre. Quem sabe um milagre. Mas ela sabia, uma única vez não fazia filho, e definitivamente saberia se estivesse grávida, esse tipo de coisa toda mulher sábia, não era?

Ouviu batidas na porta, um toque bem reconhecido. 

— Posso entrar, mãe? — ouviu a voz de Atlas e sorriu para si mesma. 

Ouro de Ártemis Where stories live. Discover now