XL

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O plano foi traçado entre os dois, tarde da noite, quando as crianças já estavam dormindo. De fato iriam apenas os dois para Otto, e por incrível que pareça, não era um plano suicida. Nenhum dos dois tinha a pretensão de saírem como heróis. Queriam voltar para casa em segurança, acabando com a ameaça que pairava em suas cabeças.

Foi com essa pensamento que saíram de Ártemis e passaram reto por Aríccia, sem parar. Alexandre tinha certeza que seria impedido por Rodrigo, que seria orientado a levar o exército com eles. 

Mas não queriam uma guerra. 

Estava escuro quando a carruagem parou. Tinham passado de Aríccia no por do sol e a essa altura já estavam no território de Otto. Nero desceu e a ajudou a descer logo em seguida. Giovanna arrumou a roupa, esperou o soldado desatrelar Órion o outro cavalo. Foi a muito custo que o animal entrou no navio para atravessar o oceano, mas era necessário já que ela não poderia pegar Kara em Aríccia. 

Nero olhou para o soldado que puxava o cavalo e depois para ela. 

— Vamos fazer isso, então. — ele falou, pegando o rosto dela com carinho. 

— Vamos. — Giovanna respondeu com firmeza, tocando as mãos dele. 

— Precisa resistir uma noite apenas, na segunda noite já vou ter falado com todos da corte. É aí que você age. Consegue fazer isso? 

— Por mim usaríamos uma flecha de vez e acabaríamos com isso. 

— Ninguém pode saber a verdade, se fizermos isso vamos chamar atenção. 

— Eu sei... já tem algum sucessor em mente? 

— Eu ouvia alguns nomes quando estava preso, acredite, não somos os primeiros a pensar em dar um golpe em Joha. 

Giovanna sorriu. 

— Vai dar certo. 

— Já deu certo, Rainha. — ele falou confiante. 

Alexandre se inclinou e a beijou devagar. Giovanna retribuiu com a mesma vontade e absoluta certeza de que não seria a última vez. Nunca mais seria a última vez para eles. Se afastaram ofegantes, e ela sorriu contra a boca dele. 

— Falta muito para a gente se ver novamente? 

— Se controle, rainha, ou te faço minha aqui mesmo sem me importar com os soldados ouvindo. 

Nero a ajudou a subir em Órion. Viu o outro soldado subir em seu próprio cavalo e respirou fundo, estava na hora. O que iriam fazer poderia ser considerado traição maior do que qualquer invasão militar desavisada. 

— Se alguma coisa der errado você foge, Giovanna, não entra nessa luta sozinha. 

Ela se inclinou para mais um beijo. Nero a segurou pela nuca um pouco mais, a soltando quando o ar foi necessário. 

Giovanna olhou para o soldado que a esperava e sinalizou que deveriam partir. Foram em direção ao castelo de Joha, e ela implorava aos deuses que os protegessem. 

Alexandre a observou até a escuridão a engolir. Olhou para os dois soldados de Ártemis que ficaram com eles e sorriu. 

— Vamos, rapazes. Temos um golpe para aplicar. 


Quando Giovanna atravessou os portões da fortaleza que protegia o castelo de Joha, tinha certeza que já era tarde da noite. A vila real estava calada, as pessoas dormindo, mas os soldados assim que a viram se curvaram. Sabiam quem ela era e isso a fazia temer, por tudo que Joha já deve ter dito e por tudo que ele imaginou que iria conseguir fazer, como mantê-la presa aqui. 

Ouro de Ártemis Where stories live. Discover now