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Por ordens de Finar, Giovanna teve que ficar em completo repouso. Mal a deixavam sair do quarto, até que ela finalmente parou de insistir que estava bem. Alessandra estava com ela, bordando como ela bem sabia fazer, enquanto Giovanna ficava sentada perto da janela.

— Ele realmente ficou desesperado? — Giovanna perguntou depois de um tempo em silêncio.

Alessandra riu, balançando o bastidor de madeira escura.

— Sim! Você só quer me ouvir falar tudo de novo sobre seu rei te procurando no escuro! Você não presta!

Giovanna desviou o olhar, segurando o riso. Talvez fosse isso mesmo, talvez, apesar do susto, ela tivesse gostado de ver toda a preocupação dele, de ver seu corpo ao lado do dela logo pela manhã, talvez fosse certo tudo aquilo.

Pela primeira vez parecia certo.

— Está começando a ver as vantagens de estar casada com ele finalmente, não é?

— Vantagens não sei, mas aquela Marina deveria ser punida. — Giovanna falou um pouco irritada.

— Se falasse com Nero, com certeza ele falaria com o pai da menina.

— E é por isso que não falo, não quero que ele pense que tem que me defender como um pai.

— E o que ele deveria fazer então? Te agarrar na frente de todo mundo e te dar o beijo mais quente de todos? Daqueles que até Afrodite ficaria com vergonha?

Giovanna pegou uma almofada e jogou em Alessandra, que pegou o objeto rindo, deixando o bordado de lado já que a conversa estava bem mais interessante.

— Já está começando a delirar.

— E você não nega!

Giovanna se calou. Negar para que? Pela primeira vez em muitos dias a ideia de ser realmente esposa não lhe era repugnante. Desde o arranjo de casamento que seu pai fez, toda essa ideia lhe parecia uma afronta a tudo que ela acreditava. As filhas de Afrodite tinham o direito de permanecer castas, e só mudariam de ideia por amor real. Não, não paixão. O amor maduro, o amor construído. Cultivado como uma flor delicada.

Talvez foi o peitoral forte ou o braço marcado eternamente com as tintas.

Talvez o sorriso ou o cuidado.

— Ele jamais faria isso, ele não me vê assim.

Nero deu mais alguns murros no saco de estopa, antes de se virar e desfiar de golpes que seus colegas tentavam lhe dar. Quando aquela sessão acabou, Rodrigo pediu para que parassem e se preparassem para a próxima rodada. Se aproximou de Nero, que bebida água direto do jarro.

— Tanto faz, ela não me vê assim. — Alexandre murmurou, sem olhar para o amigo.

— Você nem ao menos da a oportunidade dela ser de fato a sua mulher.

— Não quero que ela vá parar na minha cama por obrigação, já te disse. Além disso, até três dias atrás ela me odiava.

— A convivência muda as pessoas, Nero. Além disso, acho que você deveria... não sei, estar mais perto dela...

— Não sei como fazer isso. Nem sei o que estou fazendo aqui escutando seus conselhos, não consegue chamar Alessandra para dar uma volta na vila.

Rodrigo balançou a cabeça. Ele e Alessandra estavam construindo algo diferente, uma amizade, se conhecendo devagar, se entendendo. O soldado não tinha pressa alguma.

— Pelo menos eu não tenho medo, posso estar levando as coisas mais devagar, mas não tenho medo.

— Medo?

Ouro de Ártemis Where stories live. Discover now