XLIV

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Tempos atuais.


Giovanna entrou no laboratório com pressa. Odiava quando sua médica marcava exames sem lhe consultar antes. Ela era uma mulher ocupada, tinha muitos negócios para analisar e três reuniões naquele dia, sendo que a primeira começaria em 2 horas. Se identificou na recepção e esperava, não tirava os olhos do celular, digitava em velocidade surpreendente. Quem a olhasse não teria dúvidas.

Ela era uma mulher de negócios. Ela era a chefe.

— Giovanna Antonelli. — a enfermeira a chamou com um sorriso.

Giovanna tirou a cara de tédio do rosto e sorriu para a funcionária. A acompanhava até a sala de coleta, sentou onde a moça indicou e esperou.

Na sala tinham mais três poltronas vazias, e quando ela achou que fosse ficar na paz daquele silêncio, ouviu uma risada de crianças e a voz de grossa de um homem.

Olhou na direção deles, o menino tinha o jeito do pai, mas os traços eram mesclados.

— Atlas, agora quietinho, papai vai fazer o exame e depois vamos à praia. — ele falou, sentando ao lado de Giovanna como se não a tivesse visto.

Observou como ele esticou a manga da camisa de linho, colocou o braço em cima do apoio. A primeira coisa que chamou a atenção dela foi a tatuagem, ela sentia que já tinha visto aquilo em algum lugar. A segunda coisa foi que o nome do garoto era mesmo Atlas.

Deixou um riso abafado escapar e isso chamou a atenção do homem.

— Bom dia. — ele cumprimentou educado.

— Bom dia. — ela respondeu, e logo viu os olhos do menino nela. — Bom dia, Atlas.

— Como sabe meu nome? — o garoto perguntou curioso.

— Porque eu não paro de chamar sua atenção desde que chegamos. — o homem repreendeu o filho, que só sorriu aquele sorriso de criança arteira no auge de sua energia matinal.

— Atlas é um nome único. — ela falou, olhando para o celular.

O homem a olhou, sorriu sem jeito.

— Minha ex-mulher é professora de geografia.

Giovanna parou o que estava fazendo no celular. Olhou para o homem incrédula. Não conseguiu segurar o riso.

— É sério?

— É, mas acredite, foi a melhor opção no mundo geográfico.

Ela fez uma cara feia.

— Entendo, mas se um dia perguntarem, nunca fale que foi por causa dos mapas do mundo. Fale que foi... uma homenagem ao titã da mitologia grega.

O homem a olhou por um tempo, sorriu.

— Mitologia grega?

— É, bem mais bonito, não acha?

— Acredita nos deuses e essas coisas?

Ela revirou os olhos e voltou a atenção para o celular.

— Você é o que? Professor de filosofia? — ele tentou novamente.

Giovanna o olhou e forçou um sorriso.

— Sou grega.

A cada do homem foi impagável.

— Ah, então sua família acredita nisso.

— Minha família acredita na igreja ortodoxa grega, e no azar que os não gregos tem por não serem gregos.

Ouro de Ártemis Where stories live. Discover now