XXXIII

491 53 56
                                    

Giovanna sentiu o rosto ficar vermelho. Olhou para os lados procurando um lugar para se esconder, sem encontrar um bom arbusto sequer. Via ao longe Alexandre se aproximando ao lado de Galatea, calado enquanto a mulher falava sem parar. O olhar dele já a buscava a distância, e quando a encontrou, parada e tão próxima de Ysac, ficou furioso. Não porque não confiava na esposa, mas porque não confiava nele.

Ela olhou para o homem na sua frente com certo receio.

— Não devia falar essas coisas.

— Eu sei que não. — Ysac falou com firmeza. — Mas eu fui covarde uma vez e não seria de novo. Meu navio parte pela manhã, com certeza me arrependeria.

— Galatea vai junto?

— É claro que vai. Ela é minha hóspede em Syan e não seria nada educado se ela não voltasse comigo. A trouxe para uma visita, não para uma estadia longa.

Giovanna olhou para Alexandre novamente.

— Giovanna, se ama seu marido...

— Não tem se nessa frase, Ysac. Eu amo o Alexandre, é nele que eu penso o tempo todo, é com ele que eu planejo as coisas, eu amo tudo que ele é.

— Então fala para ele.

Ela não percebeu que Nero estava bem perto a essa altura. E se irritou profundamente quando viu o rosto dele fechado.

— Falar o que? — o homem perguntou logo.

Ysac endireitou a postura e olhou para ela. Não se intrometeria nisso tudo. Via o jeito que Alexandre o detestava, como se não tivesse noção do que se passava no coração da esposa, como se já não soubesse que ela jamais seria capaz de olhar para outro homem.

— Nada de importante. — ela observou Galatea se aproximar. — Aproveitou a caminhada?

— Sua casa é linda, realmente.

— Para combinar com a dona dela. — Ysac falou ousado, olhando para Alexandre de propósito. — A rainha mãe, Felíccia, é claro.

Giovanna entrou no quarto e tirou a roupa. Pouco se importava se ele estava atrás dela. Nero cruzou os braços, se encostou no batente enquanto observava ela entrar na banheira. Giovanna fechou os olhos, deixou o gelado a envolver.

— É inacreditável como insiste em pensar que esse homem não quer nada com você. — Nero falou enquanto a olhava.

— Ah, não. Agora eu concordo. Ele mesmo me falou.

Giovanna abriu os olhos só para ver o jeito em que o deixou com suas palavras. Precisava disso, precisava vê-lo no limite da sanidade. O que viu foi talvez o que poderia ser visto como o outro lado dessa linha. Nero se aproximou da banheira, tenso. Desabotoava a própria camisa devagar sem desviar o olhar.

— Sai dessa água.

Giovanna sorriu sem entender.

— Que?

— Sai dessa água agora.

Testando, Giovanna ficou em pé na banheira. Viu como os olhos percorreram cada gota de água que escorreu por seu corpo, seus seios, descendo por sua barriga que a cada dia que passava diminuía mais e mais. Um lembrete do que tempo que estavam perdendo.

Ele ficou hipnotizado.

— E agora? — ela provocou.

Antes que pudesse piscar, sentiu um dos braços fortes a envolver na cintura. A outra mão foi certeira em sua coxa, a puxando para cima, fazendo com que ela envolvesse com as pernas. Giovanna o agarrou pelos ombros, ofegante, surpresa com o gesto. Seu corpo inteiro nu encostando contra o dele já era o suficiente para deixá-la sem ar.

Ouro de Ártemis Onde histórias criam vida. Descubra agora