XXVI

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O corpo dela estava mole e ficava pesado a medida que se aproximavam do castelo de novo. Alexandre a segurava nos braços, sentando na carroça, enquanto o observava o filho segurar a irmã, que finalmente parou de chorar. Aquele era para ser o momento mais feliz da vida dele, mas o pânico de perder Giovanna estava vencendo, tomando conta de sua mente como fumaça das trevas e as lágrimas caíam de seus olhos livremente. Atlas estava sério, calado, e tudo que Alexandre queria era segurar seu filho nos braços e agradecer por salvar sua mãe, dizer que aquilo foi um mal necessário. 

As coisas viraram de cabeça para baixo na sua ausência, e ficaram pior com a sua volta. 

Ao parar a carruagem na mesma entrada dos fundos, Alexandre conseguia ouvir que a situação dentro do castelo estava mais controlada. Alessandra desceu rapidamente, ajudando Atlas com Diana, a pegando nos braços e tirando o menino logo em seguida. Alexandre entrou com Giovanna nos braços logo, sendo observado perplexo por vários soldados. 

— Chamem o Finar! Achem ele! 

Os homens se mobilizaram para descer até a vila. O saldo da guerra era positiva para eles, o ataque surpresa de Joha falhou a partir do momento que Léo sumiu da liderança. Os homens ficaram perdidos e foram facilmente dominados pelo exército de Aríccia, muitos mortos e muitos presos. Da população, morreram poucas pessoas, a maioria, já preparada para a guerra, foi capaz de sobreviver fazendo esconderijos subterrâneos bem inteligentes. 

Lucyo olhou assustado para Alessandra, que estava pálida de tanto nervoso. Ela tinha um bebê nos braços e segurava a mão de Atlas firme. 

— O que aconteceu? 

— Léo está morto no templo de Diana, mandem homens para tirar ele de lá. — ela falou simplesmente antes de se apressar para subir as escadas. 

Alexandre colocou Giovanna na cama, estava ofegante e tinha pressa. 

— Fala comigo, meu amor. Me deixe ver seus olhos... — ele sussurrava enquanto tocava seu braço, a chacoalhando suavemente. — Por favor, não me deixa aqui, já passamos por isso uma vez... 

Alessandra entrou no quarto apressada, pedindo para ele sair da cama, levantando o vestido dela para ver como estava. Giovanna ainda sangrava e Alessandra tentava se lembrar de tudo que já aprendeu com as sacerdotisas para momento como esses. Olhou para o homem ao seu lado, respirou fundo. 

— Preciso que saia, você não vai querer ver isso. 

— Eu não vou sair do lado dela, Alessandra, faça o que tem que ser feito. 

Olhou para ele e decidiu que se ele quisesse ficar, que pelo menos fosse útil. 

— Segure o corpo dela contra a cama, ela não pode se mexer para o que eu vou fazer, e dizem que dói bastante, é capaz dela acordar. 

Alessandra correu até a bacia de água que ficava no quarto, limpando o máximo que dava. Voltou até a cama e levantou o vestido novamente. Não pensou, apenas fez o que se lembrava e fez rápido. Colocou uma mão dentro de Giovanna devagar, enquanto a outra foi para sua barriga, se posicionando a certa altura abaixo do umbigo, afundando na pele, empurrando contra a sua mão que estava dentro dela. 

Giovanna sequer se mexeu. 

E Alessandra estava prestes a chorar. 

Naquele momento, Finar entrou no quarto às pressas, já arregaçando as mangas. Respirou aliviado ao ver que Alessandra já estava fazendo uma técnica boa do que pretendia. Olhou para Alexandre, e apesar de querer expressar toda a felicidade por ver um velho amigo de novo, estava preocupado demais com Giovanna, seu aspecto pálido e sua falta de reação. 

Ouro de Ártemis Where stories live. Discover now