XXXVIII

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Ele acordou com as gaivotas. Seu corpo estava levemente dolorido, aquele tipo de dor boa de se ter. Abriu os olhos devagar por conta da claridade que entrava pela janela, o teto branco da casa lhe trouxe uma sensação imediata de paz juntamente do corpo quente ao lado do seu. Olhou para o lado e sorriu. Era uma visão linda, o corpo nu recebendo uma claridade suave, envolvido por lençóis brancos enquanto a cortina ao redor da cama esvoaçava preguiçosa. 

Saiu da cama devagar, caminhando até a pequena sala. Pegou sua calça do chão, já mais seca. A vestiu e abriu a porta da casa. O céu estava azul, o mar em cor de joia rara. Perto do pier, viu o pequeno barquinho que usou para chegar até aqui preso em algumas pedras. Respirou aliviado por saber que teria pelo menos a mochila com uma troca de roupa. 

Desceu até lá rapidamente, molhando as canelas para chegar até o barco. Tirou a mochila de dentro antes que uma onda o atingisse. Ele via Ártemis de onde estava e se perguntava se ontem o povo da vila teria os escutado. 

Subiu até a casa, deixando as coisas no pequeno sofá. Abriu as janelas, deixou a brisa do oceano entrar. Olhou para a pequena cozinha e pensou no que poderia fazer para comerem. 

Giovanna acordou com cheiro de pão, barulho de mar, e vontade dele. Tateou a cama e sentiu o lado frio. Abriu os olhos logo, pensando ter sonhado com tudo que aconteceu ontem a noite, mas os barulho do lado de fora do quarto indicavam que ela não estava sozinha. Saiu da cama, se cobrindo com o robe. 

— Que visão... — ela falou, se apoiando na estrutura da casa enquanto o olhava arrumar as frutas em uma bandeja. 

Nero a olhou por cima do ombro arranhado por ela e sorriu. 

— Me admiro estar conseguindo andar. 

— Tenho certa dificuldade mesmo. — ela falou, se aproximando e o beijando devagar. 

Ele retribuiu, se afastar e arrumando uma mecha do cabelo dela. 

— Bom dia, bela. 

Ela sorriu, o abraçando pela cintura. 

— Gosto quando usa seu idioma comigo. 

— Eu sei. — ele aponto para a mesa e sorriu. — Aqui, preparei algo. 

Giovanna deu de cara com a mesa com as frutas, um pão pequeno e um jarro de vinho. Olhou para ele e sorriu. 

— Fez até pão. 

— Eu sou um homem de muitos talentos. 

— Principalmente com as mãos. — ela o olhou provocando e ele a colocou sentada na cadeira antes de beijar seu rosto. 

— Coma, rainha. Depois pensamos nisso. 

A refeição simples, a mesa sem muita pompa, só os dois, foi o suficiente para aquecer o coração de Giovanna. Esse momento era tudo que ela precisava, tudo que sonhou. Não tinham os problemas da vida, ela não tinha o peso do mundo. Poderia apenas fingir que estava tudo bem. 

Nero tinha o rosto dele, ele ria de algumas bobagens que falava, e ela tinha certeza que esse era o homem de sua vida, sabia que essa afirmação passaria por sua mente todos os dias. 

— Não me disse... o que veio fazer nessa ilha? — ele perguntou depois de comer. 

— Descansar, precisava disso. 

— Diana está dando muito trabalho? — ele perguntou com saudade da filha. 

— Ela puxou o pai mesmo. — ela falou, rindo suave. 

— Se te consola, Atlas está terrível sem você. — ao ouvir o nome do garoto, o sorriso de Giovanna diminuiu um pouco e Alexandre percebeu. — O que foi? 

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