XII

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Vê se entra na sua cabeça que eu estou aos seus pés!

Ela via o sol nascer sem conseguir digerir tudo que aconteceu ontem. A fala dele não saia de sua mente de forma alguma. Ele disse que ela havia o enfeitiçado, mas parece até que foi o contrário. E por fim, mas não menos importante, os gemidos que não eram nada de dor.

E o jeito como ele chamou seu nome.

Tudo isso a fazia contorcer na cadeira. Afrodite estava acordada dentro dela só com o jeito como ele chamou seu nome. Ártemis, sempre virgem, que lhe perdoasse.

As sacerdotisas lhe explicaram como tudo funcionava, sobre o corpo e sobre a alma, ela não era tão ignorante, mas presenciar aquilo de alguma forma a deixou alerta.

Se ele fez aquilo, se foi seu nome que chamou, é porque lhe desejava. Tentava negar de todas as formas, mas lhe desejava.

Quando a porta de seu quarto abriu, viu Alessandra entrando com novos lençóis e um vestido de Ártemis para o tempo quente que faria. Ela sorriu.

— Não conseguiu dormir, minha amiga?

— A gente precisa conversar.

Nero estava apoiado em uma das estruturas de pedra observando com atenção a cena na sua frente. Seu filho tinha os olhos atentos, vidrados no alvo a sua frente. A professora, exigente, tinha os braços cruzados e uma expressão séria, bem diferente do olhar carinhoso que tendia a ter com o menino.

— Ajeite a postura, Atlas. — Giovanna falou o olhando e o menino arrumou os pés.

— Pronto.

— Seu inimigo está a sua frente. Ele ameaça o seu reino. Você pode errar?

— Não!

— Então não erre. — ela ordenou e Atlas concordou.

Nero suspirou em orgulho, pois seu menino parecia um homem pronto. Viu como ele soltou a flecha de ouro, certeira no centro do alvo. A seriedade de adulto deu lugar a euforia da criança e o menino largou o arco, pulando em Giovanna, que segurava as mãos dele em igual animação.

Aquela era uma visão que nunca sairia de sua mente.

— Consegui! Deu certo!

— Deu sim, e foi ótimo! Se praticarmos mais logo poderá treinar em cima de Kiraz.

Os dois foram interrompidos pela chegada de Ascânio e Romulo, conversaram entre si e abriram um sorriso ao ver a dupla dinâmica Gio e Atlas.

— Posso pegar o menino de volta? Kiraz está impaciente. — o velhote perguntou e Atlas se aproximou dele.

— Pode sim, ele foi ótimo.

— A majestade já está pronta para a nossa prática? — Romulo perguntou, pegando a atenção de Nero sobre essa frase.

— Claro! Confesso que meu antigo chefe de exército sempre tentou desenvolver essa minha habilidade, mas o arco e flecha sempre foi natural.

— Vamos aperfeiçoar o que eu já tenho certeza que é ótimo.

Giovanna sorriu para ele.

Ela sorriu para esse maldito!

Nero começou a ficar agitado, e toda a paz de espírito que havia atingido depois de suas atividades pessoais na noite anterior foi embora, seu corpo fervia e dessa vez de raiva.

— Vamos deixá-los a sós então.

A sós? Ascânio! Nero respirava profundamente para controlar sua raiva. Decidiu que não iria intervir se não fosse necessário, afinal, não tinha porque, certo? Giovanna era adulta, era responsável, e jamais deixaria um homem estranho encostar...

Ouro de Ártemis Where stories live. Discover now