VII

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A medida que desciam até a vila de Ariccia, a principal, tirando as outras que tinha espalhada pelo reino, Nero ia falando um ou outro detalhe sobre o lugar. Contava com orgulho a história de seu povo, as conquistas, cada tijolo ele sabia a origem. Giovanna ouvia a voz rouca dele em seu ouvido, a vibração do peito dele contra suas costas, todo o corpo dele era firme como era. 

— Toda semana tem festa aqui. — ele falou ao ver as bandeirinhas penduradas entre as casas e comércios. 

— Povo animado o seu, mas duvido que são tão animados quanto o meu. 

— Melhor vai ser quando juntarmos os dois. — ele falou sorrindo. 

Giovanna sentiu o peito aquecer. Diferente dela que queria deixar tudo separado, tudo que era dela e tudo que era dele, Nero não. Ele parecia ver uma vida onde a mistura dos reinos, dos povos, era tão comum como o nascer do sol. 

Quando as pessoas começaram a vê-lo e reconhecê-lo, fizeram um alvoroço. Giovanna teve mais uma prova de como ele era um rei único, de como seu povo parecia adorá-lo. As mulheres balançavam seus panos, os homens acenavam, e as crianças pulavam atrás do cavalo. 

— Acene também, você é a rainha deles, querendo ou não. — ele pediu em seu ouvido. 

Giovanna estava tão embriagada por todo o contexto que não teve outra escolha se não obedecer. Sorriu um pouco tensa, começou a acenar. 

— É a nova rainha! — ouvia algumas mulheres falando, sorrindo, cochichando entre si. 

Nero ainda andou um pouco mais com o cavalo e parou ao lado do que parecia ser uma taverna, e uma mulher saiu de dentro secando as mãos em um pano. 

— Rei! Minha nossa! Não estava esperando vê-lo. — ela falou sorrindo. 

Ela tinha os cabelos brancos como nuvem, olhos azuis e bochechas rosadas. Nero desceu do cavalo primeiro, estendendo a mão para Giovanna descer também. Ela ajeitou o vestido e o cabelo, e viu quando ele passou as mãos pelos próprios fios dele. 

— Vim na sorte de encontrar pão quentinho, Dona Myriad. 

— Sempre, meu querido! E não trouxe o principezinho? 

— Hoje não, mas trouxe a Rainha. — ele falou, apontando para Giovanna. 

— Meu Deus! — a mulher se inclinou em respeito. — É uma honra, majestade. 

— Não! Não precisa de tudo isso! Eu... a honra é toda minha de conhecer a senhora. 

Nero olhou para Giovanna e sorriu. 

— Deixe disso, Dona Myriad. Giovanna não se importa com formalidades. 

De certo modo ela sentiu isso como uma alfinetada. A mulher ajeitou a postura e os chamou para dentro. 

— Pois então entrem, venham, por sorte tem pão quentinho mesmo. 

Nero a guiou até uma mesa vazia. O lugar estava fechado, abrindo para o pessoal quando o céu se punha. Era bem movimentado, e na praça bem na frente é onde se concentrava a maior parte das festas que a vila tinha. Giovanna olhava tudo encantada, pois era realmente diferente de Ártemis. 

Lá os estabelecimentos eram abertos, todo mundo conseguia ver dentro dos comércios de todo mundo. Se ajudavam assim e também tomavam conta da vida alheia assim também. Aqui, apesar de serem fechados em casinhas, pareciam ter um bom senso de comunidade. 

— Aqui, pão quentinho e vinho das melhores uvas. — Myriad falou se aproximando da mesa. 

— Muito obrigada, Dona Myriad. — Giovanna agradeceu. 

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