A medida que desciam até a vila de Ariccia, a principal, tirando as outras que tinha espalhada pelo reino, Nero ia falando um ou outro detalhe sobre o lugar. Contava com orgulho a história de seu povo, as conquistas, cada tijolo ele sabia a origem. Giovanna ouvia a voz rouca dele em seu ouvido, a vibração do peito dele contra suas costas, todo o corpo dele era firme como era.
— Toda semana tem festa aqui. — ele falou ao ver as bandeirinhas penduradas entre as casas e comércios.
— Povo animado o seu, mas duvido que são tão animados quanto o meu.
— Melhor vai ser quando juntarmos os dois. — ele falou sorrindo.
Giovanna sentiu o peito aquecer. Diferente dela que queria deixar tudo separado, tudo que era dela e tudo que era dele, Nero não. Ele parecia ver uma vida onde a mistura dos reinos, dos povos, era tão comum como o nascer do sol.
Quando as pessoas começaram a vê-lo e reconhecê-lo, fizeram um alvoroço. Giovanna teve mais uma prova de como ele era um rei único, de como seu povo parecia adorá-lo. As mulheres balançavam seus panos, os homens acenavam, e as crianças pulavam atrás do cavalo.
— Acene também, você é a rainha deles, querendo ou não. — ele pediu em seu ouvido.
Giovanna estava tão embriagada por todo o contexto que não teve outra escolha se não obedecer. Sorriu um pouco tensa, começou a acenar.
— É a nova rainha! — ouvia algumas mulheres falando, sorrindo, cochichando entre si.
Nero ainda andou um pouco mais com o cavalo e parou ao lado do que parecia ser uma taverna, e uma mulher saiu de dentro secando as mãos em um pano.
— Rei! Minha nossa! Não estava esperando vê-lo. — ela falou sorrindo.
Ela tinha os cabelos brancos como nuvem, olhos azuis e bochechas rosadas. Nero desceu do cavalo primeiro, estendendo a mão para Giovanna descer também. Ela ajeitou o vestido e o cabelo, e viu quando ele passou as mãos pelos próprios fios dele.
— Vim na sorte de encontrar pão quentinho, Dona Myriad.
— Sempre, meu querido! E não trouxe o principezinho?
— Hoje não, mas trouxe a Rainha. — ele falou, apontando para Giovanna.
— Meu Deus! — a mulher se inclinou em respeito. — É uma honra, majestade.
— Não! Não precisa de tudo isso! Eu... a honra é toda minha de conhecer a senhora.
Nero olhou para Giovanna e sorriu.
— Deixe disso, Dona Myriad. Giovanna não se importa com formalidades.
De certo modo ela sentiu isso como uma alfinetada. A mulher ajeitou a postura e os chamou para dentro.
— Pois então entrem, venham, por sorte tem pão quentinho mesmo.
Nero a guiou até uma mesa vazia. O lugar estava fechado, abrindo para o pessoal quando o céu se punha. Era bem movimentado, e na praça bem na frente é onde se concentrava a maior parte das festas que a vila tinha. Giovanna olhava tudo encantada, pois era realmente diferente de Ártemis.
Lá os estabelecimentos eram abertos, todo mundo conseguia ver dentro dos comércios de todo mundo. Se ajudavam assim e também tomavam conta da vida alheia assim também. Aqui, apesar de serem fechados em casinhas, pareciam ter um bom senso de comunidade.
— Aqui, pão quentinho e vinho das melhores uvas. — Myriad falou se aproximando da mesa.
— Muito obrigada, Dona Myriad. — Giovanna agradeceu.
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Ouro de Ártemis
FanfictionQuando os deuses ainda abençoavam humanos, Giovanna foi criada. Os Seis Reinos não poderiam aceitar a nova Rainha, e a princesa de Ártemis teve que abrir mão de sua coroa para assumir a de Alexandre Nero.