XXXV

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Alexandre não dormiu no mesmo quarto que ela. Giovanna não conseguiu fechar os olhos, ficava olhando para a porta, olhando pela janela, esperando um pico de coragem para sair do quarto e ir atrás dele.

Ela era uma idiota covarde.

E não podia voltar atrás agora.

Sentou ao lado do berço de Diana, trilhando os dedos pelos detalhes de ouro, enquanto os olhos não saiam de sua filha.

— É só até a mamãe resolver tudo.

Na manhã seguinte, quando se encontraram no Porto para se despedir de Ysac, Giovanna evitou olhá-lo. Primeiro porque duvidava muito que ele estaria procurando por ela, segundo por ter medo de se ajoelhar e pedir perdão. Evitava olhar para a interação que ele teve com Galatea.

Voltou para a realidade quando Ysac parou na sua frente.

— O que aconteceu? — ele perguntou preocupado. — Achei que estariam bem hoje.

Giovanna balançou a cabeça em negação e com o olhar pediu que ele não estendesse o assunto. Deu um passo para trás. Estava encerrado. Ysac ficou confuso, olhando para Alexandre que dessa vez parecia se importar muito pouco com sua interação com a rainha.

Assistiram lado a lado as pessoas entrarem no navio. Parecia demorar anos, mas Nero tinha certeza que se passou pouco tempo desde que se despediu dessas pessoas. Estava nauseado, irritado, queria sair dessa ilha o mais rápido possível.

Quando o navio começou a se afastar, algumas pessoas começaram a se organizar para sair. Nesse momento Giovanna viu uma carruagem parando, e de dentro saiu Atlas com os olhos vermelhos. A rainha olhou para Alexandre confusa, assim como todos os outros.

— O que é isso?

— Estou cumprindo o que pediu.

Ela observou o navio de Aríccia se aproximar do píer. Atlas chegou perto do pai com os olhos vermelhos, e evitava olhar para Giovanna. Ela se ajoelhou a altura do menino, o segurando pelos ombros.

— Atlas...

— Meu pai disse que não podemos mais ficar aqui, mas que você vai ficar. Eu fiz alguma coisa?

O coração de Giovanna se rasgou em vários pedaços. Olhou para Alexandre com raiva, ele não tinha o direito de colocar o menino contra ela.

— Você não fez nada, meu bem. É claro que não, a mamãe só precisa resolver umas coisas aqui.

— Então você vai voltar para casa?

— É claro que eu vou, Atlas. — ela falou firme, se levantando em seguida, aproximando seu rosto de Alexandre. — O que você falou para o menino?

— Nada. Só disse que voltaríamos para Aríccia sem você.

— Não pode colocar ele contra mim.

— É a mãe dele, Giovanna. Acha que eu sou tão canalha assim?

Uma emoção tomou conta dela com a constatação de que ela era sim a mãe dele. E isso vindo da boca de Alexandre em um momento como esse significava o mundo.

— Cuida dele até eu voltar. — ela pediu com a voz em um sussurro, sentindo os olhos embaçando.

— Eu queria muito acreditar que você vai voltar, Giovanna. Mas sinto que não te conheço mais.

Ouro de Ártemis Where stories live. Discover now