XXXI

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O ódio que ele via nos olhos de Giovanna era inédito. Também nunca pensou que fosse chegar a ver isso um dia do jeito que via agora. Os olhos estavam quentes, a boca reta, o semblante fechado. Se aquela era a pose dela como rainha, deixaria sua mente divagar nos mais pervertidos cenários pois isso ele tinha que confessar: o ciúme dela o deixou quente.

Entretanto, nesse momento, ele não poderia ceder a um desejo de idolatrar essa mulher de joelhos quando ela estava sendo injusta com a outra que tinha lhe salvado.

— Giovanna. — ele falou, seco no mesmo tom. — Galatea era amante do Léo, mas ela percebeu que larga-lo seria a melhor opção. Ela veio com o rei de Syan para me agradecer ter salvo sua vida.

Giovanna engoliu seco.

— Não é minha intenção causar desconforto, majestade. — Galatea falou, dando um passo para trás. — Mas precisava agradecer Alexandre pessoalmente.

Ao ver o olhar que Giovanna lhe deu novamente, Galatea se corrigiu.

— Rei Nero.

Querendo sair dessa situação mais rápido possível, Nero começou a orientar para que ela seguisse a comitiva que era acompanhada para dentro do palácio a fim de se instalarem nos quartos de hóspedes. Giovanna evitava olhar para eles, temendo que o ciúme a corroesse viva.

Quando Alexandre se aproximou dela, não sabia exatamente o que falar. Temia abrir a boca e piorar a situação.

— Não precisava ter agido assim.

— Como é? — ela rebateu irritada.

Piorei, ele pensou, bufando e fechando os olhos.

— Giovanna...

— Tem um rei na minha casa que eu não gosto, e quando desço te encontro com uma mulher te tocando! Beijando seu rosto como se fosse íntima!

— Nós meio que somos íntimos, achávamos que íamos morrer!

— Ah! — ela riu de nervoso. — Aproveitou seus últimos momentos de vida com ela também? Me perdoe, majestade, por ter tratado tão mal a sua amante!

— O que está dizendo?

— E ainda não teve a decência de ao menos me acordar para receber os convidados! Você realmente se superou nessa, Nero. Talvez eu devesse pegar nossos filhos e ir para a ilha de Gaia para te deixar mais confortável com seus amigos de batalha.

Irritado com o jeito como ela falava, Alexandre olhou ao redor antes de a empurrar para o canto isolado atrás de uma pilastra de mármore. A segurava com firmeza pelos braços. A encostou com raiva, mas cuidado, contra a superfície gelada.

— A sua sorte é que fica deliciosa quando está com raiva de mim. — ele sussurrou antes de beija-la.

Sua língua encontrou a dela, dançando de maneira obscena no interior da boca quente, ainda sentindo o gosto do veneno que ela derramava contra ele. Giovanna o agarrou pelos braços, arranhando a pele suavemente. Gemeu contra a boca dele e sentiu Nero se afastar.

Seus olhares se encontraram, carregados de desejo.

— Não te acordei, pois hoje cedo te encontrei dormindo no sofá. Te coloquei na cama para que pudesse descansar melhor. — ele começou a se defender das acusações, a voz grave a arrepiando. — Galatea não foi minha amante, e te digo, não por falta de investidas da parte dela. Jamais me acuse de te trair, Giovanna, quando sabe que eu mataria e morreria por você sem pensar duas vezes. Sua sorte nesse momento é que está de resguardo, se não eu rasgaria esse vestido e te possuiria tantas vezes até sair do seu corpo esse ciúme besta.

Ouro de Ártemis Where stories live. Discover now