Ato II Emília - Castigo ou destino?

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Eu não acredito que Phelipe me convenceu a fazer isso, eu prometi para mim mesma que iria cuidar de Ana. Mas as coisas estão ficando fora de controle, um dia ela fala que está esperando o Christian do trabalho, e no outro ela tenta cortar os pulsos. Eu sei que é difícil, mas é para o bem dela, eu tenho que internar Ana. Phelipe me garantiu que a clínica de seu amigo é de confiança, e que irão cuidar bem dela. E que posso visitá-la a hora que eu quiser, um privilégio por meu amigo ser médico. Phelipe está sendo um amor, mesmo eu ofendendo ele daquela maneira no hospital. Não entendo o motivo do término, mas prometi para mim mesma não pensar sobre isso. Nossa amizade está muito boa, não quero que ela termine como o nosso namoro.

Me parte o coração ver ela sentada no sofá assistindo o desenho preferido do Jacob. Como eu quero terminar com essa depressão que Ana está passando! Apronto suas malas com um aperto no coração, não quero que isso termine assim. Só de ver essa casa tão grande vazia me entristece, sem o Chris e nem ao menos o choro do Jacob. E agora sem ela, não irei mais vê-la escrever seus livros na sala de estar. Ou cantando pelos cantos da casa, ou ver ela me chamar de Emí com um sorriso no rosto.

— Emília, você sabe se a senhorita Gonçalvez já chegou com o Jacob? — Ela pergunta suavemente, delirando como todos os dias. — Tem alguma coisa errada com o telefone do Christian, só dá caixa postal. Por isso eu odeio seu emprego. Enquanto ele se arrisca lá fora, meu coração se aperta!

Vou até o sofá e deito em seu ombro, quero que ela volte a ser a Ana Blake Clarke de antes, forte, destemida e independente.

— Você está com uma cara que aprontou, Emília! — Ela fala suavemente, fazendo um cafuné que tanto amo.

— Ana... você me perdoa?

— Perdoar o que, exatamente? Aconteceu alguma coisa com você e o Patrick? — Ela limpa minhas lágrimas, enquanto seu delírio só aumenta a cada dia que passa.

A campainha toca, sei que são eles. Estão aqui para buscá-la, e começo a sentir que sou a pior pessoa do mundo. Minhas promessas de que tudo vai ficar bem, e que ficarei ao seu lado para sempre, agora parecem apenas palavras sem valor algum.

— Christian! — Ela fala, olhando para a porta. — Espero que ele tenha pego o Jacob no parque!

Ela se levanta com rapidez e vai até a porta com a esperança de ver sua família. Mas quando ela abre, fica surpresa ao ver três homens fortes trajando uniformes brancos, e uma mulher com um terno preto. Provavelmente é a médica e diretora do hospital psiquiátrico em que Ana vai ser internada.

— Boa tarde, deve ser a Ana... — Ela fala na frente dela. — Sou a doutora Mendes, sua irmã está?

— O que vocês estão fazendo em minha casa? — Ana exclama. Vou para o seu lado para tentar acalmá-la.

— Ana, me desculpe. — falo olhando em seus olhos. — Mas você tem que ir com eles... Me perdoe, minha irmã.

— Eu não vou a lugar algum, meu filho precisa de mim. Meu marido está quase chegando... Eles já... — Ela se perde em suas palavras, como se estivesse refletindo no que dissera.

Coloco minhas mãos em seu rosto, e ela balança sua cabeça negativamente. Não aguento e começo a chorar em sua frente.

— Me desculpe... — Beijo sua testa, mas seu olhar para mim é de frieza. — Não a machuquem.

— Não, eu não vou com vocês. — Ela me empurra e me faz cair no chão. Os enfermeiros agarram ela, ela grita com raiva em suas palavras.

— Não iremos machucá-la, só iremos te ajudar. — A doutora Mendes aplica uma injeção no pescoço de Ana.

Vidas entrelaçadas - Uma luz diante das trevas Ato 1Where stories live. Discover now