Ato II Emília- Tudo ou nada

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05/10/2004. Hora desconhecida

Com um pedaço de madeira, venho marcando os dias que se passam nesse inferno. Tudo de ruim nesse lugar remete à sensação do que Ana possivelmente está passando no hospício em que a coloquei. Mesmo não crendo em um Deus poderoso, oro para Ele. Quero que Ele faça algo para me tirar desse lugar. Mas "Ele" é apenas um conto de fadas, para enganar aqueles com mentes fracas. Aquilo que o Christian disse começa a fazer sentindo. Mas por que eu estou aqui? Azar? Castigo de algo divino? Ou por não ter cumprido a promessa que fiz para minha irmã? Mas a resposta é bem simples, Patrick Boyne! Eu só estou aqui por ter ficado com ele depois que o Arthur e Ana quase morreram nas mãos de seu pai. Sempre adiei minha separação com ele. Todas as fotos de paparazzi atraíam olhares desses demônios, agora minha única esperança é ele.

Começo a andar em círculos pelo quarto e a rir do destino que a vida me reservou. Espero o Vampiro limpar a merda que fiz no canto do quarto. E trazer aquela imundice que chamam de comida. Estou enlouquecendo nesse lugar. Algo está mudando dentro de mim, como se eu fosse capaz de qualquer coisa para sair daqui. Eles não me tocam, mas dá para ver em seus olhares, me querem. Não consigo ver seus rostos, usam uma máscara de esquiar. Eles são espertos, conversam coisas sem sentido, com codinomes estranhos. E coisas que não consigo entender. Sobre suas próprias missões, sobre ir para uma ilha procurar uma rosa extinta. Talvez eu mereça morrer nesse lugar, nada mais faz sentido.

— Que se foda, irei sair desse lugar maldito — falo para mim mesma, determinada a sair daqui. — Ana, eu irei sair daqui, eu vou te encontrar...

Arquiteto planos em minha mente, olho para o quarto tentando achar algo que possa usar. Mas nada dentro desse quarto é útil, talvez se eu usar meu corpo. Espero algum tempo até que o vampiro entra na sala. Ele é um homem de pele negra, não é possível ver seu rosto, está usando uma máscara de esqui, como a maioria aqui, menos o coelho, e a mulher que usa máscara de palhaço. É baixo, não aparenta ser muito forte, o que me deixa com um pensamento otimista. Ele coloca o prato com sanduíche e o copo de água na cama. Abro minhas pernas, mostrando aquilo que o deixa hipnotizado. Ele para e olha para mim sem reação, sorrio para ele.

— Agora me diga, por que te chamam de vampiro? — pergunto, me aproximando dele. Coloco meus braços pelo seu ombro e dou um beijo ao lado dos seus lábios. Tento tirar sua máscara. Mas ele impede, me levando para a cama.

— Sua safada, está com saudade do pau do seu namorado bilionário, é? — Ele passa a mão na minha parte íntima, o que me deixa enojada. — Eu sou o vampiro porque gosto de chupar uma bu... — Coloco minha mão em sua imunda boca, o impedindo de falar.

— Não fale, me mostra o que sabe fazer — falo, levando ele para baixo. Ele aos poucos se abaixa, achando que vai usar sua imunda língua. Olho para a bandeja onde está a comida. Pego rapidamente e atinjo seu rosto antes dele fazer alguma atrocidade em meu corpo. Pego o garfo que está no prato de comida e atinjo seu olho.

Tento golpear mais uma vez com a bandeja, mas ele pega meu braço e me estapeia, me fazendo cair no chão. Ele olha para mim com raiva.

— Agora vou te foder até você gritar... — Ele começa a tirar sua calça, o que faz minha cabeça balançar negativamente.

— Com licença... — Uma voz masculina e suave entra no quarto. Quando olho para a porta, vejo um jovem homem. Veste um uniforme de faxineiro. Ele não usa uma máscara como os outros. Olha para mim com um olhar calmo, como se tudo fosse ficar bem. Mesmo não sabendo quem eu era. Ele segura fortemente seu esfregão, parecendo desengonçado com aquilo.

— Seu idiota, você não pode entrar aqui sem uma máscara. — O vampiro pega ele e o pressiona contra a parede. — É um homem morto...

— Peço minhas desculpas, eu sou novo e me mandaram limpar o corredor. — Ele fala de cabeça baixa. — Eu ouvi gritaria e entrei. Sabe, eu também estou sabendo que não pode tocar em um fio dessa garota. E vejo que seu rosto está machucado. Acho que o homem morto aqui será você.

Vidas entrelaçadas - Uma luz diante das trevas Ato 1Where stories live. Discover now