Ato II Emília - O despertar

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                                                   30/01/2004. 14:45

Por um momento, fiquei perdida em meus pensamentos, sensação comum nesses tempos. Como se meu inconsciente estivesse procurando um refúgio por tudo que está acontecendo. Maely me chama, eu consigo ouvir sua voz. Mas ao mesmo tempo eu não a escuto. Eu vi os dois vindo em minha direção, eles me abraçam e falam que tudo vai ficar bem, mas sei que não é real. Eu abraço a foto, eu queria eles, mas eles não estavam lá.

– Você está bem? – Henggo coloca seu braço em mim, me despertando dos meus pensamentos.

– Acho que preciso de água – falo meio zonza, quase caindo.

– Ei, se segura em mim! – Me seguro nele, que me leva para me sentar na cadeira da cantina. – Eu vou chamar alguém.

Seguro-o pelo braço, só pelo meu olhar ele sabia que não queria ajuda.

– Eu sei do que preciso – falo convicta, pego meu telefone e começo a discar o número do Patrick.

– Alô? Oi, meu amor...

– Está acabado... nosso namoro chegou ao fim. – Eu o interrompo e ele fica mudo. – Espero que o telefone do homem mais rico dos Estados Unidos esteja funcionado, porque eu não repetir o que eu disse.

– Você não está...

Desligo o telefone e o deixo se lamentando sozinho. Todos esses pensamentos estão me levando para um só lugar, todos eles estão mostrando que eu não posso mais ficar com ele. Que eu não posso mais sofrer, que eu preciso encontrar a felicidade bem longe dele.

– Você está bem? – Maely pergunta me abanando, eu assinto com a cabeça. E me levanto, então nós três vamos ao elevador e encontramos Sofia, Enzo e o Joey.

– O que ele tem? – pergunto, fazendo um carinho no cabelo dele.

– Parece que é só uma gripe que está vindo. Nada de mais, né, filho? – Ela dá um beijo no rosto do Enzo e olha para Henggo e Mah.

– Esses são amigos de Ana! – Faço as apresentações, e eles acenam.

Subimos até o quarto de Ana, imaginando o quanto seria bom que ela estivesse acordada daquele maldito transe. Quando abro a porta, tenho uma grande uma surpresa, que faz uma lágrima sair dos meus olhos. Eles estão aqui, Ruth, Bernardo, Alexandre e até Laura, que teve uma briga feia com Ana em suas formaturas, todos os melhores amigos de Ana. Todos eles veem em minha direção e me dão um abraço grupal, eles não são muito meus amigos, mas sempre estive com eles.

– Nossa, que bom que vocês vieram – falo com um sorriso no rosto.

– É claro, não podíamos deixar de ver nossa amiga, quem sabe com nossa presença ela não volta a ser a nossa Ana? – diz Bernardo, com um violão na mão.

– Assim eu espero. Então, pessoal, esses são Sofia, irmã de Christian, e Joey, seu marido, e seu filho Enzo. – Aponto Henggo e Mah para eles. – E esses aqui também são amigos de Ana. Sofia, esses são Danny, Bernardo, Alexandre e Laura, amigos da faculdade de Ana.

– Prazer em conhecer, pensei que só seriamos nós a fazer uma visita – disse Sofia, apertando as mãos do pessoal.

– Isso mostra como a Ana é querida por todos – comenta Danny, olhando para um desconfiado Heengo. – Você é o autor das "Árvores Mágicas do Senhor Petrus"?

Deixo eles conversando e me aproximo da cama onde Ana se encontra. Ela dorme, acaricio seu rosto e dou um beijo demorado em sua testa.

– Todos vieram aqui por você, Ana – sussurro em seu ouvido. – Te amo muito, minha irmã.

Vidas entrelaçadas - Uma luz diante das trevas Ato 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora