Ato I Emília - Horas de agonia

199 34 21
                                    


****Ouvir musica, só quando estiver avisado) A musica é opcional******

                                                19/01/2004. 22:00


Foram horas de desespero e apreensão em Búzios. Fomos com o helicóptero de Patrick até o aeroporto no Rio e entramos em seu jato particular. Foi uma viagem de treze horas até Los Angeles, a pior de toda a minha vida. Na internet não há outro assunto, só falam do terrível ataque ao Poseidon. Tem um boato dando conta de que os terroristas filmaram o filho do Nathaniel algemado em uma , deixado para morrer, e isso me assusta muito.

Patrick sempre foi um idiota e, mesmo que eu não duvide de seu amor por mim, às vezes acho que preciso ficar longe dele. Quando eu olho para ele, eu vejo um lindo homem de cabelos negros com seus olhos claros e penetrantes. Mas por trás de toda essa beleza se esconde um homem terrível que fez coisas abomináveis. Meu pai sempre apoiou nossa união, dos Clarkes com os Boynes, duas famílias poderosas que comandam empresas que influenciam o mundo todo. Na verdade, influenciavam, pois quando meus pais morreram a sociedade com os Boynes também se foi. O que aumenta ainda mais a vontade de Patrick casar comigo, para que o legado da minha família continue. O que eu não ligo nem um pouco, o dinheiro não trará felicidade para minha vida. Patrick pode ser o homem mais cobiçado pelas mulheres, mas como dizia minha mãe, eu não sou todo mundo. Eu queria um homem como os dos meus sonhos, aquele que quando eu olhar de manhã assim que eu acordar, fará meu coração acelerar, quando meus lábios o tocarem me sentirei nas nuvens. Aquele com quem terei uma família para o resto da minha vida, e com quem irei envelhecer. Mas talvez eu seja apenas uma garotinha boba.

Após horas de viagem, finalmente chegamos à cidade dos anjos, Los Angeles, aonde eu nasci e vivo até os dias de hoje.

— Ei, já estamos chegando! — ele sussurrou em meu ouvido, beijando minha testa levemente.

Estava deitada no ombro de Patrick. Eu não disse nenhuma palavra a viagem toda, mas ele entende isso.

Angel Hospital fica perto da praia de Santa Monica. Uma multidão de pessoas se aglomera na frente do hospital, todos querendo notícias de suas famílias. Eles gritam, enquanto policiais os mantém longe da entrada.

— Merda, não conseguiremos entrar.

— Emi, eu já liguei para uns contatos meus e nós vamos entrar por trás do hospital. — Eu me aproximo dele e dou um abraço forte.

— Obrigada, Pat. — Beijo sua bochecha e saímos do carro.

— Vamos, ele deve estar nos esperando. — Ele pega na minha mão e me leva atrás do hospital. Passamos pela multidão. Elas choravam e perguntavam de seus familiares e amigos. Um enfermeiro nos esperava atrás do hospital. Patrick entrega um envelope ao homem, que o pega e tira umas dez notas de cem dólares.

— Aqui estão, mil dólares — diz Patrick.

— Vem, vamos entrar — o enfermeiro fala enquanto guarda o dinheiro.

Entramos em uma sala com muitos uniformes e materiais de limpeza.

— Coloquem o uniforme. — O enfermeiro nos entrega uniformes de faxineiro para Patrick e de enfermeira para mim.

— Eu não vou usar isso! — Patrick exclama com ar de nojo.

— Tudo bem, eu vou sozinha — falo.

— Por mim tudo bem, eu que não vou usar esses trapos de faxineiro... Boa sorte. — Ele me dá um beijo na testa. — Qualquer coisa me liga.

Ele se retira, e eu coloco a roupa de enfermeira. Por incrível que pareça o hospital estava calmo, comparado com o lado de fora. Vou até a recepção e encontro uma mulher que usa uma touca de oncinha e um jaleco branco.

Vidas entrelaçadas - Uma luz diante das trevas Ato 1Where stories live. Discover now