Ato II Emília - O sequestro

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15/04/2004. 16:00

Seus lábios junto aos meus faziam meu corpo sentir atração carnal pelo seu corpo. Suas palavras alegravam minha alma como se fossem uma bela melodia. Seu corpo junto ao meu trazia uma conexão inexplicável. Ele me ajudava a enfrentar tudo que estou passando com Ana. Não conseguiria sem ele. Mas agora ele não está mais aqui. Uma semana sem dar notícias. Sem um telefonema, só para dizer um simples "eu te amo", ou "eu estou bem". Estou apreensiva, com medo de ter acontecido algo com ele. Os pais dele já ligaram para a polícia. Se acontecer alguma coisa com ele acho que minha vida desaba de vez. O Phellipe, um homem carinhoso, prestativo e que me ama, está me dando uma nova chance de recomeçar.

— É melhor você ficar calma! – Ana tenta me acalmar.

— Não tem como eu me acalmar – retruco com ignorância, olho para ela e me sinto envergonhada. – Me desculpe...

— Tudo bem. – Ela fala, colocando a mão em sua barriga.

—É hoje? – pergunto, me sentindo uma idiota. Como pude esquecer?

— Sim, mas podemos deixar para amanhã. Saber o sexo é o de menos. Agora tente se acalmar.

— Vou tentar...

O meu telefone toca. É a mãe do Phellipe. Com medo, encaro o celular e o atendo.

— Cáren?

— Minha querida, encontraram ele. – Ela fala com uma voz alegre.

Bufo de alivio quando ouço aquilo.

— Mas o que aconteceu com ele?

— Minha filha, ele foi sequestrado por bandidos. – Engulo em seco. – Meu filho foi torturado por dias, ele está hospitalizado no Angel Hospital.

— Meu Deus! – falo, horrorizada.

— Ele quer vê-la. – Ela fala e desliga.

— Ana, fique aqui com a senhora Gonçalves. – Me aproximo e dou um beijo em sua testa.

— Acharam ele? – Ana pergunta, ligando a TV.

— Sim, ele está no hospital – respondo, pegando a chave do carro na estante.

Saio de casa, ligo o carro e vou para o hospital. O mesmo hospital onde o conheci. Onde Ana e os outros sobreviventes foram atendidos. Novamente seguindo o mesmo destino, mas pelo menos eu sei que ele está bem. Eu achei que iria perdê-lo, mas me enganei, felizmente. Estaciono e vou até ele. Seu rosto está enfaixado, uma perna engessada, um braço cheio de pinos. Me aproximo de sua cama e acaricio seus cabelos, intactos.

— O que fizeram com você? – cochicho, quase chorando.

— Emília? – Ele desperta do seu sono.

— Meu amor, não faça nenhum esforço – falo, me ajoelhando ao lado da cama.

— Eles...

— Eles quem?

— Estavam mascarados... Usavam fantasias de desenhos infantis. Eu estava saindo do hotel, eles saíram de algum lugar que eu não me lembro. Eles me colocaram em um saco e me torturaram para...

— Para?

Ele para de falar ao lembrar dos terríveis momentos que viveu, e retoma em instantes.

— Eles queriam... o número do banco. Eu dei, mas eles queriam mais e mais. Eles arrancaram o meu...

Coloco a mão em minha boca, assustada com tudo que ele passou.

Vidas entrelaçadas - Uma luz diante das trevas Ato 1Where stories live. Discover now