Ato II Cody - Deus e os seus milagres

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  Já se passou uma semana dentro do bote, o que deixa o Christian preocupado. Uma semana de convívio foi o suficiente para parecer que nos conhecemos há anos. Não à toa, pois o tempo se arrasta, mal consigo dormir à noite. Além do mais, Christian ronca e fala durante o sono. Antes era a Julia, agora é pela Ana que ele chama, repete várias vezes "Ana, meu amor", e quando enfim caio no sono o Jacob chora. Pelo menos agora o Christian já acordou e o Jacob também, vou aproveitar e tirar um cochilo.

— Cody, acorda, venha rápido. — Christian estava em cima do bote.

— Eu não consegui dormir essa noite, então me deixa em paz. — Viro para o outro lado e continuo tentando dormir.

— Você vai gostar do que vai ver. — Christian insiste.

Minha vontade era de mandar ele calar a boca.

— O que é? Uma baleia, tubarões, golfinhos? Porque se for eu continuo querendo dormir. — Tudo ficou silencioso, e graças a Deus ele fechou a boca, quando sinto água salgada caindo em minha face. Abro os olhos e dou de cara com ele me olhando pela claraboia.

— Por que você fez isso? — pergunto todo ensopado.

— Você não queria acordar, e eu ainda precisava me vingar pelo farelo. Venha, suba logo.

— O que é tão importante para me acordar? Se não for o barco de resgate, você vai... — Quando olho para a frente, vejo duas inacreditáveis ilhas. Uma delas enorme. — Legal, saímos do "Titanic" e viemos para a "Lagoa Azul".

— Vem, vamos ligar o motor do bote. — disse Christian entusiasmado.

— Esse bote tem motor? — pergunto bocejando.

— Sim. — confirma Christian, indo para a traseira da embarcação.

Ele liga o motor do bote e assim chegamos rapidamente na areia da praia.

— Livre estou! — falo pulando do bote para as areias da ilha. Nossa, como é bom andar livremente, sem estar confinado num espaço limitado. Sentir meus pés na areia é maravilhoso.

— Vem, me ajude a puxar o bote. — Christian parece nervoso, eu não entendo o motivo, já que ao menos não estamos mais em alto-mar.

— Pegue a corda que está na caixa. — Ordenou Christian.

— Sim, senhor! — respondo batendo continência.

— Não é hora para brincadeiras, Cody.

— Tá, não está mais aqui quem falou. — Subo no bote e pulo dentro da embarcação. — É, garoto, achamos uma ilha, agora você pode comer frutas. Bom, se houver frutas.

— Cody, pegue minha arma também. — Christian grita do lado de fora.

— OK, pode deixar. — Pego a arma e a corda e também a caixa de sobrevivência e entrego tudo para Christian. Ele pega a corda e amarra o bote numa rocha.

— Observe o que eu faço, depois irei te ensinar algumas coisas básicas para sobrevivência. — Christian estava muito concentrado.

— Também trouxe o kit. — Entrego a maleta para ele.

— Boa. — Ele pega o facão e uma faca e os coloca em sua cintura.— Fique aqui com o Jacob, vou dar uma olhada no interior da ilha, talvez eu ache algumas frutas.

— O quê?? Vai me deixar aqui sozinho? E se essa ilha tiver canibais, ou se for uma dessas ilhas onde fazem experimentos científicos, tipo o parque dos dinossauros? — Sabia que estava viajando, só queria convencê-lo a não me deixar só.

Vidas entrelaçadas - Uma luz diante das trevas Ato 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora