Ato II Cody - Monstros, demônios, pesadelos e um anjo chamado Júlia.

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 Abri meus olhos. Eu não sabia onde estava, mas Jacob está lá com seu ursinho, com seus olhos azuis e encantadores que me fez sorrir sem motivo algum, somente por vê-lo ali vivo e sorridente. Então ele me trouxe para o bote, mas e Nathan? Ele o deixou para morrer? Ele é um monstro!

— Ei, garoto, onde está o seu pai? — Pego-o no colo, e olho ao redor do bote. É bem grande, devem caber umas quarenta pessoas, embora não muito confortável, mas totalmente seguro. Parece um casco de tartaruga, o que me deixa nervoso, pois me sinto preso. Sou claustrofóbico. Uma vez fiquei preso em um elevador e gritei igual a uma mulherzinha. Resultado: Nathan e Josh me zoaram por um mês inteiro, mas admito que foi engraçado, depois que me libertei, naturalmente.

Olho acima e vejo a claraboia aberta. Ouço um som vindo de lá.

— Droga, essa merda não funciona. — É a voz de Christian, em cima do bote.

Jacob dorme no meu colo. Deixo-o num berço improvisado, feito de coletes salva-vidas, e subo até a claraboia. Está muito calor, deve estar uns quarenta graus de temperatura.

— Está querendo virar churrasquinho? — pergunto.

— Bom dia, bela adormecida. — Christian se vira e fala comigo.

— Está mais para sequestro em alto-mar.

— Garoto, caso não saiba, existe uma grande diferença entre salvamento e sequestro. — Christian se volta e continua o que estava fazendo.

— Eu disse que iria ficar, você não tinha o direito de me trazer para cá! Eu estava errado sobre você, achei que era um bom homem, justo, uma pessoa que ajuda o próximo sem pensar duas vezes, mas estava enganado, você é um monstro! — Por um minuto, ele ficou em silêncio, o semblante concentrado.

— Se ser um monstro salva a vida do meu filho, então eu sou um monstro. Nada na minha vida importa mais que Jacob, e aquele garoto seria uma ameaça. Não me arrependo do que fiz, e não me importo com o que você acha de mim.

Talvez ele esteja certo, eu não entendo o que é um amor de um pai. Do que adianta ser um herói, se não pudermos proteger quem amamos. Então é isso que significa um amor de pai para filho. Mesmo assim é nítido que se tornou uma pessoa fria e amargurada. Mas talvez ele esteja certo, eu não entendo o que é um amor de um pai. Do que adianta ser um herói, se não pudermos proteger quem amamos.

— O que está fazendo? — pergunto.

— Tentando consertar o localizador. Sem ele não seremos resgatados. Deve ter quebrado durante a tempestade de ontem. Foi um milagre sobrevivermos a ela. — Ele se levanta. — Você deve estar com fome, vamos entrar.

Voltamos para dentro do bote. Christian vai ao berço e dá um beijo em Jacob. Depois, caminha até a ponta do bote, onde me mostra uma grande caixa.

— Vem aqui, Cody. — Ele me chama. — Nessa caixa temos tudo que necessitamos para sobreviver: comida e água para mais ou menos uns dois meses. Também temos um manual de sobrevivência, um sinalizador e um kit para pesca. . Por sorte também tem comida e fraldas para o Jacob, casacos e lençóis e um kit de sobrevivência com um facão, lanterna e outras coisas básicas.

— Mas para que usaremos esse kit? — pergunto curioso.

— Se não formos resgatados, talvez encontremos uma ilha, e esse kit vai ser muito útil. Espero que goste de biscoitos, porque é única coisa que temos para comer. — Christian me dá uma garrafa de água e biscoitos.

— Obrigado. — Pego a água rapidamente e a bebo, estava com muita sede.

— Acho que também vou dormir. Essa noite fiquei acordado, com medo de afundarmos como o Poseidon. — Christian pega outro colete e usa como travesseiro.

Vidas entrelaçadas - Uma luz diante das trevas Ato 1Where stories live. Discover now