Ato III Ana - Hospital Garden

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                                                     30/09/2004. 14:00

Cada dia que passara, meus pensamentos ficam cada vez mais complexos, o que me deixa angustiada, e almejo uma vontade dela chegar ao fim. Emi está certa, talvez eu realmente preciso de tratamento, mas se Christian retorna, enquanto eu estiver lá? Ele vai ficar preocupado comigo, e Jacob não pode ficar sem sua mãe. Quando eu fecho os meus olhos, eu consigo vê-los, Christian cada vez mais distante, e Jacob ficando sozinho e com medo. Eu não consigo suportar isso, eu preciso deles, e eles precisam de mim.

Meu corpo permanecia fraco, enquanto eu lutava para me manter acordada, o carro parou e entrou em um grande portão. Mesmo com a visão distorcida eu vi lindas flores. Era um lindo jardim com orquídeas e rosas vermelhas. E em sua frente, uma grande mansão com grandes pilares, uma grande residência contemporânea, que não se assemelhava com um hospício.

Eles me tiraram do carro e me colocaram numa cadeira de rodas, não tinha forças em minha perna. Entramos na mansão e tudo era branco, sem quadros, ou nenhuma decoração para dar vida aquele monótono salão. Passamos por um corredor que em todos os lados haviam portas. O enfermeiro me direcionou para uma sala, a cor branca não era mais uma novidade, só que nela havia quadros na parede, um quadro triste, que fazia eu comparar com minha vida, nela havia um menino chorando, parecia que aquela pintura, realmente tivesse expressando uma mista correntes de emoções bipolares. E ao lado uma pintura feliz, como vida já foi um dia, uma menina linda, com um grande sorrindo em sua boca segurando um adorável cão pela corrente. As pinturas haviam grande significados, que minha mente não conseguia interpreta-las.

Não tinha ninguém na sala, só eu e um silencio profundo, com uma grande variedade de pensamentos felizes e infelizes. Como se minha mente não conseguisse distinguir o que é felicidade, ou o que é uma tristeza. Como um ar de culpa por não querer ver mais minha irmãzinha, mesmo sabendo que ele é a única em minha vida. Acreditando que meu lindo filhinho aparecera pela porta, com o Christian o segurando em seus braços. A realidade se fizera confusa em minha mente, quando fecho meus olhos, percebo que eles afundaram quando o navio explodiu. Mas quando abro, vejo os dois sorrindo para mim.

- Olá Sr. Blake. – uma voz surge atrás de mim, tento me virar, mas ainda estou sob efeito da medicação.

Uma mulher loira com os olhos claros, com um rabo de cavalo, vestida toda de branco, sua voz era suave e serena, ela me passava tranquilidade. Ela passa por mim, e se senta em sua mesa, bem próxima a mim.

- É um prazer conhece-la, sou a doutora Mendez. Eu li uma boa parte dos seus livros. – ela esboça um sorriso forçado.

Tentei dizer algo, mas a medicação me impede. Faço um esforço, quando os primeiros versos lentamente saiam de minha boca.

- Eu ... quero... – tentei falar.

- Fique calma, não se esforce muito, o efeito do tranquilizador irá passar dentro de alguns minutos. – ela pega um bloco e uma caneta. – Por enquanto só assenta a cabeça, se sim ou se não, entendeu Ana?

Assenti minha cabeça positivamente.

- Sabe por que está aqui? – ela perguntou, me analisando por completo.

Assenti minha cabeça negativamente.

- Sua irmã me disse que tentou se matar duas vezes isso é verdade? – ela falou, e eu engoli em seco. – Não precisa ficar nervosa, está segura aqui!

Eu tentei me matar? Olhei para o lado, e olhei para a parede branca, e me lembrava que tentei pular do prédio do hospital. Mas aquilo realmente aconteceu? Se eu me matar, meu marido vai virar viúvo. Não posso deixar isso acontecer, não novamente. Outra vez minha cabeça me confundindo, não lembrava se tentei me matar.

Vidas entrelaçadas - Uma luz diante das trevas Ato 1Where stories live. Discover now