Ato II Emília - Um novo amor?!

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                                                      10/02/2004. 15:00 / 19:00

  Após longos dias naquele hospital, finalmente Ana recebeu alta. Ela continua calada, fez um prolongado tratamento psicológico no hospital, e os médicos disseram que somente o bebê a mantem de pé. A ironia é que antes do acidente do Poseidon ela queria abortá-lo, mas felizmente mudou de ideia. Com o Jacob ela sempre foi tão distante, não cuidava dele como ele merecia. Sempre dizia que era uma péssima mãe, mas nunca fez nada para mudar, e esse pensamento a fez quase matar uma preciosa vida em seu ventre. Chris queria esse filho, foi o que ela repetia quando estava tendo um pesadelo em uma noite no hospital.

E finalmente chegamos em meu apartamento. Não quis levá-la para sua casa, isso podia trazer más lembranças. Sua saúde e a do bebê são fundamentais. Talvez ele seja a única esperança para que ela volte a ser a minha Ana. Ao passar na casa dela para pegar suas coisas, encontrei flores, bilhetes e correntes de orações. Fãs, amigos e familiares, todos querendo a sua recuperação. Mesmo assim ela não esboçou nenhum sorriso durante a viagem. A senhora Gonçalves, empregada da casa de Ana, aceitou vir ao meu apartamento, ela quer cuidar de minha irmã da mesma forma como cuidou de sua casa.

Hoje foi um dia em memória das quinhentas pessoas mortas no navio. Eu queria estar lá para homenagear o Chris e o Jacob. Mas Ana precisa ficar perto de mim. As pessoas lotaram o cargueiro de onde o navio zarpou, colocaram fotos dos mortos com flores, e o memorial recebeu a visita do presidente George W. Bush e do Patrick. Como ele era o antigo sócio das empresas Fuller, representou o nome da empresa, prometendo punição para aqueles que cometeram o atentado. Nathaniel Fuller se matou dez dias depois do incidente, deixando uma carta dizendo que ele foi uma vítima e que o inimigo mora ao lado.

Patrick não me procurou mais e apareceu na homenagem com uma modelo famosa. Ele nem sequer tentou reconciliar, não que eu me importe, afinal eu é que terminei com ele. Mas mesmo assim, achei que seria mais fácil lidar com isso.

Phellipe foi um amor de pessoa nesses dias, sempre ao meu lado no hospital. Em seu horário de almoço, nós ficávamos conversando. Achei que podia rolar algo entre nós, mas Ana precisa de mim, eu não posso me comprometer numa situação dessas. O namoro só iria atrapalhar, e acho que o Patrick não iria gostar. O que estou pensando, Patrick é passado...

Comecei a cozinhar com a senhora Gonçalves, fizemos uma salada caesar para almoçarmos, e coloco o almoço na mesa de jantar. Ana estava vendo um noticiário relacionado ao Poseidon. Fui até ela e desliguei a televisão.

— Vem, vamos almoçar – chamo, pegando-a pelo braço.

— Parece uma delícia. – Ana comenta um pouco desanimada, mas eu sorri ao elogio. – Emília, chegaram flores para você!

— Flores de quem? – Vou à sala onde estavam as flores, imaginando serem do Patrick. Pego um cartão no meio delas e começo a ler.

Flores para alegrar seu dia, Emília.

Espero que goste de tulipas.

Já estou com saudades de tomarmos um café juntos.

ASS: Phellipe Rogers.

Ao ler o cartão, esboço um sorriso. Mesmo indo embora, ele se lembrou de mim.

— Quem mandou as flores? – Ana pergunta, colocando sua salada no prato. – Foi o Patrick?

Me sento ao seu lado e coloco a salada no meu prato.

— Na verdade foi o seu médico! – corrijo, sorrindo.

Vidas entrelaçadas - Uma luz diante das trevas Ato 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora